quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Caminho de Santiago

II – O Caminho das Estrelas

Já vimos que o presumível corpo de Tiago descoberto por um certo Pelágio (homem do mar) em princípios do século nono da nossa era, pode muito bem ser o corpo do bispo Prisciliano, a primeira vítima mortal da perseguição da Igreja aos que considerava hereges.
O nome de Compostela pode ter tido várias origens e, certamente, tem diversos significados. Vulgarmente Compostela quer dizer “o campo da estrela”, uma referência à estrela que teria aparecido indicando o local exacto da sepultura de Tiago. Para os alquimistas pode ser o “compost”, a estrela que se forma na superfície do crisol numa das primeiras operações da Grande Obra. Mas existe um outro significado mais secreto, em que “compost” significa “mestre”, o que dará “Mestre da Estrela”.
Este último significado, apesar de aparentemente incompreensível, relaciona-se com Tiago que, na tradição lígure, um povo que ocupou o ocidente europeu antes dos celtas, Tiago é o nome dado ao talhador da pedra, ou mestre construtor. Neste caso estamos a falar de uma época muito anterior ao advento do cristianismo.
A origem do nome “Tiago” é bem estranha pois, apesar de todas as explicações, é difícil compreender como é que Jacó ou Jacob, por muitas corruptelas que possa ter havido, tenha resultado em Tiago, que acaba também por ser uma corruptela de Santiago (Santo Iago). Este nome só existe em português ou castelhano com algumas variantes como Yago ou Iago.
Mestre Tiago, o talhador de pedra, era natural de uma aldeia dos Pirenéus, e aqui começa outra lenda que nos chega das relações que havia entre fenícios e lígures, dois povos que mantêm ainda hoje um certo mistério, pois desconhecemos realmente quem eram uns e outros, e qual a sua origem. No entanto, esta lenda parece-nos mais verosímil do que a lenda de Santiago.
Tiago era um mestre Jars, um mestre iniciado no tratamento da pedra e a lenda diz-nos que talhava a pedra desde a idade de quinze anos. Na época da construção do Templo de Salomão, este pediu ajuda ao rei de Tiro, Hiram, que era fenício, pois entre os israelitas, um povo que recentemente saíra da vida nómada e de viver em tendas, não havia quem soubesse tratar a pedra e a madeira de cedro, abundante no antigo Líbano. Hiram teria convocado Mestre Tiago e alguns companheiros para o virem ajudar na construção do Templo.
Isto acontece por volta do ano 900 antes da nossa era, de acordo com a Bíblia. Sabe-se que os fenícios mantinham relações comerciais com os lígures, que viajaram por todo o Mediterrâneo e pelo Atlântico, transpondo as “Colunas de Hércules” (Estreito de Gibraltar), e portanto, é natural que tenham visitado muitas vezes a costa da Galiza, aportando talvez a antigas cidades marítimas como Noya. Desta forma teriam tido conhecimento da existência desses mestres construtores ou talhadores da pedra. Assim, não é impossível que esses mestres construtores tenham viajado até Jerusalém para aí participarem da construção do Templo de Salomão.
No século XII, no Códice Calixtino, atribuído ao Papa Calixto II, denomina-se pela primeira vez para a cristandade o Caminho de Santiago como o Caminho das Estrelas, ou da Via Láctea, explicando que o caminho terrestre é o desenho da Via Láctea, porque a sua rota se situa exactamente sob ela, indicando a direcção de Santiago e servindo assim, durante a noite, de orientação aos peregrinos.
Antes da era cristã e da presumível descoberta do corpo de Tiago, essa rota já era um caminho de peregrinação que simbolizava a viajem do Sol de oriente para ocidente, afogando-se no oceano para lá do cabo Finisterra e voltando a renascer no dia seguinte a leste. Havia em Finisterra um templo dedicado ao Sol, o templo de Ara Solis. Actualmente, muitos peregrinos chegados a Compostela, continuam a caminhar até Finisterra, porque entendem que a verdadeira peregrinação ali termina em face do oceano, o que põe em causa, de certo modo, a definição do Caminho como exclusivamente católico.
Ainda que possamos considerar que esta simbologia solar possa estar relacionada com a influência romana pelo seu culto do “Sol Invictus”, é provável que a sua origem seja mais antiga. Embora não existem referências do Sol como divindade entre os celtas, estes celebravam os Equinócios e os Solstícios, rituais relacionados com o Sol. Há também uma clara semelhança entre este caminho solar e o culto egípcio do Sol.
Pode também ser que este culto do Sol não tenha origem celta, mas lígure. Os fenícios consideravam este povo representante da civilização ocidental. É provável que os lígures tenham dado origem a outros povos. Para alguns historiadores, os lusitanos seriam de origem lígure, e não celta. É possível também que os etruscos, anteriores aos romanos na Península itálica, tenham tido origem nos lígures.
Não se sabe muito acerca deste povo, nem da religião que eles praticavam, mas é de supor, considerando que era comum aos povos da antiguidade, que entre as suas divindades o culto do Sol tivesse um lugar importante.
Evidentemente que a Via Láctea não é uma observação exclusiva do Caminho de Santiago. Em qualquer outro lugar da Terra, desde que a noite não seja atenuada pelas luzes das cidades, temos sempre sobre as nossas cabeças esse espectáculo grandioso do mar de estrelas que parece terminar na Constelação de Cão Maior, onde sobressai a estrela mais brilhante do nosso firmamento, Sírius. No entanto, algo de estranho acontece no Caminho de Santiago.
Desde os seus primórdios, logo a seguir ao célebre Concílio de Niceia em que se estabeleceram os seus fundamentos dentro do Império Romano, A Igreja adoptou sempre duas atitudes em relação às tradições e religiões locais que ia encontrando: ou as destruía, substituindo-as pela sua própria doutrina; ou adaptava-as, sempre que se verificasse grande dificuldade em eliminá-las. Isto aconteceu por todo o lado durante os séculos em que a Igreja tinha todo o poder e dominava o mundo ocidental. Na costa mediterrânica, por exemplo, substituiu o culto de Ísis, nas suas variadas formas de expressão, pelo culto de Maria Madalena. No Caminho das Estrelas, não podendo eliminar a sua tradição, adaptou-a e transformou-a num caminho de peregrinação para a cristandade. Para isso usou de muitos artifícios que foram acrescentando detalhes à lenda para a tornar mais verosímil. É o caso da presumível “revelação” de Carlos Magno.
Carlos Magno, filho mais velho de Pepino o Breve, foi rei dos Francos, dos Lombardos e o primeiro Imperador do Sacro Império Romano a partir do ano 800, restaurando o antigo Império Romano do Ocidente. Viveu portanto numa época coincidente com a descoberta do túmulo de Tiago.
Como todo o monarca na altura, passou a vida em batalhas e conquistas. Ao fim de dezoito batalhas conseguiu um império considerável. Nessas conquistas procedeu à conversão forçada ao cristianismo dos povos dominados, massacrando os que se recusavam a converter-se. Mas talvez um dos seus objectivos principais, a conquista da Península Ibérica, nunca o conseguiu realizar.
Carlos Magno nunca se aventurou a passar para ocidente dos Pirenéus, nunca pôs os pés na Península Ibérica, mas fez-se constar que teria visitado o túmulo de Tiago e banhado a espada nas águas do Atlântico. No entanto, apesar de nunca ter trilhado o Caminho das Estrelas, no seu túmulo em Aix-la-Chapelle encontram-se esculpidas duas filas de estrelas assinalando a sua “revelação” no Caminho de Compostela.
Por estranho que possa parecer, estas duas filas de estrelas existem no terreno, mais ou menos ao longo do paralelo 42.
Se desenharmos duas linhas rectas entre a costa atlântica e a costa mediterrânica do sul de França, vamos encontrar essas duas filas de estrelas ao longo do paralelo 42. Assim, partindo da costa mediterrânica em direcção a oeste, que é o sentido do Caminho, na latitude 42º 30´ vamos encontrar “Pic Estelle” (Pico da Estrela), depois “Puig de l´ Estelle” (Monte da Estrela) e, mais a oeste encontramos o “Puig de Tres Estelles”. Continuando para oeste encontramos mais algumas povoações cujos nomes estão relacionados com as estrelas. Esta linha termina perto de Pontevedra, na ilha de La Toja.
Um pouco mais a norte, numa latitude de 42º 46´ encontramos outra fila de estrelas. Começando no leste temos “Les Eteilles”, a seguir vem “Estillon”, depois “Lizarra”, Lizarraga, todos nomes que significam uma relação com as estrelas. Esta linha passa um pouco a sul de Compostela, mas passa sobre o Pico Sacro e vai terminar em Noya.
Desconhecemos a antiguidade destas povoações, mas acreditamos que sejam mais antigas que o cristianismo, pois alguns dos nomes, como Lizarra, são em língua basca. Se não eram originalmente povoações, eram pelo menos marcos de um caminho demarcado com toda a precisão por uma ciência antiga da qual nos sobraram alguns testemunhos.
Como veremos em próximos capítulos, existe uma relação entre o Caminho de Compostela e o Antigo Egipto onde, principalmente aqui, se encontra a expressão maior desse conhecimento antigo: a Grande Pirâmide. Para além das especulações e das várias teorias sobre a sua construção, alguns dados são simplesmente fantásticos: está situada num meridiano que atravessa o maior número de terras e menor número de mares, o que pressupõe um excelente conhecimento geográfico; o côvado, que talvez tenha sido a medida usada para a sua construção, é a décima milionésima parte do raio de Terra no pólo; a sua altura corresponde à bilionésima parte da distância média da Terra ao Sol.
A hipótese das linhas do Caminho de Compostela serem obra do acaso não pode ser considerada. Não é possível que essas povoações tenham nascido exactamente ao longo do mesmo paralelo por acaso ou coincidência. Então, essas linhas terão sido traçadas em tempos remotos com determinada finalidade. Qual?
Juan G. Atienza, no seu livro sobre Compostela “La Ruta Sagrada” diz o seguinte:
“O Caminho constitui um itinerário sagrado em direcção a mitos que nos dão conta de um arcaico centro do mundo, onde se encontravam supostamente implantadas chaves fundamentais do conhecimento transcendente.”

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Caminho de Santiago

I - A Lenda

Muito se tem contado nos últimos anos acerca do Caminho de Santiago. Depois de ter sido um caminho percorrido por peregrinos na Idade Média, eis que ganhou novo fôlego mercê, principalmente, do livro de Paulo Coelho, “O Diário de um Mago”. Este livro teve a virtude de despertar em muita gente a imaginação e a busca do fantástico, como se fazer o Caminho, percorrer os seus mais de mil quilómetros a pé, operasse uma transformação profunda na personalidade de cada um. É facto que esta transformação por vezes acontece, mas limita-se a casos muito raros de pessoas realmente empenhadas na busca do seu verdadeiro Eu.
De um caminho iniciático nas suas origens remotas, transformou-se numa rota turística, levando as pessoas a fazerem-no sem saberem bem porquê, por curiosidade e porque virou moda. Para Fulcanelli, o misterioso autor do livro “O Mistério das Catedrais”, O Caminho é uma viagem simbólica que todos os filósofos e alquimistas devem fazer. Nas suas palavras, “A concha (vieira) de Compostela (…) serve na simbólica secreta paras designar o princípio Mercúrio (a água benta dos filósofos), também chamado Viajante ou Peregrino. É usada misticamente por todos os que empreendem o trabalho e procuram obter a estrela (compos stella)”.
O termo peregrino apareceu na Idade Média para designar os cristãos que viajavam até Roma ou Jerusalém para visitar os lugares sagrados ou, como auto punições para pagarem promessas ou cumprirem punições canónicas. A partir mais ou menos do século IX, Compostela passou a estar incluída nos lugares de peregrinação do cristianismo. No entanto, como veremos em próximas crónicas, o Caminho de Santiago não é de origem cristã, é muito mais antigo que o próprio cristianismo. Nesta iremos falar da lenda, ou das lendas, que há várias.
A lenda principal diz-nos que Tiago, o Maior, para o distinguir do outro Tiago, era um dos apóstolos preferidos de Jesus, juntamente com João, de quem era irmão, ambos filhos de Zebedeu e Maria Salomé. Depois da crucificação de Jesus, Tiago terá ficado em Jerusalém para continuar a obra do Mestre, tendo a sua acção provocado a ira de Herodes Agripa que terá dado ordem para o decapitarem. Não se sabe bem se morreu por decapitação ou apedrejamento, prática muito comum entre os judeus. O que é facto é que morreu em Jerusalém, e a lenda começa, justamente, após a sua morte.
Alguns dos seus discípulos meteram o corpo num barco e deixaram-no à deriva no Mediterrâneo, entregando à Divina Providência o destino dessa tumba flutuante. Foi assim que, à deriva, o barco atravessou todo o Mediterrâneo, passou o Estreito de Gibraltar e subiu pelo Atlântico, para ir encalhar na Galiza, num local chamado Iria Flávia, que depois se veio a chamar Padron, no rio Ulla.
Parece que alguns dos discípulos embarcaram no mesmo barco à deriva. Chegados à Galiza, ao reino que na altura se chamava Louve e que era governado por uma rainha que também se chamava Louve, desembarcaram o corpo e colocaram-no sobre uma pedra enorme, que se derreteu sob o corpo moldando um belo sarcófago.
Os discípulos foram pedir à rainha um local apropriado para sepultar o corpo, contando-lhe os muitos milagres que Tiago realizara, como o milagre da viagem e de terem aportado àquela costa, e o milagre da pedra se moldando para formar a tumba.
A rainha mandou-os falar com o rei de Espanha e este, ao fim de longo diálogo, acabou por autorizar que o corpo fosse sepultado naquelas terras.
Louve ficou extremamente irritada quando os discípulos lhe transmitiram a autorização do rei de Espanha. Deu-lhes então um carro puxado por dois bois para transportar o corpo e disse-lhes que escolhessem o lugar que mais lhes agradasse. Mas os bois eram dois touros bravos. Os discípulos, que não desconfiavam de nada, levaram o corpo montanha acima e deram de caras com um dragão que cuspia fogo e ameaçava matá-los. Fizeram o sinal da cruz e, imediatamente, o dragão se partiu pelo meio. Quando viram que os bois eram touros selvagens, fizeram novo sinal da cruz e os touros se tornaram mansos como cordeiros.
Então os bois, sem que ninguém os guiasse, levaram o corpo para o palácio da Louve que, ao ver os prodígios que tinham acontecido, dedicou o seu palácio a Santiago.
Esta é talvez a lenda principal, que deve muito à imaginação e fantasia. O reino de Louve, assim como a rainha do mesmo nome, provavelmente nunca existiu. Como veremos mais tarde, “Louve” tem um significado especial na tradição galaica. Não é possível, mesmo entregue à Divina Providência, que um barco saindo da Palestina à deriva possa ter atingido a costa da Galiza. O melhor que poderia ter acontecido era encalhar na praia de uma das muitas ilhas gregas, na costa norte de África, ou na costa do sul da Europa. Também não é possível que os discípulos tenham obtido autorização do rei de Espanha, pois esta não existia na altura.
Uma variante da lenda diz que, após o barco ter aportado na ria, o corpo foi transportado para uma colina que hoje se chama Pico Sacro, e aí teria sido sepultado. Depois terá sido de novo transladado para outro local chamado Arca Marmorica, perto da localidade de Amorea, e ficou esquecido durante vários séculos.
Somente no ano de 813 ou 830, no reinado de Afonso-o-Casto, o corpo foi reencontrado por um eremita chamado Pelágio, cujo nome significa “homem do mar”. Assim, por milagre, Pelágio foi informado do local onde se encontrava a sepultura de Tiago por umas luzes sobrenaturais que dançavam sobre o túmulo. Outra versão diz que se tratava de uma estrela a qual, como a estrela de Belém, teria ficado pairando sobre o local do túmulo do apóstolo. Daqui o nome de Compostela (campo da estrela).
Santiago transformou-se no padroeiro das Espanhas quando apareceu na batalha de Clavijo, em 844, travada contra os mouros, brandindo uma espada flamejante, espalhando o morticínio entre os infiéis e levando as forças do rei Ramiro à vitória, salvando para o cristianismo todo o norte da Península Ibérica.
Apesar da lenda poder contribuir para a solidificação das estruturas da Igreja na região e em todo o mundo cristão, não deixou, no entanto, de provocar algumas reticências nos meios tradicionais cristãos. Por este motivo, foi proposta uma outra variante em que os discípulos teriam transportado o corpo dos arredores de Granada, no sul da Península, tentando assim tornar mais plausível a viagem do barco á deriva, pois era mais lógico ter encalhado no sul, na costa mediterrânica, do que na costa atlântica da Galiza.
Há quem afirme também que Tiago andou pregando pela Península, acompanhado de poucos discípulos, dado o seu carácter irascível, e por um cão. Veremos mais tarde o significado do cão. É claro que esta ideia não tem qualquer base de suporte, uma vez que historicamente está estabelecido que Tiago nunca deixou a Palestina.
Uma lenda não é um documento histórico, nem é História, é apenas um conjunto de elementos retirados da tradição que vai sendo construído ao longo do tempo por via das crenças e do imaginário popular. Uma lenda não é criada por ninguém, cria-se a si própria recebendo os contributos da ansiedade, dos sonhos, da fantasia do ser humano que, espera sempre um milagre ou algo de fantástico para compensar as dificuldades da sua vida. Depois as lendas podem ser moldadas ou utilizadas para servirem a determinados objectivos. Evidentemente que o bispo de Iria Flávia, que oficializou a descoberta do túmulo de Tiago, não queria saber se a chegada do barco milagroso era verdadeira. Para ele, a lenda servia perfeitamente aos seus desígnios de transformar o local no campo sagrado onde repousavam os restos do apóstolo Tiago. É deste modo que se estabeleceu também a concha (vieira) como símbolo do peregrino a Santiago de Compostela.
Segundo algumas versões, o barco, quando encalhou na margem do rio Ulla, estava coberto dessas conchas. Segundo outras, o barco não conseguia atracar e assim, dois cavaleiros meteram-se à água para ajudar a tripulação e, quando saíram da água viram-se inteiramente cobertos de conchas.
Não importa saber que essas conchas não se fixam, não se colam a coisa nenhuma, vivem móveis na lama marinha. Mas é interessante saber que essas conchas, vieiras para os peregrinos, se chamam “mérelles”, do nome de uma aldeia marítima perto de Noya. É interessante também saber que “mérelles” significa “mãe da luz”.
Tudo isto, a viagem milagrosa, a vieira, a estrela, foi sendo acumulado para transformar o local no mais importante centro de peregrinação da cristandade, sobrepondo-se a Jerusalém pelas dificuldades e pelos perigos em demandar esta cidade.
Esta lenda tem o mesmo valor que muitas outras, como a lenda do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, ou como a lenda da busca do Graal. Não corresponde a factos concretos mas, pode conter alguns elementos de verdade, distorcidos pelo tempo, pelas crenças e pelo imaginário. De notar que o barco com o corpo de Tiago surge do mar e entra numa ria da Galiza; o túmulo foi descoberto por um homem do mar, Pelágio; o símbolo do peregrino é uma concha marítima. O mar, como veremos em futuras crónicas, tem particular importância na cultura e tradição da Galiza.
Mas, há sempre um mas nestas coisas em que uma pesquisa mais profunda revela, talvez tenha sido, efectivamente, descoberto um túmulo contendo um corpo, ou os restos dele. Só que esse corpo, com toda a probabilidade, não era o do apóstolo Tiago.
Nos seus primórdios a Igreja viu-se a braços com uma infinidade de desvios à sua ortodoxia, que foram aparecendo por todo o mundo cristão da altura. Esses desvios foram chamados de heresias e, para combatê-los, foram realizados inúmeros concílios e sínodos. Os elementos considerados heréticos não sofriam outra pena além da expulsão e excomunhão. Só mais tarde a Sagrada Inquisição passou a assá-los em fogueiras.
É muito provável que o corpo descoberto por Pelágio fosse o do bispo Prisciliano, que viveu, mais ou menos, entre 340 e 385. Prisciliano criou uma doutrina completamente diferenciada e adversa da doutrina ortodoxa. O seu movimento, que durou ainda alguns séculos depois da sua morte, foi chamado de “priscilianismo”. Era um movimento que poderíamos chamar de gnosticismo primitivo e teve forte influência na Igreja da Galiza e do norte de Portugal.
Prisciliano era acusado de artes mágicas, de admitir mulheres em igualdade de condições com os homens, nos seus rituais e nas leituras da Sagrada Escritura. Era acusado do uso de ervas para fins medicinais e praticas abortivas. Era acusado também de ser um estudioso da astrologia cabalística.
Ao fim de vários concílios e sínodos, em que se procurou trazer Prisciliano de volta para o seio da doutrina oficial da Igreja, acabou por ser condenado à morte e decapitado, no ano 385, juntamente com seis dos seus discípulos, tornando-se assim o primeiro herege justiçado pela Igreja Católica.
Existe uma clara correspondência entre a lenda de Santiago e a história de Prisciliano. Não é credível que o corpo de Tiago tenha ficado oculto por oito séculos e só tenha sido descoberto em 813 ou 830. Tratando-se de quem era, um dos discípulos preferidos de Jesus, é lícito pensar-se que as primeiras comunidades cristãs da Galiza não esquecessem o local do seu sepultamento, mas que o transformassem rapidamente num lugar sagrado de veneração. Tratando-se do corpo de Prisciliano, dada a pressão da Igreja combatendo a heresia e a perseguição aos seus seguidores, é natural que a sua sepultura tivesse sido ocultada.
O priscilianismo ficou de tal modo enraizado na consciência colectiva da Galiza e na sua tradição, que há quem chame ao Caminho de Santiago o Caminho Prisciliano de Compostela. Há até um filme realizado por Luís Bunuel com esse nome, embora o seu verdadeiro título seja “A Via Láctea – O Estranho Caminho de Santiago”.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

VI – O Amor, a Música e Considerações Finais

“Não nos parece absurdo supor que os homens serão chamados, num futuro relativamente próximo, a “mudar de estado” como o alquimista lendário, a sofrer qualquer transformação. A menos que a nossa civilização desapareça por inteiro um momento antes de atingir o fim, como é possível que tenham desaparecido outras civilizações.” (in “Le Matin dés Magiciens” de Jacques Bergier e Louis Pawels).

Não nos parece absurdo supor que o ser humano irá encontrar meios de se superar a si mesmo e de superar os obstáculos que a ilusão da matéria lhe provoca. Para o Crânio de Cristal isso só poderá acontecer quando as mentes do Um se unirem e vencerem os “Filhos de Belial”.
Como será essa batalha, esse “armagedão” final? Com que armas as mentes do Um poderão vencer? Através da energia na sua mais absoluta pureza, a energia do amor. Para o Crânio, o amor é a energia no seu estado mais puro e poderoso. Explicando melhor, “Amor pertence à compaixão do ego espiritual. É a mais alta e mais clara vibração em sua forma mais potente. Energia usada para separar a forma grosseira material da espiritual. É a energia que foi e é usada para criar vida no nosso e em outros planetas.
Infelizmente parece que não soubemos usar essa energia para criar melhores condições de vida e tornar o planeta mais bonito. Diversificámos essa energia até ao ponto do seu potencial ter deixado de existir. Fragmentámo-la de tal maneira que deixou de ter utilidade para nós.
Evidentemente que estamos a falar de uma energia e não do sentimento ou da emoção a que nos habituámos a chamar amor. Este não vem da mente, é emocional e tem a ver com atracção, com desejo, com sentimento de posse, com a noção de se pertencer ao mesmo grupo, com a noção dos laços de sangue. Aqueles que já tiveram a percepção de que amor é algo mais do que nos habituámos a considerar, falam então do amor universal ou seja, o amor por todos os seres, pela Natureza, pelo Universo. Mas o amor, como energia na sua mais alta pureza, também não é isto, é algo que talvez só muito poucos de nós tenham conseguido alcançar. O amor universal talvez seja o primeiro passo para a compreensão da verdadeira essência dessa energia.
Quando esses seres superiores vieram para a Terra, a que chamam pequeno planeta escuro, comprometeram-se a trazer-nos conhecimento, entendimento, compaixão e aquela energia que chamamos de amor, para afastar a energia negativa que havia tomado conta do planeta. Manifestaram-se, mas só podiam existir na nossa atmosfera numa vibração de som e luz. O seu sustentáculo era o som, que nós conhecemos como música.
Houve muitos que decidiram tomar a 3ª dimensão e existir num corpo físico, mantendo a luz e o som (música) dentro deles. Mas ao fim de algum tempo em que tentaram sobrepor-se à baixa vibração e negatividade do planeta, não conseguiram permanecer na matéria e decidiram retornar ao seu estado anterior. Entretanto, deixaram na Terra a vibração sonora para que fosse aceite tanto pelo negativo como pelo positivo, pelo ser grosseiro e pelo ser do Um.
A música foi-nos trazida por várias almas que precisaram de se disfarçar para serem aceites pela sociedade do seu tempo, numa luta permanente entre o seu ser físico grosseiro e o Um que vivia dentro dele. Por isso, muitos compositores famosos tiveram terríveis provações para poderem sobreviver num meio de tão grande densidade e tiveram mortes prematuras, ou sofreram de graves doenças que os conduziu à morte.
De facto, mesmo no nosso tempo, músicos que nos deixaram excelentes composições musicais, deixaram esta vida prematuramente. Muitos dos grandes compositores clássicos morreram precocemente e alguns tiveram mortes trágicas. Por exemplo, Mozart definhou e morreu com 35 anos de idade; Bach foi acometido de apoplexia e cegueira; Schuman suicidou-se aos 35 anos de idade; com a mesma idade Schubert teve tuberculose. Tratava-se de almas que tiveram grandes dificuldades em sobreviver no meio denso da Terra e das convenções sociais. Mas a sua música continua a preencher um vácuo que muitos de nós sentimos, e, ainda que percebida essencialmente através das nossas emoções, não deixa de ser um bálsamo reconfortante para a nossa mente. Dizia-se que Bethoven compunha música para os anjos, mas Mozart era a música dos próprios anjos.
Para terminar esta série dedicada às revelações do Crânio de Cristal, vamos tecer algumas considerações finais de acordo com o nosso entendimento e na perspectiva de que são, como não podia deixar de ser, muito subjectivas.
A ideia com que ficámos acerca das revelações do Crânio de Cristal é a de que se trata de um emaranhado de questões, por vezes contraditórias e nem sempre compreensíveis, pelo que suspeitamos com alguma certeza de que muitas das revelações tiveram a influência dos conceitos existentes na mente da médium. Esta influência tem a ver com a noção hoje muito espalhada por vários círculos de que a Terra chegou à recta final da sua existência e de que a humanidade tem os dias contados. A história do calendário maia e da data fatídica de 21 de Dezembro de 2012 foi o ponto de ignição que incendiou as mentes de uma infinidade de profetas amadores que viram nisso a confirmação das suas duvidosas previsões. Trata-se de uma espécie de psicose colectiva em que as pessoas parecem viver ansiosas por algum acontecimento dramático que vivifique as suas vidas. John Buchan publicou em 1910 um livro sobre centrais de energia que segundo ele, determinavam o destino da humanidade. Assim havia a central da energia fascista, que deu origem ao fascismo nas suas várias vertentes, e a central de energia comunista, que originou os vários regimes comunistas. Talvez exista hoje uma central de energia que pretende conduzir-nos para um final dramático da nossa existência.
De facto, existe um sentimento geral de que algo está muito errado na nossa humanidade, a qual parece caminhar, resolutamente, para o precipício. Previsões horríveis acompanhadas da informação acerca dos meios de salvação são difundidas por todo o mundo através, especialmente, da Internet. Se fossemos religiosos diríamos que a Internet é obra do demónio, pois é um veículo exaustivamente usado por mentes alucinadas, ou que sofrem de algum distúrbio grave.
Nós também temos a noção de que algo está muito errado, mas não embarcamos no alarmismo. Como transcrevemos no início desta crónica, acreditamos que o ser humano possa superar a situação, mudando a sua maneira de ser, o seu comportamento, perante uma realidade que se vem tornando cada vez mais assustadora.
Acreditamos que já houve outras humanidades anteriores à nossa e que pereceram, talvez por problemas semelhantes aos que temos actualmente. Mas acreditamos também que esta humanidade está num ponto superior da espiral evolutiva, ou seja, que por se encontrar nesse ponto superior talvez seja capaz de encontrar soluções que outras não conseguiram. Se isso não acontecer, provavelmente esta humanidade terá o seu fim, para vir a ressuscitar mais tarde numa outra mais evoluída, num ponto mais elevado da espiral.
Mas nem todos os males que põem em risco a vida no planeta são obra humana. Ao longo dos milénios a Terra tem vivido num equilíbrio precário, que pode ser afectado por factores que não dependem da nossa vontade. Explosões solares e outros fenómenos siderais podem provocar alterações climáticas, provocando longas eras glaciais ou períodos de notável aumento das temperaturas médias. O campo magnético que protege a vida na Terra pode mudar, como já aconteceu algumas vezes e ninguém sabe quais as suas verdadeiras consequências. Podemos ser abalroados por algum objecto vindo do exterior, como um meteoro, com trágicas consequências para a sustentação da vida. Apesar de toda a tecnologia que desenvolvemos até hoje, não temos meios de defesa em relação a alguma destas situações.
A aquecimento global, o desmatamento, a poluição, contribuem para que as condições de vida na Terra se tornem cada vez mais difíceis e, apesar das boas intenções, não se vêem medidas concretas para reverter o processo. O abandono dos campos, a concentração em grandes cidades de uma população ávida de consumo, levando a violência a níveis exponenciais, transformam a Terra num deserto super povoado em que o crescimento da população e a exiguidade de recursos para a manter se tornam, na realidade, no principal problema que temos pela frente.
Para resolver a situação apareceu uma infinidade de soluções elaboradas por supostos médiuns e gurus: o comandante “Ashtar” vem aí com as suas naves para levar os “eleitos” para outro planeta mais evoluído, deixando a maioria restante perecer numa Terra moribunda; o nosso planeta entrou, ou está entrando, no cinturão de fotões das Plêiades e todos, mas todos, vamos nos elevar a uma dimensão superior, talvez com as hélices do nosso ADN aumentadas (!?) para doze; vem aí o “planeta chupão” que levará por arrastamento as almas danadas, deixando os bons viverem numa Terra libertada da influência dos maus elementos. Enfim, são milhares de textos com as teorias mais absurdas, nas quais, por incrível que pareça, as pessoas geralmente acreditam.
O que fazer então? Segundo o Crânio de Cristal o processo poderá ser revertido quando as mentes do Um se unirem. Acreditamos sinceramente que tudo poderá ser revertido, quando a humanidade o quiser, e se o quiser fortemente. Faço minhas as palavras de Teilhard deChardin: “Não há no universo coisa alguma que possa resistir ao ardor convergente de um número suficientemente grande de inteligências agrupadas e organizadas”.

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

V – Apocalipse

Como sabemos, o Apocalipse é o último livro do Novo Testamento e terá sido escrito na ilha de Patmos por um certo João, que ali estaria detido. Aqui começa o mistério: supõe-se que este João seria o discípulo de Jesus, o “mais amado”, que teria na altura da crucificação de Jesus cerca de 17 anos de idade, e assim, podia ter escrito o Apocalipse numa idade já bem avançada; o exílio na ilha de Ptamos é o próprio autor que nos informa logo no início do texto; diz-se que a ilha de Patmos era usada pelo Império Romano para banimento de criminosos e por isso, João, acusado de heresia perante o Império, teria sido para ali banido no final do reinado do imperador Domiciano.
Bem, não querendo ser demasiadamente racionalistas, temos no entanto algumas dúvidas sobre a veracidade destes factos. Não existem referências históricas que os confirmem, as únicas referências são as do próprio João ou de alguns padres da Igreja da época em que o Apocalipse terá sido escrito. Não existem referências históricas de que a ilha de Patmos fosse uma colónia penal no tempo do Império Romano, pelo menos não as conhecemos. Os cristãos que se recusavam a adoptar a doutrina oficial do Império de adoração dos imperadores, eram condenados à morte, como alguns o foram. Então porque é que João também não foi condenado à morte? Por maioria de razão dado que ele, além de cristão era, perante o Império, um agitador.
Mas presumindo que esta história seja verídica, prisioneiro em liberdade numa ilha a uma distância segura da costa da actual Turquia, João escreve os seus textos e faz, não se sabe como, com que sejam entregues a algumas comunidades cristãs nascentes. Por isso se dirige inicialmente às Sete Igrejas.
Apocalipse, termo latino que vem do grego “apokálypsis”, significa literalmente “revelação”. Para o cristianismo trata-se de revelações sobre o fim do mundo, ou o fim dos tempos. Mas os textos são dirigidos às comunidades cristãs da época, revelando a existência do mal e as suas formas de expressão, numa previsão de combate entre o mal, caracterizado na realidade pelo Império Romano, e o bem, personificado nos ensinamentos e na pessoa de Jesus.
O imperador Vespasiano (69-79 d. C.) tinha criado a religião imperial, o culto dos imperadores mortos, atribuindo-se a si próprio títulos como “salvador”, “benfeitor”, “senhor”. O imperador que se seguiu, Domiciano (81-96 d. C.), endureceu a situação impondo essa religião imperial e exigindo o culto ao imperador vivo. Quem recusasse esse culto e seguisse uma religião diferente, era perseguido e morto. Por isso João queria exortar as comunidades cristãs a manterem-se firmes na sua fé, apesar do perigo que corriam.
Neste quadro, a existência de João na ilha de Patmos escrevendo para os cristãos, exortando-os a rebelarem-se contra as ordens do imperador, não faz sentido.
Como todos os textos proféticos, e são assim chamados porque procuram predizer o futuro, o Apocalipse tem sido aplicado a numerosos acontecimentos ao longo da História, na presunção de que esses acontecimentos estariam previstos nas palavras de João. Mas na verdade, João dirigia-se apenas ao seu tempo. Por este motivo ele diz logo no princípio que o tempo está próximo, que os acontecimentos que descreve estão para acontecer em breve.
Apesar da transposição para tempos posteriores e para os nossos dias ser abusiva e não corresponder à ideia original de João, o texto reflecte no entanto a eterna luta entre o bem e o mal ao longo de toda a história da humanidade. Há quem diga, e a ideia vive inclusive dentro de algumas escolas místicas, de que o mal não existe, que não passa da ausência do bem. Mas isto é um sofisma, o mal existe da mesma forma que o bem, além do que, os conceitos de bem e de mal são de exclusiva criação nossa, pois na Natureza eles não existem. Como falámos na crónica anterior dos “Filhos de Belial”, não é difícil com um pouco de habilidade, ler no Apocalipse o que tem acontecido ao longo do tempo até aos nossos dias.
Da mesma forma que o Apocalipse, o Crânio de Cristal, de uma forma mais subtil, sem os “efeitos especiais” do texto de João, alerta-nos para esse eterno combate quando diz que os “Filhos do Um” só poderão vencer os seres grosseiros que têm dominado o planeta, quando unirem as suas mentes e se tornarem Um. Enquanto isso não acontecer, a Terra caminha inexoravelmente para o extermínio.
Mas ao contrário de todas as previsões, o Crânio diz-nos que não haverá uma guerra atómica. Que essa ideia foi criada pelos seres grosseiros como forma de domínio, que pela ameaça pendente de uma guerra atómica e o temor que ela implica, estamos sob controle, conduzidos pelos caminhos por eles idealizados. A este respeito, a voz do Crânio insiste dizendo: “Não vejam com os olhos… ouçam com a vossa mente! Não ouçam com os ouvidos… Ouçam com a vossa mente!
Durante todo o tempo posterior à 2ª Grande Guerra, temos vivido no terror de um holocausto nuclear. Esse temor é legítimo, pois em face das numerosas armas nucleares em posse de vários governos e, talvez em posse de algumas organizações criminosas, uma vez que não se sabe exactamente o destino de algumas dessas armas após a dissolução da União Soviética, vivemos literalmente com a “espada de Dâmocles” sobre a cabeça.
A utilização de armas nucleares em guerras não é novidade para a humanidade e não se limitou à catástrofe de Hiroshima e Nagazaki. Zecharia Sitchin conta-nos num dos seus livros da série “Crónicas da Terra”, que elas foram usadas no episódio bíblico de Sodoma e Gomorra e mais quatro cidades, exterminando toda a vida na região e em toda a Mesopotâmia devido às nuvens radioactivas que originaram, dando origem provável ao Mar Morto, cujas águas se encontram a mais de quatrocentos metros abaixo do nível do Mediterrâneo e são tão densas, devido ao seu alto teor de salinidade, que não contêm nenhum vestígio de vida.
Durante todo o período da “guerra-fria” em que o mundo viveu num equilíbrio aparentemente precário entre as duas grandes potências, o Apocalipse de João foi interpretado diversas vezes como prevendo uma inevitável guerra atómica com terríveis consequências para a humanidade. Como dissemos antes, essas interpretações foram um aproveitamento oportunista do texto de João, já que ele se refere apenas ao seu tempo e às dificuldades do cristianismo nascente face ao Império Romano. Para João, a “Besta” era o imperador romano ou o Império Romano; para essas interpretações, até porque a “Besta” era escarlate, era o comunismo ou o seu dirigente máximo.
Na verdade, o perigo da guerra atómica era fictício, uma noção criada, como diz o Crânio, para nos manter sob controlo. Porque nenhum dos presumíveis contendores iria iniciar uma guerra que provocaria, com toda a certeza, a sua própria destruição, embora essa guerra estivesse, ou sempre tem estado, nos planos dos militares. Se tivessem deixado o poder exclusivamente na mão dos militares, temos poucas dúvidas de que teria acontecido um holocausto nuclear. Salvou-nos talvez o medo incrustado na sociedade civil ou, a intervenção do “santo descalço”, como referem as profecias de João XXIII. Porque para os militares a guerra é uma condição natural, pois é para isso que eles existem, na presunção da defesa dos seus territórios mas, na realidade, essa defesa pode tomar facilmente o carácter de agressão.
Para podermos entender um pouco a mentalidade militar, lembremos a 1ª Grande Guerra, considerada a mais estúpida de todas as guerras. Tratou-se apenas de uma espécie de jogo mortal entre os militares de um lado e do outro, estabelecendo planos de batalha com total desprezo pelas baixas que causariam às suas próprias fileiras, pois o que importava era o seu ego, expresso em estratégias que beiravam a completa loucura. Ninguém sabe exactamente porquê que houve essa guerra, nem quais eram os objectivos a atingir. No terreno lamacento ficaram milhões de mortos, testemunhas silenciosas da imbecilidade a que o ser humano pode chegar.
O Crânio de Cristal insiste, dizendo que o grande perigo para esta humanidade não está na guerra atómica, que não haverá, mas na utilização do som como arma destruidora, e que essa arma já tem sido testada.
Jean-Paul Sartre, um dos ideólogos do existencialismo que teve a sua maior expressão em França nos anos quarenta e cinquenta do século passado, recusava o direito à existência da bomba H. Para ele a bomba H era contra a História, pois esta seria o movimento das massas em direcção ao poder. Este, nas mãos de uma elite reduzida, alguns sábios, políticos e militares, controlariam o movimento das massas, retirando-lhe a possibilidade de se emanciparem e tomarem o poder.
O desarmamento nuclear, política em curso nos últimos anos entre os EUA e a Rússia, não passa também de uma ficção. Reduzir o armamento não resolve a situação. Esta só seria resolvida se o desarmamento implicasse a destruição de todas as armas, que não é o caso. Possuir dez mil armas ou mil armas apenas, não reduz o perigo de uma guerra, os efeitos seriam sempre os mesmos.
Enquanto andamos distraídos com estas questões nucleares, laboratórios secretos vão criando outras armas, mais subtis mas talvez mais perigosas. Esperemos que não venham a cair em mãos erradas e que fiquem, indefinidamente, escondidas nos locais em que estão.

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

IV – Os Seres Grosseiros e os Seres do Um

O Crânio de Cristal fala-nos repetidamente da existência de seres grosseiros e seres de luz, que os primeiros dominam e dominarão a Terra, até que os seres de luz tomem consciência, se unam e vençam o estranho combate entre as trevas e a luz.
Edgar Cayce, o controverso médium americano que viveu no início do século passado (1877-1945), já nos tinha falado que o ser humano se encontra dividido entre os “Filhos do Um” e os “Filhos de Belial”.
O “Um” significa a unidade cósmica, a consciência de sermos todos um, que tudo é um. O Crânio diz-nos que quando passamos o umbral da morte entramos nessa unidade, onde podemos aprender e purificar-nos, antes de empreendermos uma nova aventura no mundo das experiências da 3ª dimensão, reencarnando num novo corpo físico.
Belial, sob diferentes formas, é referido no Antigo Testamento da Bíblia mais de vinte vezes, como um ser iníquo, um anjo caído, um homem maldoso, falso, corrupto, ao serviço de Satã em oposição a Javé. Ele é o chefe dos demónios, o promotor da luxúria, da loucura, de tudo quanto se opõe ao bem enunciado por Javé. Nos manuscritos do Mar Morto, de Qumrã, ele é a personificação de Satanás em combate cósmico contra Deus. É também referido por Paulo na sua segunda carta aos Coríntios (6.15): “Que harmonia pode haver entre Cristo e Beliar? Que relação entre quem acredita e quem não acredita?”
Belial, mais conhecido como Baal, é, na tradição hebraica herdada pelo cristianismo, a personificação do demónio, de todo o mal, de tudo quanto se opõe a Javé Deus.
Mas o Crânio de Cristal não personifica Deus, denomina os “Filhos de Belial” como seres grosseiros, distantes da luz, em oposição aos seres do Um, próximos da luz. E diz que os seres grosseiros são em muito maior número do que os do Um, pois encontram na Terra, devido à sua baixa e escura vibração, condições ideais para encarnarem, vindos de encarnações anteriores, ou mesmo de outros planetas, atraídos pela baixa vibração do nosso planeta. Estes seres grosseiros são seres sem mente, ou não a reconhecem, no entanto inteligentes e dominam a Terra, sendo responsáveis pelas condições precárias de sobrevivência do planeta. Quando passam pelo umbral da morte procuram reencarnar rapidamente devido ao seu desmedido apego à 3ª dimensão, ao mundo físico, para repetirem os mesmos erros do passado e reviverem as mesmas experiências do passado. Dominam a Terra estabelecendo as regras da sociedade através da política e da religião. Contra isto os seres do Um pouco podem, porque não estão unidos.
Trata-se de um estranho combate entre a luz e as trevas, em que estas vão vencendo sem muita oposição. De facto, e não falando ainda de política, não podemos deixar de notar que algumas escolas filosóficas que orientam os seus membros para a busca do bem, da luz, se submergem sob a vaidade e o ego dos seus dirigentes, perdendo força e o objectivo original para que foram criadas. Por outro lado assistimos impotentes à proliferação de inúmeras igrejas e seitas, que não são mais do que a expressão do ego inflado dos seus promotores que, por este meio e falando sempre em nome de Deus, buscam apenas a riqueza, as posses materiais, o dinheiro.
Tudo isto acontece com o apoio da política, que numa atitude hipócrita e consentânea com esses cenáculos pseudo divinos, os isenta de impostos e taxas, e inibe qualquer questionamento sobre a sua validade na sociedade através do paradigma criado de que “religião não se discute”.
Os seres grosseiros reconhecem-se, diz o Crânio de Cristal, pelos olhos, pela profundidade do olhar, fazendo lembrar aquele ditado que diz que os olhos são o espelho da alma. Eles têm dominado a Terra desde a mais remota antiguidade, desde quando os seres que aqui chegaram e nos deixaram vários artefactos e registos da sua sabedoria superior, partiram, foram embora para as suas orbes, desistindo da luta inglória de elevar espiritualmente, de encaminhar para a luz, aquele ser rastejante que aqui encontraram e transformaram num ser humano com todas as potencialidades dos seus criadores.
Por outro lado, não foram apenas esses seres superiores que nos habituámos a chamar deuses, que vieram para a Terra. A grande densidade e a baixa vibração do planeta, factores que permitem a 3ª dimensão, têm atraído seres de baixa frequência vibratória, em que a materialidade se torna no objectivo absoluto. Nestas condições é muito difícil aos seres do Um emergirem deste poço escuro vibratório e promoverem o resgate das mentes que se encontram perdidas no mar da materialidade. A maior tragédia resultante desta situação tem sido a terrível exploração do ser humano por outros seres humanos ao longo do tempo, e também, como consequência a depredação das condições vitais do planeta sob a falsa alegação de desenvolvimento. Este resume-se ao desenvolvimento material e não concebe outra forma de evolução senão através dos avanços tecnológicos, tornando a sociedade prisioneira de valores injustos que a oprimem e não a deixam libertar-se.
Para além da depredação da vitalidade do planeta, as consequências desta situação estão à vista de todos e só não vê quem não quer ver. Hoje, aparentemente, a negatividade do nosso passado está ultrapassada. Já não há mais guerras de conquista ou em nome de Deus. Não!? Já não existe a escravatura do ser humano, salvaguardado na sua liberdade por uma coisa chamada “direitos e garantias do cidadão”, em vigor em grande parte do mundo actual. Graças ao advento das democracias, que para muitos terá tido a sua génese na Revolução Francesa nos finais do século dezoito, a maioria dos seres humanos beneficiam da liberdade que lhes permite se auto promoverem e desenvolverem, uma vez que a opressão das ditaduras se tem vindo a desvanecer e a transformar-se em memórias tristes de um passado recente.
Mas será que é assim? Talvez não, pois os “Filhos de Belial” continuam no comando, dominando e estabelecendo as regras e as leis que regem a nossa civilização. A sua maior obra, para além dos sistemas políticos que engendraram, os quais, salvo raras excepções, estão imersos num imenso mar de corrupção, é o sistema económico vigente em todo o mundo, promovendo acumulação ilícita de riqueza, criando terríveis desigualdades entre os seres humanos, que continuam assim a ser explorados, ainda que de uma forma menos dolorosa, mais subtil. A recente crise financeira internacional veio provar que quem de facto governa o mundo, de “cartas marcadas”, não são os governos, são os bancos. Os governos são marionetas nas mãos do sistema bancário internacional. Por isso, quando da crise criada artificialmente para atingir objectivos obscuros, os governos correram a emitir imensas somas de dinheiro para salvar os bancos e as instituições financeiras da falência, uma coisa nunca vista em tempo algum.
Na verdade tudo não passou da emissão de papel, de certificados, de títulos de dívida, pois a riqueza traduzida em dinheiro não corresponde a nada de concreto, apenas a declarações de dívida. Hoje, toda a gente deve a toda a gente, e é preciso continuar a consumir para não derrubar o sistema, que não passa, na realidade, de um “castelo de cartas”. A comunicação, através dos seus órgãos como os jornais, televisão, rádio, publicidade, propaganda, é um veículo ideal para a manutenção desta situação, e nisso tem-se esforçado bastante. De facto, vivemos hoje naquilo que se poderia chamar de ditadura económica.
A acção dos “Filhos de Belial” estende-se a todos os campos. A justiça, os tribunais, coisa em que poucos ainda acreditam, perde-se num emaranhado de leis e regulamentos, onde o mais esperto sobrevive e o inocente se vê muitas vezes enredado em situações que o transformam em vítima de um sistema injusto. A este respeito, lembramo-nos de um diálogo publicado em 1910, no livro “A Central de Energia” da autoria de John Buchan:
“- Evidentemente, disse eu, há inúmeras vigas mestras na civilização, e se as destruíssemos seria o seu desmoronamento. Mas elas aguentam-se bem.
- Não muito… Pense que a fragilidade da máquina se torna cada vez maior. À medida que a vida se complica, o mecanismo torna-se mais inextricável e por consequência mais vulnerável. As vossas supostas sanções multiplicam-se tão desmedidamente que cada uma delas é precária. Nos séculos de obscurantismo existia uma força única: o medo de Deus e da Igreja. Actualmente há uma infinidade de pequenas divindades, igualmente delicadas e frágeis e cuja única força é devida ao nosso tácito consentimento em não as discutir.”
Alguém em 1910 previu como seria o mundo dali para a frente e não se enganou, porque o que está dito nesse diálogo aplica-se hoje a todos os campos da nossa sociedade – as coisas importantes não se discutem.
A violência oprime os grandes centros urbanos e tem vindo, recentemente, a estender-se aos pequenos centros. Psicólogos de teorias duvidosas, em que se procura explicar e justificar o infractor, em vez de se proteger as eventuais vítimas, exercem a sua influência para que a situação continue a degradar-se, sendo a nosso ver os principais responsáveis por uma certa inversão de valores que tem vindo a envenenar a nossa sociedade.
Segundo a voz do Crânio de Cristal, para que a actual situação possa ser modificada no sentido de tornar o mundo mais justo, de se estabelecer o respeito pela natureza e pelo planeta, de se criarem condições para que a vida se torne mais gratificante e a exploração cesse, será necessário que as mentes do Um se unam e comecem o “bom combate”, vencendo os “Filhos de Belial”. Enquanto isso não acontecer, a Terra caminha inexoravelmente para o extermínio.

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

III – O Som, a Luz, o Tempo e outras coisas – 3ª parte

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”
É com estas palavras que começa o Evangelho de João, em tudo diferente dos outros três e considerado o mais hermético deles. Mas as frases acima constituem o que de mais misterioso podemos encontrar no Novo Testamento. Evidentemente que há interpretações, as oficiais e as outras, mas essas interpretações, por um lado são absurdas, por outro lado não explicam nada.
Como interpretações absurdas são as recentes publicações da Bíblia em que se substituiu “verbo” por “palavra”. Para comparação com as frases acima, transcrevo o que encontrei numa edição pastoral da Bíblia: No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.”
Este é um bom exemplo de como se consegue deturpar completamente um texto, retirar-lhe todo o sentido e transformá-lo em algo ridículo, sem significado. Porque o “verbo” não é a “palavra”, pois esta não passa de uma expressão verbal. O Verbo é algo mais, é algo muito diferente do que as habituais ladainhas que se ouvem nas igrejas. O Verbo poderia ser, em nosso entender, algo como um som primordial, algo que os budistas e outras escolas filosóficas procuram na entoação de mantras. Por algum motivo a entoação de certos mantras, quando correctamente executada, tem efeitos curativos sobre o corpo humano e, naturalmente, sobre toda a Natureza.
O Verbo pode ainda ser o poder do pensamento, o poder da mente, e não a manifestação física de uma dada vibração. Porque, como já vimos antes, só o pensamento é criador. Quando o pensamento passa à condição de palavra, perde potência e capacidade de criar seja o que for. Por este motivo, o Crânio diz-nos que a oração é um importante veículo de contacto com os seres superiores, mas quando a oração se resume à expressão da mente através do pensamento. Quando uma oração se transforma em palavras, lá temos a tal ladainha, perde completamente a sua eficácia.
Se entendermos que Verbo não é um som, mas que seja o puro pensamento, a pura energia da mente, talvez esse início do Evangelho de João comece a fazer sentido. Assim, se substituirmos “Verbo” por “Pensamento”, e “Deus” por “Mente”, então todas as coisas foram feitas por ele (pensamento), porque ele estava com a Mente, ele era a Mente. A luz resultante e que é a vida dos homens não será mais do que o conhecimento, não a inteligência, porque esta pode ter luz ou não, e não provém, necessariamente, da pura energia da mente.
Aceitamos que esta ideia é altamente polémica, mas é a nossa interpretação do hermetismo de que se reveste o início do Evangelho de João. Concorda com alguma tradição e concorda, neste momento, com as revelações do Crânio de Cristal. Se houver uma interpretação melhor, gostaria de a conhecer.
A mente, como já foi demonstrado pela Física Quântica, é o elemento criador, ela pode criar matéria, ou reunir matéria já existente sob a forma de átomos livres, associando-os e criando algo material. Entendidas as coisas desta forma, talvez nunca tenha havido o famoso e celebrado pelos cientistas início de tudo como um “big bang”, uma explosão tremenda de toda a matéria concentrada num único ponto, dando assim início ao universo que conhecemos ou, melhor, ao universo tridimensional. A teoria do “big bang” é, em nosso entender, uma teoria falhada, porque ninguém consegue explicar onde, em que dimensão, em que estado, em que vibração, em que espaço, estava esse ponto. É tão falhada como a teoria do Deus criador, do Deus pessoal, tão doutrinada pelas religiões e por certa filosofia. Porque nessa altura a pergunta óbvia seria: então quem, ou o quê, criou Deus?
Se não houve nenhum “big bang”, o universo não teve nenhum início, como se procura estabelecer no tempo em milhares de milhões de anos. Provavelmente tudo não passou da criação da Mente, da Mente Universal, um conceito que temos, naturalmente, dificuldade em compreender no estado físico em que nos encontramos. Daí o Deus pessoal, criador de todas as coisas e supervisor mor de tudo quanto fazemos, ser de mais fácil aceitação para a nossa limitada inteligência. Mas há, felizmente, aqueles que já ultrapassaram esta limitação e têm uma ideia superior do conceito de Deus, embora não a consigam explicar ou demonstrar. Talvez só quando passarmos o umbral conhecido por morte possamos ter uma ideia mais aproximada da verdadeira essência de todas as coisas.
Quem pôde assistir aos primeiros episódios da série de televisão “Taken” (abduzido), filmados por Steven Spielberg, um realizador de cinema há muito interessado nestes assuntos, viu uma clara demonstração de como a mente é criadora. Para quem não assistiu a essa série, damos um resumo da história:
Trata-se de uma menina de uns dez ou doze anos de idade. Um dos pais teria sido abduzido e levado para uma nave extraterrestre. Por este motivo, a menina nasceu com dotes extraordinários, com uma capacidade mental extremamente poderosa, pois conseguia mover objectos à distância. Claro que o governo americano toma todas as medidas para sequestrar a menina e retirá-la do contacto com as outras pessoas, inclusive os seus pais. É levada para um local remoto, uma antiga fazenda, e à sua volta é estabelecido um grande aparato militar pois, naquela zona apareciam frequentemente objectos voadores estranhos. Durante dois ou três dias nada acontece. Mas ao fim do terceiro ou quarto dia, já noite, aparecem no céu várias luzes que se aproximam e se unem umas às outras, formando uma enorme nave que vai aterrar com grande estardalhaço no meio daquele aparato militar, que abre fogo sobre a nave sem quaisquer resultados.
No dia seguinte de manhã os militares espantados verificam que a nave já não está lá, que tinha desaparecido. Depois de mais algumas peripécias, acabam por chegar à conclusão de que a nave tinha sido uma criação mental da menina para atender a necessidade geral que ela sentia naqueles homens todos de ver uma nave extraterrestre. Como sentia um grande desejo e uma grande ansiedade, ela tinha criado a nave para atender esse desejo e ansiedade. Depois limitara-se a fazê-la desaparecer, também por força da mente.
Voltando ao Evangelho de João, a última frase em que diz que as trevas não compreenderam a luz, perde a sua natureza hermética e passa a fazer sentido se fizermos as substituições que acima indicámos e em que luz significa conhecimento. De facto as trevas são a ausência de tudo e, como tal, não podem compreender, porque não têm mente nem conhecimento.
A uma pergunta sobre se a mente é a alma, o Crânio respondeu que a mente é o veículo da alma. Este conceito é o mesmo dos rosacruzes sobre o Cósmico, em que este não é Deus, mas a sua manifestação.

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

III – O Som, a Luz, o Tempo e outras coisas – 2ª parte

A Terra caminha rumo ao extermínio, como dissemos na 1ª parte, pois de acordo com a informação do Crânio, esse extermínio dar-se-á quando os pólos magnéticos mudarem. Esta mudança pode tratar-se de uma inversão de polaridade, passarmos a ter o norte no lugar do sul e vice-versa ou, pode tratar-se de um deslocamento para leste ou oeste, o que não é provável porque a polaridade é criada pela rotação da Terra. De qualquer das formas será uma enorme complicação.
Acreditando ou não neste aviso do Crânio de Cristal, é facto de que nos últimos anos têm surgido evidências científicas de que o campo magnético da Terra está a mudar. É um processo relativamente lento, mas já vem acontecendo há alguns anos. Este processo é natural, não tem nada a ver com a acção do homem sobre a Natureza, pois acontece periodicamente com qualquer planeta, e já aconteceu com a Terra diversas vezes. É provável que o desaparecimento dos dinossauros, por exemplo, tenha relação com este fenómeno, embora não seja de descartar a hipótese de um meteoro que teria mergulhado a Terra numa penumbra gelada durante largo tempo.
Ninguém sabe, exactamente, o que origina o campo magnético da Terra. Teorias do passado em que diziam que ele tinha origem no magma ferroso do centro do planeta foram descartadas devido à elevada temperatura desse centro, impróprio para a existência de um campo magnético. No entanto ele existe, está em constante mutação e protege-nos do bombardeamento de partículas do espaço extremamente nocivas para a vida. Está em constante mutação porque os seus pólos vão variando de distância em relação aos pólos geográficos e a posição do pólo sul é ligeiramente diferente da do pólo norte.
Também ninguém sabe, exactamente, quais as consequências para a vida no planeta, no caso de uma inversão dos pólos. De uma forma simplória podemos ser levados a pensar que essa inversão não teria maiores consequências senão passarmos a chamar norte ao que era antes sul, e sul ao que era norte. O problema é que ninguém sabe também, quanto tempo levaria essa inversão. Como o campo magnético forma um escudo em redor da Terra que nos protege dos raios cósmicos e outras partículas, o que aconteceria, se durante um espaço de tempo ficássemos privados desse escudo? Provavelmente a vida seria praticamente exterminada da face do planeta.
No entanto, por qualquer processo misterioso, há sempre sobreviventes. É um dado adquirido que, mesmo nas piores condições de explosões nucleares, há sempre pessoas, animais e plantas que sobrevivem, não se sabe porquê. Isto leva-nos à história do “porco 14” contada por Louis Pauwels e Jacques Bergier no livro “O Despertar dos Mágicos”. Numa experiência atómica francesa realizada num atol do Pacífico foi colocado como alvo um barco contendo vários animais. Na explosão nuclear que se seguiu, o barco foi completamente vaporizado mas, um dos animais, o porco, que tinha o número 14, foi atirado pela explosão a grande distância. Nadou para terra, sobreviveu sem nenhuns vestígios de radioactividade e procriou naturalmente.
Assim, acreditamos que mesmo na ausência desse escudo protector, a vida na Terra poderá, de alguma forma, ser preservada. O aquecimento global, o desmatamento, a poluição, o envenenamento das águas e outras depredações que temos vindo a fazer num total desprezo pela Natureza, acabam por ter menor importância em face de uma ameaça perante a qual pouco ou nada poderemos fazer.
Evidentemente que a vida, na sua essência, não será exterminada, apenas a sua manifestação material será destruída pois, como já dissemos antes, a vida continua e voltará a manifestar-se logo que as condições do planeta retornem à normalidade. Mas isto é consolo para poucos, a maioria entende a vida, exclusivamente, como a sua manifestação material, vive aterrorizada pela ideia da morte, não compreende que se trata apenas da morte do invólucro material.
O Crânio alerta-nos para o perigo da manipulação do som. Diz-nos que temos procurado tecnologias que, nas mãos de inteligências erradas, acarretariam a destruição do planeta, pois existem já tecnologias que podem desintegrar a matéria.
Como sabemos, o som pode ser audível pelo ouvido humano, ou não, porque o som, sendo o resultado da vibração de determinado instrumento, que depois se propaga, também como vibração, pela atmosfera, tem uma escala que vai do mínimo inaudível até ao máximo insuportável.
Quem se lembra da escala musical sabe que existem 7 notas (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si), que se podem repetir numa escala normal 9 vezes, quer dizer de sons mais graves até sons mais agudos. Mas para cima destes sons agudos, há os cada vez mais agudos, correspondendo a vibração mais elevada, até chegarmos a ultra sons. Para baixo da escala, vamos descendo para sons mais graves até atingirmos os infra sons. O ouvido humano é capaz de ouvir uma porção muito restrita dessa escala, o que não quer dizer que o som não exista.
O som pode destruir a matéria, são conhecidos vários casos de cantores cuja voz atinge tal vibração que estilhaça cristais e tudo quanto seja de vidro à sua volta. A bíblia refere que o som de trombetas foi usado para derrubar as muralhas de Jericó.
Em relação ao aviso do Crânio de que a manipulação do som pode destruir o planeta, na verdade ele é actualmente omnipresente, está em toda a parte e preenche completamente a nossa atmosfera. Até há bem pouco tempo, o som, como produto da manipulação humana, era praticamente inexistente, ou existia em forma muito reduzida. Quando se fala tanto em poluição atmosférica e na sua contribuição para o aquecimento global, ninguém fala da poluição sonora.
Todo o movimento produz som, todo o artefacto produz som, a própria electricidade produz som pois, se não fosse assim, não ouviríamos nenhum trovão que se segue ao raio durante uma tempestade. Mas há mais: o tráfego de veículos, os motores e o próprio rolamento desses veículos produz som; as ondas hertzianas de rádio e televisão produzem som; os telefones, os milhões e milhões de telefonemas a cada hora que passa, produzem som; o tráfego aéreo de aviões produz som. Milhões de antenas estão espalhadas pelo planeta para permitirem as comunicações telefónicas móveis (celulares). Centenas de satélites de comunicações bombardeiam permanentemente o planeta com som. Tudo isto configura uma tremenda poluição sonora, da qual só tomamos consciência quando procuramos um pouco de silêncio. À falta de silêncio exterior, resta-nos o silêncio interior.
No entanto, o som também tem vindo a ser cada vez mais usado para tratar doenças e substituir em alguns casos as tradicionais cirurgias. Mas o Crânio avisa-nos de que isto é verdade, que o som pode ser usado para curar, mas que a Terra está rodeada de uma rede de satélites que bombardeiam o planeta com diferentes níveis vibratórios, produzindo doenças estranhas e ainda muitas delas desconhecidas.
Este bombardeamento está a causar fortes alterações na vida marinha, por exemplo. Para terminar esta parte transcrevemos algo que achamos ainda, de certo modo, incompreensível:
“Damos a vocês o pensamento de que o que está sendo bombardeado sobre o planeta Terra está causando um crescimento da vida. Vocês precisam ser advertidos quanto a isso. Estão matando a vida marinha e causando o que é grosseiro, e destruiriam o vosso sistema de vida, para ficarem mais abundantes sobre a Terra. Estão matando a vossa vegetação, que dá alívio ao corpo etéreo. Estão deixando que mais uma vez os seres grosseiros dominem”.

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

III – O Som, a Luz, o Tempo e outras coisas – 1ª parte

Será que nos lembramos das experiências de encarnações passadas, mas não temos consciência disso?
Será que o tempo, como realidade, não existe, ou existe apenas na 3ª dimensão?
Qual o valor da palavra enquanto som expresso através da vibração, e qual o valor da palavra escrita?
Outras perguntas além destas, iremos colocar ao longo desta crónica, não como forma de pergunta ou dúvida, mas como resposta abrangente da nossa interpretação das revelações do Crânio de Cristal.
A mente, que muitos poderão entender como alma, é a geradora dos pensamentos, e estes, sejam positivos ou negativos, são sempre criadores – nós criamos tudo pelo pensamento. A mente não é afectada pelas emoções do corpo.
Aqui parece haver uma contradição pois, aparentemente, as emoções se confundem com os pensamentos ou, serão estes que as geram. Mas não, os pensamentos, como produto puro da mente, não geram as emoções. Estas só podem surgir na 3ª dimensão, na matéria que é o corpo, e são como que um reflexo das necessidades materiais e do desejo de experimentar.
Isto pareceu-nos realmente confuso, pois sempre achámos que pensamentos e emoções eram algo intimamente ligado, que muitos pensamentos poderiam ter origem em emoções sentidas. Foi quando alguém nos falou nos psicopatas que começámos a entender melhor. De facto, para além das definições psiquiátricas, o psicopata é alguém que não tem emoções, é mente pura e simples. Ele não tem sentimentos de culpa, por muito mal que tenha feito. Normalmente os psicopatas são criminosos, porque não recuam perante seja o que for para atingir os seus objectivos, os quais, normalmente, não se coadunam com as regras da sociedade. Mas os psicopatas não são apenas aqueles criminosos conhecidos, responsáveis por alguns horrores no mundo da criminalidade. Há os outros, aqueles que não cometem crimes visíveis, mas que dominam através apenas da mente. Um psicopata pode ser um grande gestor financeiro, um alto dirigente político, um líder carismático de uma igreja.
Portanto, emoção não é pensamento. Os pensamentos são gerados pela mente como energia pura, as emoções são geradas pelo corpo como energia “grosseira” (voltaremos mais tarde a este termo). Como energia pura os pensamentos não sofrem dos conceitos de bem e de mal. Eles agem simplesmente como acção criadora. A Física Quântica confirma isto quando diz que o comportamento de um átomo pode ser influenciado pelo ponto de vista do observador. Ou seja, o comportamento de um átomo pode ser influenciado pela mente, pois só esta é criadora.
O sono é um alívio da mente da pressão da 3ª dimensão. O sono foi introduzido nos seres que vieram para a Terra e aqui tomaram o corpo físico, e nos seres que já aqui estavam, para que pudéssemos compensar o que foi feito enquanto a mente estava dentro do corpo. Este mecanismo do sono foi programado no cérebro e nas células. Julgo que esta programação não se refere apenas aos seres humanos, mas a todos os animais, pois todos dormem. Para além do descanso, permite à mente libertar-se do espaço da 3ª dimensão (espaço da matéria).
Durante o sono temos possibilidades de aprender e progredir, se assim a nossa mente o quiser, naquilo que chamamos de “viagens astrais.” O sono propicia à mente, não só de se libertar das “amarras” da 3ª dimensão, como do condicionamento do tempo pois, fora das três dimensões, o tempo não existe. E assim, a mente expande-se a partir de si mesma.
Esta ideia de que o tempo não existe fora da 3ª dimensão pode ser facilmente demonstrada pelas nossas próprias experiências. De facto, muitas vezes sonhamos sonhos longos e acordamos com a noção de que devemos ter passado a noite a sonhar. No entanto, como já foi diversas vezes confirmado por experiências científicas, esse sonho longo não durou mais do que dois ou três minutos. A noção do tempo é perdida quando sonhamos.
Diz-nos ainda o Crânio de Cristal que, durante o sono, muito é aprendido, muito é ganho, e muito é purificado e refinado mas, para que isso aconteça, é preciso que a mente o queira fazer, o deseje fazer. É durante o sono que podemos ter acesso a tudo o que aprendemos em encarnações anteriores. A passagem desse conhecimento “passado” para a nossa 3ª dimensão, pode manifestar-se através da intuição, da inspiração, do génio. Muitas vezes nos perguntamos como é que algumas pessoas, às vezes crianças, aparecem com ideias geniais, onde é que foram buscar essas ideias. A inspiração também constitui um mistério, pois não sabemos de onde ela aparece. O Crânio diz-nos que é durante o sono que isso tudo nos é facultado, desde que, a mente queira de facto aprender. A aprendizagem e a transposição para o plano material acontecem por vontade única da mente.
Portanto, podemos afirmar que sim, que nos recordamos das experiências de vidas passadas. Só que, talvez na maioria dos casos, aparece uma espécie de bloqueio quando não conseguimos lembrar-nos do que sonhámos. No entanto, quantas decisões tomamos, quantos problemas conseguimos resolver, apenas por algo que ficou registado na nossa mente, do qual não temos consciência… É bem verdadeira aquela ideia de que quando temos um problema sério para resolver, o travesseiro é o nosso melhor conselheiro.
Agora vamos abordar uma coisa muito complicada para o nosso entendimento: o tempo. Já vimos que ele só existe no mundo da matéria, que para além da 3ª dimensão é inexistente.
Segundo a voz do Crânio de Cristal, “o conceito de tempo e relatividade foi colocado na consciência daqueles que governam e daqueles que podem destruir.” De outro modo, “a dimensão que entendemos, de velocidade e luz e mudança de energia vibratória, é a nossa (deles) compreensão do tempo devido ao tedioso progresso dos pólos magnéticos da Terra rumo ao extermínio”.
Parece, por estas últimas palavras, que não temos salvação, que a vida, tal como a conhecemos e entendemos na Terra, será exterminada quando os pólos magnéticos mudarem. Quando isto acontecer, de novo a voz do Crânio, “vocês entenderão mais profundamente que o tempo foi criado, de facto, por uma inteligência superior, como forma de controlo sobre o cérebro e funcionamento da imagem do corpo”.
De acordo ainda com a voz do Crânio, a essência do tempo não passa de uma ilusão. Isto concorda com alguma tradição, principalmente a oriental, que diz que o tempo é uma ilusão.
A nossa noção de tempo vem de onde? Da rotação da Terra, período dividido em 24 horas? Da translação da Terra à volta do Sol, que nos dá um período de um ano, ou mais ou menos 365 dias?
Por outro lado, sabemos que tudo no mundo material está em constante mudança, nada é rigorosamente estável, nem as rochas mais duras. Esta mudança é resultante da vibração e permanente recomposição atómica da matéria. Assim, tudo envelhece, tudo perece e tudo renasce. Então o tempo deve ser isto, a consciência dessa permanente mudança. Alguma tradição diz-nos que o tempo não é mais do que a percepção de vários estados de consciência.
Embora convencidos de ter aprendido alguma coisa acerca da noção de tempo, este continua, contudo, a constituir um dos mistérios com que temos de lidar. Se o tempo não existe, então não existe nem passado nem futuro, tudo não passa do chamado “eterno presente”.A nossa inteligência é ainda bem limitada para entender este conceito.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

II – As Origens da Humanidade

Já vimos em outras crónicas que a humanidade teve provavelmente muitas origens, e a tradição oral ou escrita está cheia de relatos que, sendo diferentes, acabam por levar à mesma conclusão: que a humanidade não teve uma única origem.
Por um lado temos a Bíblia que nos diz que foi Deus em pessoa (?) que nos criou. Evidentemente que não foi Deus, pois Deus não é uma personalidade. Por outro lado temos várias lendas e textos antigos que nos falam da vinda do homem de outros planetas e que, inicialmente, viveu no continente da Lemúria. Nenhum relato, nenhuma tradição, nenhum texto antigo nos fala da criação espontânea do ser humano por via da teoria da evolução das espécies.
A tradição judaico-cristã, através do Livro do Génesis do Antigo Testamento, diz que foi Elohim que criou o homem, e depois a mulher. Como já dissemos em outras alturas, Elohim é o plural de Eloha, que significa deuses, e não Deus como as traduções bíblicas pretendem mostrar. É claro que essas traduções se têm adaptado aos interesses do momento, principalmente aos interesses de uma religião que insiste na existência de um Deus pessoal, senão de um ancião de barbas brancas, difícil de identificar como Deus, mas como Jesus Cristo crucificado.
Apesar de não haver nenhuma evidência do ser humano primordial, aquele que resultaria exclusivamente da evolução, o Crânio de Cristal diz-nos que quando chegaram a este planeta encontraram um ser semelhante, mas ainda em estado muito primitivo. Diz ainda que vieram para este “pequeno planeta escuro” por causa da sua densidade e porque pretendiam “experimentar”, pois a mente não é capaz de experimentar. Assim, muitos deles criaram o corpo no qual passaram a habitar e a ter todas as sensações de um corpo material. Mas logo houve a “queda”, pois muitos ficaram escravos da sua própria criação – o corpo – e esqueceram os seus pensamentos originais.
Voltando à tradição judaico-cristã, esta fala-nos da existência de uma hierarquia angélica, como tronos, querubins, arcanjos, etc., em que o anjo seria o ser angélico mais próximo de nós. Não nos custa assim admitir que esses seres que vieram para a Terra e aqui encarnaram em corpos físicos, pertenciam a essa hierarquia, talvez anjos e arcanjos. A “queda” enunciada trata-se certamente da queda dos anjos, e do homem simultaneamente, pois a queda deu-se por se terem tornado escravos do corpo, o qual configurava o ser humano. Também a Bíblia nos fala de que, em determinada altura os filhos de Deus, ou dos deuses, se apaixonaram pelas filhas dos homens e com elas se juntaram.
Mas aqui surge um problema e talvez uma contradição. O Crânio diz-nos que foi o “homem” que chegou a este pequeno planeta escuro, não nos diz que foi um ser de outra natureza e aqui assumiu a forma humana material. Este “homem” veio de uma outra galáxia onde vivia num estado puro de energia. Assim, talvez não estejamos perante um ser angélico como atrás dissemos, mas perante o “homem” (ser humano), que ainda não tinha descido à matéria.
Este “homem”, de acordo com o cabalista Z´ev ben Shimon Halevi, seria o Adão Kadmon que “sendo uma cópia em miniatura do Universo, o homem trás dentro de si não apenas as características da Criação, como também os atributos do Criador.” Seria então este o ser que veio para a Terra, mente pura desejando experimentar as emoções. Desta forma, teremos que considerar este ser, chamado Adão Kadmon pelos cabalistas, como um ser diferente e separado da hierarquia celestial que indicámos ou, que a hierarquia celestial não seja mais do que os atributos do “homem universal” ou Adão Kadmon.
Estes seres vieram para a Terra, a que chamam “pequeno planeta escuro”, devido à sua grande densidade e a outros factores que veremos em futuras crónicas, para se poderem materializar na 3ª dimensão, pois na dimensão em que existem isso não seria possível.
Em relação a muitos textos que têm sido publicados nos últimos anos, textos originados por entidades pertencentes a pseudo-escolas espiritualistas, dizendo que o ser humano está a caminho de passar para a 4ª, 5ª ou 6ª dimensão, dependendo do seu grau de desenvolvimento espiritual, o Crânio de Cristal diz-nos que isso não é possível, que em termos materiais só existe a 3ª dimensão.
Isto é fácil de entender pois a matéria só pode existir dentro de uma baixa frequência vibratória. Aumentando a frequência, a matéria dissipa-se, desaparece dos nossos olhos físicos e deixa de existir mesmo como matéria. Existindo numa faixa de frequência muito alta, estes seres não tinham possibilidades de se materializar e experimentar as emoções da matéria.
Por outro lado, parece que as 4ª, 5ª, e 6ª dimensões não existem, pois a partir da 3ª há o Todo, o Uno. Apenas teoricamente poderíamos considerar que as diferentes frequências vibratórias da tal hierarquia angelical, dando origem a seres diferentes como arcanjos e anjos, por exemplo, corresponderiam a diferentes dimensões. Mas parece que não, que todos se acham no mesmo campo vibratório do Uno.
Assim, só é possível ao ser humano livrar-se da 3ª dimensão e passar a um plano mais elevado, integrar-se no Uno, através da morte física do corpo, pois só existe morte para o corpo, que a vida continua, pois sendo pura energia ou força vital, não morre quando deixa o corpo material.
Quando estes seres aqui chegaram e tomaram a forma humana, encontraram seres semelhantes, mas em estado muito primitivo, a quem começaram a ensinar noções muito básicas, porque a sua mente não podia compreender ensinamentos mais elaborados. Foi assim durante muitas eras, em que o homem primitivo habitante da Terra, se foi erguendo lentamente para atingir um estado mais conforme a sua natureza humana.
O Crânio de Cristal diz-nos que a actual civilização teve origem na Atlântida, indicada como ao largo da costa de Bimini, há cerca de 15.000 anos, quando sofreu o último cataclismo que a fundou nas águas. Aqui fala-se em civilização e não em humanidade, porque esta é muito mais antiga.
Os primitivos atlantes, talvez os sobreviventes da Lemúria, não se comunicavam pela palavra escrita ou oral, comunicavam-se por algo que poderíamos chamar de telepatia. Isto concorda com as descrições da “Doutrina Secreta” de Helena Blavatsky, em que o primitivo atlante tinha uma espécie de penacho sobre a cabeça, que o chacra coronário estava completamente aberto, e que era através dele que se comunicava com os outros. A linguagem oral e escrita aparece gradualmente à medida em que o corpo se densifica e vai perdendo as faculdades telepáticas. É interessante notar que as crianças nascem com esse chacra aberto, que na linguagem popular se diz que ”tem a moleirinha aberta”.
De facto, as crianças até à idade dos 6 ou 7 anos, têm uma vida psíquica muito intensa, e também se libertam do corpo material (morte) muito mais facilmente do que os adultos. Falta-lhes o “filtro” constituído por esse chacra coronário quando este vórtice ainda não se encontra completamente formado e, por esse motivo, as crianças apegam-se aos adultos como uma forma de protecção.

sábado, 24 de outubro de 2009

AS REVELAÇÕES DO CRÂNIO DE CRISTAL

I – A Natureza do Crânio de Cristal

O Crânio de Cristal é um dos muitos artefactos semelhantes que têm sido encontrados em diversos locais da Terra, desde os primórdios do século 18. Este, sobre o qual iremos falar, foi descoberto nas antigas Honduras Britânicas (hoje Belize) por Anna Mitchell-Hedges, jovem filha do arqueólogo “Mike” Mitchell-Hedges, quando procedia a escavações naquela região desde 1919. O Crânio foi finalmente desenterrado em 1924 e, felizmente, não foi entregue a um museu, onde iria permanecer indefinidamente, sem ser objecto que qualquer investigação. Claro que houve muitas peripécias pelo meio, mas este é um resumo da sua história pois, o que nos interessa no momento é o que foi feito com ele e como foi usado.
Em 1982 foi iniciado o estabelecimento de contactos mediúnicos com o Crânio através da médium canadiana Carole Davis. Nestes contactos foi recebida uma grande quantidade de informação a que iremos dar a nossa interpretação nos capítulos seguintes desta série de artigos sobre o Crânio de Cristal.
É conhecido o nosso cepticismo acerca das formas de comunicação através de médiuns, bastante usada por escolas espíritas. Entendemos que, na sua grande maioria, não são mais do que projecções da mente do próprio agente mediúnico, ou são o resultado de um acesso a uma informação que existe plasmada como forma-pensamento no agente consultante. E daí, as pessoas ficarem muito surpresas de como é que a “entidade” manifestada através do médium poderá saber coisas que só o agente consultante sabe.
Como exemplo claro de que a maioria destas “canalizações” são simples projecção da mente do médium, são os livros pretensamente históricos que abundam nas livrarias espíritas e que, supostamente, terão sido escritos por entidades existentes no astral e psicografadas por médiuns. Lemos em tempos um desses livros sobre a história de Moisés em que o Êxodo do Egipto acontece no tempo do faraó Merneptah, que governou o Egipto entre 1213 e 1203 antes da nossa era. Para algumas escolas iniciáticas aquele evento terá acontecido durante o reinado de Amenhotep IV, ou Amenófis IV, mais conhecido como Akhenaton, cujo reinado decorreu entre 1425 e 1400 a. C. Para os historiadores, aconteceu no tempo de Ramsés II, que foi faraó entre 1279 e 1213 a.C. Acabamos assim por não saber onde está a verdade, o livro mediúnico só veio trazer mais confusão, além do facto de que é muito provável que tais eventos, a existência de Moisés e o Êxodo, nunca tenham acontecido e não sejam mais do que a criação dos sábios hebreus que elaboraram a “Torah”, o Antigo Testamento. Já dissemos em outras crónicas que a história de Moisés é um decalque da história de Sargão I, rei da Acádia, Baixa Mesopotâmia.
No entanto, apesar deste nosso cepticismo, temos que reconhecer que alguns casos, poucos, fogem a este padrão e trazem-nos informações que não podem ser consideradas como elaborações da mente do médium, embora, apesar de tudo, possa também haver algumas contribuições dessa mente.
Como excepção à regra que enunciámos, podemos considerar a obra de Helena Blavatsky, principalmente a “Doutrina Secreta” estendida por 6 volumes, e o “Véu de Ísis”, livros que lhe terão sido ditados por um mestre ascensionado.
É o caso também das revelações do Crânio de Cristal, que apesar de poderem ter alguma influência da mente da médium Carole Davis, fogem completamente a qualquer aspecto religioso e nos transmitem informações que consideramos, no mínimo, perturbadoras.
É nossa convicção, em resultado de muito pesquisa que temos feito ao longo dos anos, que o homem (ser humano), tal como existe hoje, não é produto simples das leis de evolução elaboradas por Darwin e complementadas por outros seguidores. É nossa convicção de que o ser humano é o resultado da miscigenação com seres vindos de algures e que, em determinadas épocas, habitaram a Terra, para nos instruir ou mesmo, para nos destruir – a história de Noé é paradigmática, pois Deus queria destruir a humanidade existente. É neste contexto que vamos abordar e tentar interpretar as revelações do Crânio de Cristal.
A primeira questão que se nos coloca nesta abordagem, é saber com o que é que estamos a lidar: o Crânio de Cristal é um artefacto no qual foi gravada determinada quantidade de informação, a que podemos ter acesso através de uma mente especial mediúnica ou; é um dispositivo de comunicação com os seres superiores (deuses?) que nos deixaram tal instrumento? Será o Crânio de Cristal um instrumento semelhante ao que os oráculos da antiguidade usavam para se comunicarem com os deuses? Estes instrumentos, chamados “omphalos”, eram pedras estranhas usadas pelos médiuns da época, o mais conhecido dos quais era o de Delfos, na Grécia. A importância do oráculo de Delfos foi tal, que determinou grande parte da história da Grécia Antiga.
De acordo com as revelações do Crânio de Cristal durante a 5ª sessão mediúnica, realizada em 8 de Janeiro de 1984, a voz que se ouve não corresponde a uma personalidade, mas a algo que foi impresso no Cristal, cristalização, de formas-pensamento. Ou seja, várias áreas do conhecimento foram ali gravadas (cristalizadas), como se tratasse de um banco de dados de um computador. Cada uma dessas áreas terá sido impressa por uma personalidade diferente, cuja voz se manifesta quando essa área de conhecimento é abordada ou inquirida.
Por este motivo as vozes que se ouvem no Crânio de Cristal chamam-no de receptáculo, como também dizem que há outros receptáculos semelhantes sobre a Terra. Receptáculo significa que é um repositório, portanto, um instrumento que armazenou informação.
Queremos com isto dizer que os seres que criaram este e outros artefactos de cristal já não estão aqui, não estão presentes quando o contacto de um médium é efectuado. Esses seres foram embora para a sua galáxia e deixaram-nos os meios de acesso a esse tremendo conhecimento através de informações cristalizadas. Por outro lado, como muitas das informações se referem ao nosso tempo presente, é provável que o Crânio também seja um elemento de transmissão ou, alguns desses seres possam passar por aqui e actualizar-se, actualizando também as informações do Crânio. Parece, à primeira vista, uma coisa impossível mas, se pensarmos que esses seres não existem corporeamente, não têm corpo físico, apenas pura energia, será fácil para eles visitarem-nos sem que tenhamos qualquer conhecimento dessa visita.
Pelo formato de um Crânio quiseram talvez simbolizar que nós, antes de tudo, somos mente, e que esta controla, cria e determina tudo o que somos. Que a verdadeira essência é a mente, que pode ser entendida como alma, e que o corpo é apenas um invólucro material que usamos no penoso caminho de elevação a um nível mais espiritualizado.
As revelações do Crânio de Cristal, ainda que predizendo a destruição da Terra se continuarmos pelo caminho materialista que encetámos, trazem-nos no entanto o consolo de que a vida é uma continuidade, que a morte física é apenas uma passagem para um plano onde podemos nos purificar, procurar a união com o UNO e voltar à Terra, reencarnando talvez com uma mente um pouco mais espiritualizada. Dão-nos também a certeza de que a vida existe em qualquer lugar do universo, independentemente das condições climáticas do planeta ou do astro, pois sendo pura energia ou “força vital”, não se submete às condições físicas, estas só são importantes para o corpo materializado.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Cosmos, o Homem e a Evolução

10. Decadência e Ressurreição

“A alma da terra queixava-se a Brahma dizendo-lhe: «A raça dos filhos da impiedade multiplicou-se até ao infinito. O orgulho deles é insuportável e eu gemo na opressão, sob o peso da iniquidade: Vem em meu socorro, ó Brahma!»” (A Lenda de Krishna – extracto do Bhagavadam, Livro Canónico Hindu – Eliphas Levi)

Este é o último capítulo da série em que pretendi efectuar uma espécie de voo de ave sobre as questões primordiais que têm afligido o género humano desde que anda sobre a Terra. Escolhi este título, “Decadência e Ressurreição”, no sentido de que a morte não existe, existe apenas transformação. Da mesma forma que o homem não morre, assim as civilizações não morrem, prosseguem sob outras formas, mas sempre num processo de transformação. As civilizações sucedem-se umas às outras, a um período de decadência sucede-se um período de ressurgimento ou renascimento. Sempre foi assim e assim será.
Já vimos que a Atlântida não era a “terra do leite e mel”, o paraíso perdido, que muitos podem pensar. De facto, não era essa terra de eleição, e basta pensarmos que, se os atlantes conseguiram desenvolver uma capacidade única no domínio da energia, como é que se deixaram arrastar para o fundo do mar sem terem tomado as providências necessárias que salvaguardasse, pelo menos o essencial, da sua civilização? Naturalmente, que alguma coisa foi salva das águas, que houve sobreviventes, mas estes talvez não tenham querido, ou não tenham podido refazer em outras terras o que tinha levado à perdição da Atlântida.
Um texto da autoria de Mark Hammons e denominado “Cientismo = A Criança Atlante das Trevas”, diz que os atlantes não desapareceram, que continuaram e continuam, de reencarnação em reencarnação, e que hoje estão aí, fazendo as mesmas coisas à Terra que os atlantes fizeram, que apenas os nomes são outros. Que estes seres eram experimentadores obcecados em transformações materiais. Que causaram terríveis danos à Terra, simplesmente porque detinham esse poder. Que envenenaram a biosfera, romperam estruturas da Terra para tomar dela tudo quando desejavam sem nenhum respeito pela sua integridade. Que em todos os níveis a poluição era imensa. Diz ainda que eles fizeram isto tudo porque assumiram que a sua existência era mais importante que o sistema planetário em que estavam integrados.
As pessoas tendem a pensar que os atlantes eram uma grande civilização de seres iluminados. É verdade que havia estes seres na Atlântida, verdadeiros sábios e pessoas de muito elevada estatura moral, mas eram uma pequena minoria. A maioria ignorou todos os avisos, não quis saber de nada, ocupada apenas com a satisfação do seu egoísmo.
Infelizmente, parece que este relato pertence à nossa actualidade, pois todos bem sabemos o que o homem tem feito à Terra, principalmente neste curto período que não chega a dois séculos, desde a “revolução industrial” até aos dias de hoje. O amanhã apresenta-se com cores muito escuras pois, apesar das tímidas reacções que aparecem um pouco por toda a parte, o homem, na realidade, continua a sua marcha a caminho da ruptura com as forças planetárias.
Neste início de século e de milénio, assistimos a um sentimento curioso que parece ter estado sempre escondido ou adormecido no interior de cada um, que é o sentimento de um desastre iminente, parece que todos estamos à espera que algo de muito mau venha a acontecer ao planeta. Abundam as profecias, as antigas e as novas; descobrem-se profecias escondidas nos versículos do Antigo Testamento e até nos Salmos; estudam-se e encontram-se novas revelações nas profecias de Nostradamus; já há uma data para o anunciado fim do mundo, 21 de Dezembro de 2012, segundo um calendário maia; encontram-se novas interpretações para o Apocalipse de S. João. Sem querer aprofundar muito a questão e para além de constatar o facto do planeta ter atingido um estado quase crítico devido à ganância e à falta de respeito que o homem tem tido para com a natureza, julgo que este sentimento tem a ver com memórias longínquas de outras catástrofes, aquelas que se abateram sucessivamente sobre a Atlântida.
Os reis-sacerdotes toltecas que levaram a Atlântida ao apogeu do seu desenvolvimento material imprimiram também entre a população um elevado código de valores morais e espirituais. Mas como sempre acontece, a lei da dualidade está sempre presente em todos os seus aspectos, há sempre o lado luminoso e o lado sombra. Ao mesmo tempo que a civilização tolteca assentava em bases de natureza elevada, foram-se desenvolvendo também outros sentimentos inferiores. Se por um lado se procurava a harmonia com os poderes do alto, pelo outro lado se cultuavam cada vez mais os poderes das trevas, a magia negra. Sendo a Atlântida um conjunto de sub-raças, todas elas oriundas da raça-raíz dos sobreviventes da Lemúria, cada uma delas constituiu-se como uma nação diferente, ou seja, a Atlântida era uma mapa de nações e cada uma delas era governada ou tinha a supremacia de uma das sub-raças. Isto fazia com que houvesse guerras frequentes, com vencedores subjugando os vencidos, ou tratados de paz com o correspondente estabelecimento de novas fronteiras.
Uma dessas nações era dominada pelos turanianos, uma raça de tez amarelada, que mantinham com os toltecas um tratado de amizade e boa vizinhança. Só que a partir de determinada altura, os turanianos cortaram os laços que os ligavam aos poderes do alto, romperam o pacto fraternal com os toltecas e, sob o impulso da ambição e da luxúria substituíram os cultos por outros de natureza sangrenta. Acabaram por submeter a nação tolteca cujos reis e seus seguidores, não podendo resistir ao ímpeto agressivo dos invasores, se refugiaram no norte sob a protecção de uma nação aliada, os tlavatlis.
É durante o reinado dos turanianos que a Atlântida conhece a sua fase mais negra, da qual nunca mais se recompôs, pois foi no fim desta fase que acabou por desaparecer nas águas. É o império da cobiça, da violência e do terror. A magia negra toma conta dos templos onde passam a sacrificar-se animais e até seres humanos. Os governantes endeusam-se, erguem estátuas a si próprios e fazem-se rodear de multidões de homens e mulheres escravizados. A mulher torna-se um instrumento de prazer, o delírio sensual cresce assustadoramente e a poligamia passa a ser uma situação normal. Esta decadência de costumes e de valores, esta entrega às forças mais inferiores durou séculos até à extinção completa desta ilha de Poseidon descrita por Platão, que aconteceu cerca de dez mil anos antes de Cristo.
Entretanto, desde o início do domínio dos turanianos, alguns dos povos da Atlântida, fugindo do despotismo, da injustiça e da escravatura, foram emigrando para oriente. Estes imigrantes que caminhavam para oriente para fugir das calamidades da sua terra eram amarelos uns, outros de cor acobreada, outros vermelhos, outros ainda negros. Estas eram as cores das sub-raças existentes na Atlântida e que povoaram o mundo um pouco por toda a parte. No entanto, um outro povo também emigrou e se fixou inicialmente na região que é hoje a Irlanda. Este era um povo de raça branca, a origem dos semitas e dos arianos. Não se sabe exactamente como apareceu este povo de raça branca na Atlântida, provavelmente por cruzamentos múltiplos das várias sub-raças ali existentes.
Esta raça branca encetou uma longa caminhada rumo aos planaltos da Ásia central, um êxodo que durou provavelmente alguns séculos, pois se fixaram primeiramente no norte, numa região alargada que compreendia a Irlanda de hoje, a Inglaterra e os Países Nórdicos. Estes homens eram conduzidos por guias, os mesmos guias que tinham instruído os reis toltecas, e em cada paragem que faziam, em cada região que iam ocupando, era um tempo em que os homens aprendiam mais alguma coisa.
A variante ariana desta raça, veio a dar origem aos árias da Índia, aos iranianos, aos gregos, aos celtas e aos povos germânicos, numa altura em que a sua caminhada se fez em sentido contrário, ou seja, depois de terem atingido os altos planaltos da Ásia central, daí retornaram para se estabelecerem em vastas regiões até à Europa ocidental. A outra variante, a semítica, estabeleceu-se na Caldeia e é a origem dos povos semitas do Médio Oriente, como os caldeus, os babilónios, os assírios e os hebreus.
Aqui surge uma pergunta: então os egípcios? Qual a origem deles e da sua portentosa civilização? Os egípcios não eram de origem ariana ou semita, embora os nazis quando no poder na Alemanha e durante a Segunda Grande Guerra, na sua louca e hilariante (dramática para os que sofreram as suas consequências) procura da “raça pura ariana” tenham tentado estabelecer fortes laços de aliança com os egípcios e com algumas das nações árabes, no pressuposto de terem uma origem comum. Claro que tinham uma origem comum, mas também os semitas a tinham. Essa origem era a Atlântida, e os primitivos egípcios, os que ergueram aquela formidável civilização, eram de raça vermelha, como vermelhos eram os índios da América do Norte e os maias da América Central.
Isto poderá fazer pensar que esses povos que foram migrando ao longo dos séculos da decadência da Atlântida, iam ocupando a “terra de ninguém”, isto é, que o resto do mundo estava vazio e eles simplesmente ocupavam as terras onde chegavam. Naturalmente que não eram assim. Quando a Lemúria acabou houve outros sobreviventes além daquela elite que se estabeleceu na Atlântida. Estes sobreviventes devem ser a origem primitiva dos actuais nativos da Austrália e dos malaios, assim como alguns dos povos que têm vivido no sul da África e até da Índia. Por outro lado, como vimos atrás, havia outros seres humanos organizados em tribos mais ou menos selvagens, os quais são muito provavelmente representados pelo homem de Neandertal e pelo homem de Cro-Magnon. O que acontecia com essas migrações é o que tem acontecido sempre: os invasores submetiam os naturais e impunham-lhes as suas leis e os seus costumes, ou eram absorvidos pelas populações locais, com as quais se cruzavam em todos os aspectos, não só em termos culturais mas também fisicamente. Os povos que resultaram destes cruzamentos pacíficos, ou mesmo violentos, se por um lado mantiveram certos traços que revelavam as suas origens, por outro lado eram, de facto, o resultado dessa mistura de raças, ao ponto de nenhuma das raças que emigrou da Atlântida se ter mantido na sua pureza original. Esta pureza, se existiu, foi apenas no princípio.
Um outro aspecto importante é que não foram apenas os homens de raça branca que emigraram, outros também o fizeram, como os vermelhos, os amarelos e os negros, e todos transportaram com eles toda a carga cultural da sua terra de origem, os valores e os costumes mais elevados, mas também os outros, o conhecimento das forças inferiores. Por isso, porque nem tudo o que esses emigrantes trouxeram era bom, nem todos eram homens preocupados em fazer o bem, havia muitos que procuravam o poder sobre os outros homens através de práticas de magia negra. Entre os semitas da Caldeia estabeleceram-se cultos a deuses sanguinários, como o culto a Moloc que exigia sacrifícios humanos. Sacrifícios humanos eram também prática comum entre os aztecas do México, descendentes degenerados dos maias, estes oriundos também da Atlântida. Entre os arianos espalhados um pouco por toda a Europa, havia também cultos sanguinários. Para além dos sacrifícios humanos, vulgarizaram-se os sacrifícios de animais, mesmo entre os hebreus e os egípcios, que mantinham templos com essa finalidade. Apesar de toda a instrução recebida dos Manus, dos guias divinos, muitas das populações adoptaram práticas aberrantes.
Nós sabemos que todos os grupos humanos são dirigidos por uma elite, a qual fornece os líderes necessários à sua condução. Tanto em política como em religião, há sempre uma elite que dirige as coisas, e os líderes não são mais, na maioria das vezes, do que a ponta do “iceberg”, são apenas instrumentos controlados por essas elites. O exemplo recente mais conhecido é o caso do Hitler, na Alemanha, e o caso de todos os ditadores que governaram muitos dos países na primeira metade do século passado. Por outro lado, a democracia também não altera grandemente as coisas, porque afinal as pessoas escolhem os líderes que a elite já escolheu e catapultou para a ribalta das eleições.
Na história da humanidade que conhecemos, são muito raros os líderes que apareceram espontaneamente, ou por inspiração divina, e se tornaram guias de povos, orientando-os e governando-os com sabedoria. A grande maioria destes homens sábios prefere manter-se por detrás do pano, nos bastidores, procurando controlar os acontecimentos pela influência junto das forças dominantes. Foi assim no Egipto, com o faraó Tutmés III, que através de um colégio de sábios procurou estabelecer, ou restabelecer, o culto à divindade única, façanha conseguida mais tarde, por Amenófis ou Amenhotep IV, mais conhecido por Akhenaton. Todo este esforço foi frustrado, porque a elite que sustinha Akhenaton não detinha, verdadeiramente, o poder político e religioso do Egipto. Este poder há muito que tinha caído nas mãos dos sacerdotes.
Da mesma forma que aconteceu na Atlântida, o Egipto entrou em decadência pela prática e vontade destes sacerdotes e dos faraós que se seguiram a Akhenaton, restabelecendo o culto a Amon e entregando-se a práticas de natureza inferior. O texto que se segue retirado da obra “Egipto Secreto” de Paul Brunton, é um claro retrato do que aconteceu ao Egipto nos últimos tempos:
“Os que violentaram as tumbas dos antigos egípcios, libertaram forças que puseram em perigo o mundo. Abriram, sem o saber, os túmulos daqueles cujo ofício era a magia. Na fase final da história egípcia, a feitiçaria e a magia negra eram prática corrente. Quando se escureceu a Luz Branca da verdade que refulgia anteriormente, as fétidas sombras de falsas doutrinas materialistas avançaram e generalizou-se a prática de mumificação, acompanhada do seu complicado ritual complementar. Havia um elemento de interesse pessoal oculto, tratando de prolongar e conservar o laço físico com o mundo da matéria: o embalsamamento do corpo.
Nesse sombrio período, aqueles que possuíam muitos conhecimentos e pouca piedade, invocavam as forças infernais das trevas. Às vezes, o embalsamamento era para proteger o espírito da destruição no “purgatório” que o aguardava depois da morte. Em quase todos os casos, esses homens preparavam os seus túmulos antes de morrer. Uma vez pronta a tumba, invocavam um ente do mundo dos espíritos, criação elemental artificial, imperceptível aos sentidos físicos, por vezes bom, mas geralmente maldoso, para que protegesse e vigiasse a múmia, actuando na sepultura como um espírito guardião. Essas forças eram, frequentemente, satânicas, ameaçadoras e destruidoras. Estavam dentro das tumbas fechadas e podiam continuar existindo durante milénios. Quando as tumbas foram abertas, saiu uma verdadeira chusma de perniciosos entes do infra-mundo dos espíritos que se lançaram em fúria sobre o nosso mundo físico. Esses espíritos elementais peculiarmente criados são, neste século, suficientes em quantidade para, do seu reino invisível que, embora imaterial e etéreo é assaz próximo e poderoso, influir na existência física dos seres viventes e aterrorizar o mundo.”
É uma descrição terrível, esta, sobre os últimos tempos da que um dia foi uma incomparável civilização. Terrível também porque o homem, na sua cupidez e ignorância, tem vindo a profanar esses locais que estavam destinados a ficarem adormecidos por toda a eternidade, libertando toda uma legião de seres que, de uma maneira ou de outra, têm vindo a exercer uma influência perniciosa sobre a humanidade. E não se diga que muito do que foi profanado foi por motivos científicos e de investigação, porque afinal, nada se acrescentou de conhecimento sobre o Egipto através deste processo. Por exemplo, não se ficou a saber, na verdade, mais sobre Tutankhamon depois da descoberta da sua câmara funerária com a múmia e ornamentos intactos.
Tal como o movimento aparente do Sol no céu diurno, todas as civilizações nascem, vão-se elevando lentamente até atingirem o zénite do meio-dia. É nesta altura que atingem o seu apogeu, todo o esplendor do que foram adquirindo no difícil caminho ascendente. Depois, começam a descida, degenerando e envelhecendo lentamente, até se perderem definitivamente na agonia do ocaso. Acontece o mesmo com o homem e com todos os seres criados – nascem, crescem, atingem o apogeu, depois vão envelhecendo até a morte os fazer partir. O caminho ascendente de crescimento é uma via festiva e renovadora, é quando o verde viceja nos campos e a natureza se veste de cores; o caminho descendente é uma via dolorosa, no homem é todo o cortejo das doenças, das impotências, das faculdades diminuídas; nas civilizações é a degeneração de costumes, a inversão de valores, o emergir da parte obscura do homem. Esta parte obscura esteve e está sempre presente, em todas as circunstâncias, apenas ofuscada pela luminosidade dos períodos áureos. E quando essa luz vai diminuindo é que ela se começa a manifestar em toda a sua força, até controlar completamente o corpo moribundo e acabar de o matar.
Segundo a “Doutrina Secreta”, o homem existe sobre a Terra há dezoito milhões de anos, e durante este tempo imenso tem evoluído nas suas formas até se tornar no que é hoje. Começou por um ser etéreo e andrógino igual aos anjos, depois um pouco mais denso e hermafrodita, mais tarde, à medida que a densidade do seu corpo físico aumentava, separou-se em dois sexos diferentes e complementares. A este respeito, o “Zohar” hebreu diz que o homem que se separa da humanidade, recusando amor a uma companheira, não encontrará lugar depois da morte na grande síntese humana, que permanecerá fora, estranho às leias de atracção e às transformações da vida.
Pois é disto que se trata – transformações da vida. Toda a história que temos vindo a tentar contar sobre o nascimento e evolução cósmica, a formação do homem e a sucessão das suas várias formas através das humanidades que foi constituindo, tudo isto não é mais do que as transformações da vida a que o homem tem estado sujeito, por ser o objectivo de toda a Criação, porque tudo foi feito e está feito em função do homem. O mesmo livro que referimos no parágrafo anterior, o “Zohar” diz que o equilíbrio do homem é também o da natureza, e que sem o homem, o mundo não existiria. Porque o homem é o receptáculo do pensamento divino que cria e conserva o mundo; o homem é a razão de ser da Terra; tudo quanto existiu antes dele foi trabalho preparatório para o seu nascimento e sem o concurso dele a criação inteira teria sido um aborto.
Isto é o que nos diz o “Zohar”. Foi por isto, por o homem antigo ter criado a ideia de que era o reflexo do pensamento divino e ser a razão de ser de toda a Criação, que idealizou Deus como um ancião de longas barbas brancas e o colocou num trono no céu, como vem também descrito no Apocalipse de S. João. Neste, somos surpreendidos logo no primeiro capítulo, onde se diz que João foi arrebatado aos céus em espírito e se viu defronte de “Aquele” que estava no meio dos “sete candelabros de ouro”, tinha numa das mãos “sete estrelas” e lhe disse para escrever o que via e depois lhe ditou cartas para enviar às “sete igrejas”. “Aquele” diz a João que as “sete estrelas” são os anjos das “sete igrejas” e que os “sete candelabros” são as “sete igrejas”. Não precisamos de fazer nenhum esforço para vermos aqui retratado o que a antiga tradição diz: que houve sete deuses criadores que criaram sete homens diferentes em sete locais da Terra, ou seja, que as “sete estrelas” são os Anjos (Arcanjos), os “sete candelabros” os sete Homens (Adão) primordiais, as “sete igrejas” os sete locais da Terra. Por outro lado, as “sete igrejas” podem também significar as “sete raças” que a antiga tradição diz serem as raças raiz, cinco das quais já estão consumados pois, de acordo com essa mesma tradição, nós actualmente pertencemos à quinta raça, ou somos uma variante dessa quinta raça.
Olhando para a história da Atlântida, não podemos também deixar de ver ali um esboço, quase uma cópia, de toda a tradição que nos fala sobre a criação do homem. Segundo esta, quando os sobreviventes lemurianos chegaram à Atlântida, estava-se na transição da 3ª para a 4ª raça, e desta vêem-se a originar as várias sub-raças da 5ª que povoam a Terra, 5ª raça que são os emigrantes que fugiram da Atlântida. Ora, se nos remetermos apenas à história da Atlântida, encontramos exactamente a mesma sequência. Vejamos:
· Temos um primeiro período que podemos chamar de 1ª raça, quando os lemurianos, conduzidos por Manu, chegam à Atlântida há mais de um milhão de anos.
· O primeiro cataclismo acontece há cerca de oitocentos mil anos, originando um segundo período, que podemos chamar de 2ª raça.
· Este segundo período termina com outro cataclismo, há cerca de duzentos mil anos. O período que se segue podemos chamar de 3ª raça.
· Há oitenta mil anos, a Atlântida foi de novo destruída. O período que se seguiu e terminou há doze mil anos, podemos chamar de 4ª raça.
· Portanto, nós somos a 5ª raça, aquela que se originou na Atlântida durante a vigência da 4ª raça, nos imigrantes que demandaram as terras do oriente e nos sobreviventes do último cataclismo.
Acabamos por não saber se esta história foi decalcada da tradição acerca da Criação e da criação do Homem, ou se o Génesis, a cosmogonia caldeia e toda a tradição antiga são inspirações da história atlante.
O que sabemos, é que o homem em todo o seu extenuante e longo caminhar sobre a Terra, tem tido sempre uma capacidade impar de regeneração e de renascimento. Ele é um criador, cria civilizações, cria mundos, os quais, ou por degeneração ou por calamidades, são destruídos, para renascerem mais tarde com outros homens, também eles renascidos. Como a fénix, que no mito se consome no fogo a cada quinhentos anos para depois renascer vivificada, o homem parece ressurgir das cinzas para continuar a criar, reforçado pelos ensinamentos do passado, mas cometendo, talvez, os mesmos erros. No Antigo Egipto, a fénix representava o Sol, que morre no anoitecer e renasce na aurora do dia. Para a tradição cristã, a fénix é o símbolo da imortalidade e da ressurreição.
No seu caminhar sobre a Terra, o homem vive permanentemente a luta da sua dualidade que se manifesta em todos os aspectos, pois ele é macho e fêmea, ele é positivo e negativo, mas também é corpo material e espírito. Como diz Aldous Huxley na “Filosofia Perene”: “Eu sou o poeta do corpo e o poeta da Alma. Os prazeres do Céu estão em mim e as dores do inferno estão em mim. Os primeiros eu cultivo e alimento em mim mesmo, os segundos eu traduzo para uma nova língua”.
Por ser assim um ser duplo na sua essência, tudo o que o homem cria é um reflexo de si mesmo, e carrega consigo essa carga dual na busca sempre precária do equilíbrio. As civilizações são o reflexo dos homens que as criam, as compõem e nelas vivem, e se elas entram em decadência depois de atingirem o seu apogeu, é porque os homens que as constituem se deixaram subjugar pelo seu lado sombrio. É como se tratasse de uma nova “queda”. Foi assim com todas as civilizações que existiram até aos dias de hoje, e será sempre assim, até o homem conseguir atingir um estado de perfeição que não lhe permita mais ver-se subjugado pelos valores mais obscuros do plano material. Até lá, estará sempre sujeito à “queda”, mas, haverá sempre a esperança da ressurreição.
Apesar de todas as iniquidades que vemos acontecer no dia a dia, apesar de todas as angústias que nos assaltam neste início de milénio, apesar de todas as profecias anunciarem as maiores desgraças para a humanidade, essa esperança reside no coração de cada um, porque seja o que for que venha a acontecer, o homem sobreviverá para continuar a missão que lhe foi conferida pelo Criador. E para terminar, julgo adequadas as palavras de Victor-Emile Michelet, num poema seu intitulado “O Silêncio”.

O Silêncio
Não terás outra morada além do teu coração,
Pois na Terra, onde somos peregrinos,
Ninguém construirá morada permanente:
Não terás outra morada além do teu coração.
Então, ao redor dele, na atmosfera ardente,
Que dele nasce, que o envolve e que aspira
Todos os raios vindos das coisas que deseja,
Evoca o silêncio e o divino silêncio;
A forma que reveste a primeira hipóstase
Te levará nas quatro asas do êxtase.
A vida interior é feita de silêncio.
É o palácio que tem por base o silêncio.
É a flor do fogo: o silêncio é o vaso,
O silêncio é o vaso onde bebes a beleza.
Tu que passas aqui, com certeza mas sacudido
Entre tua vida real e tua vida aparente,
Tua vida real, tenebrosa e veemente
Como a paixão, o trovão e a morte,
Cobre com um véu de sombra e noite o tesouro
Dessa vida interior, que escolhe
Entre tuas almas a melhor e mais pura,
Para que nada atente para seu mistério intenso,
E que sua força virgem, integral, se aplique
A edificar a arte em que as mãos do silêncio
Venham a tecer o manto da tua alegria.

Victor-Emile Michelet



Obras consultadas para a elaboração desta série de crónicas dedicadas à evolução do homem e do universo:

1. A “BÍBLIA”.
2. “A DOUTRINA SECRETA” de Helena Petrovna Blavatsky – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
3. “APÓCRIFOS – OS PROSCRITOS DA BÍBLIA” – compilação de Maria Helena de Oliveira Tricca – Editora Mercuryo – São Paulo, Brasil.
4. “AS PROFECIAS DO PAPA JOÃO XXIII” de Pier Carpi – Edições António Ramos – Lisboa, Portugal.
5. “O CAMINHO DA KABBALAH” de Z’ev bem Shimon Halevi – Editora Siciliano – São Paulo, Brasil.
6. “TRATADO DA REINTEGRAÇÃO DOS SERES CRIADOS” de Martinets de Pasquallys – Edições 70 – Lisboa, Portugal.
7. “A EVOLUÇÃO DIVINA DA ESFINGE AO CRISTO” de Édouard Schuré – Editora Ibrasa – Instituição Brasileira de Difusão Cultural, Lda – São Paulo, Brasil.
8. “O LIVRO EGÍPCIO DOS MORTOS” traduzido para o inglês por E. A. Wallis Budge – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
9. “A CABALA” de Papus – Editora Martins Fontes – Sociedade das Ciências Antigas – São Paulo, Brasil.
10. “AS ORIGENS DA CABALA” de Eliphas Levi – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
11. “OS SOBREVIVENTES DA ATLÂNTIDA” de Juan G. Atienza – Editora Mercuryo – São Paulo, Brasil.
12. “THE BERMUDA TRIANGLE” de Geoffrey Keyte – Internet.
13. “ACCESSIBLE REMAINS OF ATLANTIS” de Mark Hammons – Internet.
14. “FORBIDDEN ARQUEOLOGY” de Michael Cremo, Richard L. Thompson e Stephen Bernath – Internet.
15. “SCIENTISM = ATLANTEAN CHILDREN OF DARKNESS/BELIAL de Mark Hammons – Internet.
16. “EGIPTO SECRETO” de Paul Brunton. Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
17.
18. “A FILOSOFIA PERENE” de Aldous Huxley.
19. “BHAGAWAN SRI SATHYA SAI BABA” – “MATERIALIZATIONS” – Internet.