quarta-feira, 19 de julho de 2023

Honestidade (des)

Honestidade (des) Parece que o ser humano foi criado com um defeito grave de fabricação – a falta de honestidade. Criado à semelhança dos deuses (a Bíblia, apesar das más leituras, dá-lhe essa origem), parece que essa semelhança ficou mais pelos defeitos do que pelas qualidades. A honestidade seria uma dessas qualidades, mas como era rara entre os deuses, ou inexistente, pois passavam a vida em guerra ou a enganarem-se uns aos outros, o ser humano, mau grado as teorias do macaco original, foi criado para ser completamente desonesto. Quem não conhece os “mitos” gregos e os deuses do Olimpo? Parece exagero o que aqui começo por afirmar, mas se estudarmos bem a história desta humanidade durante os últimos milénios, verifica-se que ela é feita de mentiras, de trapaças, de castas, de gente poderosa e de gente miserável, neste caso a grande maioria, de lutas e guerras por domínio sobre a população do seu país e de outros países. Quanto mais desenvolvida tecnologicamente está a civilização, mais as pessoas se encontram enclausuradas mental e fisicamente em processos que apenas existem pela sede de poder de alguns. Em pleno século XXI assistimos a guerras devastadoras baseadas em mentiras, mostrando a arrogância daqueles que se julgam iguais aos deuses, arrogando-se o poder de vida e morte sobre a população. Uma das coisas que mais me impressiona e é prova de desonestidade, é o sacrifício de toda uma juventude que é obrigada a ir combater, a morrer ou ficar desfigurada, ferida ou deficiente para toda a restante vida, enquanto os que a mandam para lá permanecem nos seus “bunkers” ou afastados a uma distância segura o suficiente para não correrem qualquer risco, acabando alguns por serem considerados heróis sem terem corrido qualquer perigo. Longe vão os tempos em que os reis, imperadores, faraós, comandavam eles próprios os seus exércitos, apesar de serem bem protegidos por uma guarda especial à sua volta. A falta de honestidade ou, mais precisamente, a desonestidade, atinge todos os sectores da vida actual, mas nunca foi diferente, é de todas as épocas. A pior forma de manifestação é a desonestidade intelectual – a pessoa sabe que não sabe, emite considerações como se soubesse, mente ou ignora evidências que podem colocar em causa as suas opiniões e conclusões. Os casos mais constantes desta falta de honestidade são as religiões, supostas ciências como a arqueologia e ideologias políticas. As religiões por dominarem o poder há milénios através de crenças que não podem provar e demonstrar a sua existência; a arqueologia por estar presa a preconceitos sobre a existência histórica humana e por falta de humildade em reconhecer que não pode saber tudo e que conclusões de supostos “mestres” podem estar completamente erradas; as ideologias políticas que se presume servirem a raça humana, mas que na realidade servem apenas os seus ideólogos, com resultados algumas vezes catastróficos para a humanidade. Não é por acaso que está cada vez mais difícil hoje encontrar políticos sérios, não corruptos, que se prestem unicamente a servirem o seu país. Também é provável que sempre tenha sido assim, que salvo raras excepções, nunca tenha havido políticos sérios. A política e a religião sempre andaram de mãos dadas desde a mais remota antiguidade, porque sempre serviram o mesmo propósito de poder mas, era a religião que tinha precedência sobre a política, dado que supostamente tratavam da alma e da salvação, enquanto a política tratava de coisas mais materiais. A separação entre religião e estado, ideia muito fortalecida pela Revolução Francesa de 1789 e que veio a ter grande influência nas sociedades democráticas modernas, tornando os estados laicos, quer dizer, sem influência religiosa na administração e nas leis, uma vez que a parte religiosa pertence ao foro íntimo de cada um, funciona, na verdade, num número reduzido de países. A maior parte dos países, mesmo democráticos, tem a religião como forte suporte do poder ao ponto de ser ela o verdadeiro poder ou, determinar quem deve dirigir os destinos da nação através da sua influência junto da população. A arqueologia é talvez uma das ciências onde a desonestidade intelectual mais impera, seja por influência religiosa, como por exemplo o caso do Antigo Egipto, em que um dos locais do mundo com maior presença da antiguidade através de uma infinidade de peças e monumentos que têm sido descobertos e investigados, está entregue a uma direcção islâmica que recusa qualquer outra explicação a não ser a determinada pela sua religião. A maioria dos arqueólogos em todo o mundo segue as suas pisadas, talvez por orgulho e protecção do seu estatuto de especialista. A construção das pirâmides de Gizé tem sido objecto das maiores fantasias à falta de se saber, exactamente, como é que foram construídas, quem as mandou construir e quando foram construídas. Insiste-se, por exemplo, na ideia de que foram construídas como túmulos de faraós quando nenhuma múmia foi alguma vez encontrada dentro duma pirâmide. Para se poder determinar a antiguidade de determinado objecto ou construção é normalmente usado um processo através do carbono 14, um isótopo instável do carbono. Este tipo de medição necessita da existência de matéria orgânica, como acontece com as múmias e outros artefactos de origem animal ou vegetal. Ora as pirâmides não foram construídas com material orgânico, foram construídas em pedra, por isso não podem ser datadas. Outros processos de datação há, mas todos precisam da existência de matéria orgânica para se poder determinar a sua antiguidade. A atribuição da construção da Grande Pirâmide ao faraó Kéops, ou Kufu, choca-se com problemas matemáticos de impossível solução. Segundo os cálculos efectuados, a pirâmide deve conter cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra pesando em média 02 toneladas, alguns chegando a pesar até 60 toneladas. Acredita-se..., termo usado pelos egiptólogos, uma especialidade da arqueologia dedicada ao Egipto, por aqui se vê a importância arqueológica do Antigo Egipto, que a construção da grande pirâmide teria durado cerca de vinte anos. Por contas simples dividindo os 2,3 milhões de blocos por 20 anos, dividindo o resultado por 365 dias e depois por 24 horas, chega-se à conclusão de que teriam de ser colocados 13 blocos por hora durante as 24 horas do dia e durante os 20 anos, sem nenhuma interrupção. Hoje, com toda a tecnologia, não seria possível a sua construção e o assentamento perfeito de cada bloco nesse período de tempo. O mais grave é dizer-se que a construção foi possível devido ao trabalho de centenas de milhares de escravos, ou seja, esses escravos tinham conhecimento duma técnica especial de construção que não passaram à posteridade. Este argumento é semelhante a muitas publicações actuais que defendem que o planeta Terra pode parar de repente a sua rotação, teoria alimentada por uma infinidade de razões de gente que não conhece os conceitos básicos da física. Se a Terra parasse de repente, tudo quanto existisse à sua superfície seria disparado para o espaço pela força duma coisa chamada inércia. Da mesma forma, o uso de milhares de escravos para arrastar as pedras durante a construção da pirâmide tem um limite – a partir de determinado número o peso das pessoas ligadas às cordas para puxar as pedras vira-se ao contrário, quer dizer, vai perdendo força pela inércia de tanta gente a puxar, portanto, uma tarefa impraticável. Há quem afirme que é possível e diz-se engenheiro, mas repito a questão: são 13 blocos pesando no mínimo duas toneladas, dois mil quilos, por hora, ininterruptamente durante vinte anos. Não seria mais honesto dizer-se que não se sabe, verdadeiramente, quem mandou construir a pirâmide, como foi construída e qual a sua verdadeira antiguidade? E dizer-se também que não se sabe para que serviam essa e todas as outras pirâmides? Por que se recusam sistematicamente evidências da existência duma civilização altamente desenvolvida, que na Mesopotâmia receberam o nome de deuses, ou anunnakis, e na Bíblia, antes da sua deturpação por conveniências religiosas, são chamados de elohins? Outro factor importante em relação à grande pirâmide é o conhecimento científico que permitiu a sua construção em termos arquitectónicos tão perfeitos e que não teve nenhuma evolução posterior. Como tudo o que existe sobre a Terra tende para a perfeição, evolui para a perfeição, porque será que esse conhecimento e essa técnica se perdeu definitivamente e nunca mais se construiu nada igual? O planeta inteiro está cheio de vestígios duma era remota em que se construía em pedra e ninguém sabe porquê. A maioria dos especialistas prefere olhar para o lado e agarrar-se aos seus preconceitos estabelecidos em cátedra, como se fossem conhecimento científico. Não, não é conhecimento, é desonestidade. Os poucos que procuram outras explicações, às vezes exagerando nas suas próprias crenças, são descriminados, desautorizados e ridicularizados. Há livros, apoiados em estudos de especialistas de várias universidades espalhadas pelo mundo, que explicam como esta civilização começou na Suméria, como cidades-estado se organizaram à volta dum templo dedicado a determinado deus, mas não explicam como essas populações foram ensinadas, como é que deram nome ao seu deus, como é que aprenderam a organizar-se dessa maneira. Em livro recente, o antigo tradutor de textos antigos no Vaticano, Mauro Biglino, diz-nos coisas muito interessantes que os teólogos e os fanáticos bíblicos não gostam. Ele diz e demonstra que a Bíblia não é um livro sagrado e que não fala nunca em Deus, mas em Elohins. O não ser um livro sagrado, como muitos outros espalhados por outras religiões que não o cristianismo, não surpreende porque a Bíblia tem sofrido ao longo do tempo alterações no texto de modo a conformar-se com a vontade de quem tem o poder religioso na época. Muitas dessas alterações adulteraram completamente os textos e significados originais. Uma das versões muito usada actualmente é a versão do frade João Ferreira de Almeida, que é a preferida das igrejas pentecostais e neopentecostais e que teve a sua última revisão completa em 1956. Mauro Biglino diz o seguinte: “Uma história que os detentores do conhecimento idealizaram, utilizando os textos considerados sagrados como mero pretexto, como inspiração para dar voz a uma criação artificial”. Para mim, o Antigo Testamento só é verdadeiro porque se trata dum conjunto de escritos antigos que relatam, na opinião dos antigos escribas ou de quem os mandou escrever, a história de Israel, ou do povo judeu. Chamar a Jeová, Yahweh ou Javé, nunca foi a intenção de o considerar o Deus criador de todas as coisas, criador do Universo, das galáxias, etc., porque esse Deus não se deve nomear. Quem o transformou nesse Deus criador de todas as coisas foram os cristãos, os rabinos judeus nunca o consideraram com tal. Manuel Pina Julho de 2023