terça-feira, 30 de junho de 2009

Cadernos Esotéricos - A Era dos Deuses - IX - Jericó

Jericó é talvez a cidade mais antiga do mundo, a par em antiguidade com as cidades da Suméria, mas mais evoluída em termos de organização urbana e qualidade das construções. Fica situada na margem ocidental do rio Jordão e controla a travessia deste rio. É provável que na margem oriental tivesse havido uma cidade semelhante, alguns achados arqueológicos naquela margem parecem confirmar esta hipótese.
Segundo a Bíblia, Jericó foi a primeira grande conquista efectuada pelos israelitas na sua demanda da Terra Prometida, depois da morte de Moisés. Liderados por Josué, escolhido por Iahweh para os comandar, os israelitas lançam-se à conquista daquela cidade. As milenares muralhas da cidade caem sob o som das trombetas dos israelitas e depois, seguindo as instruções precisas de Iahweh, assaltam a cidade e matam todos os seres vivos que ali se encontram, homens, mulheres, velhos, crianças, animais, tudo, tudo foi dizimado, excepto uma prostituta e sua família, por ter abrigado dois espiões israelitas. È Interessante como as prostitutas aparecem mencionadas na Bíblia em diversas ocasiões.
Tudo isto está pormenorizadamente descrito no Livro de Josué da Bíblia, que nos mostra também algumas coisas curiosas. Por exemplo, o aparecimento a Josué, não se sabe de onde, de um homem brandindo uma espada e que diz ser o chefe do exército de Iahweh. Então, Iahweh (Javé em português) tinha um exército.
Nenhum israelita saído do Egipto tinha sobrevivido aos 40 anos de deambulação pelo deserto, os que chegam às portas de Jericó e de Canaã, a Terra Prometida, são todos descendentes dos primeiros, pelo que se torna necessário circuncidá-los. Isto porque Iahweh havia jurado que eles não veriam a terra que lhes prometera. Portanto, Iahweh é um deus que faz juramentos e é vingativo, para além de cruel e sanguinário.
As trombetas que fizeram desabar as muralhas de Jericó deviam ser alguma espécie de arma usada pelos deuses, pois não parece que trombetas usadas pelos israelitas pudessem fazer tal estrago.
Acontece porém que estamos perante uma fábula. Esta história do Livro de Josué e a tomada de Jericó não passam de uma fábula. Porque aparentemente o Êxodo, a saída dos israelitas do Egipto, não existiu. Assim como Moisés também não existiu, a sua história é uma adaptação da história de Sargão I da Acádia (baixa Suméria), salvo das águas pela deusa Inana ou Ishtar, da qual se tornou amante e depois, com a ajuda dela, se tornou rei da cidade e do território. Para os eruditos cabalistas judeus a saída do Egipto representa a aquisição do corpo mental por parte do povo israelita, ou seja, corresponde a uma evolução do povo judeu, melhor dizendo, a uma maior tomada de consciência.
Ao mesmo tempo em que muitas das antigas cidades referidas na Bíblia têm vindo a ser achadas pela arqueologia, não foi encontrado o menor vestígio acerca da existência de Moisés, assim como da saída do Egipto do povo israelita. Quando se refere que o Génesis teria sido escrito por Moisés, isto também parece não corresponder à verdade pois, a explicação mais aceite é a de que os autores do Génesis teriam sido sacerdotes judeus após a sua libertação do cativeiro na Babilónia. Também não se sabe exactamente qual o faraó que estaria no poder no Egipto quando do Êxodo. Depois, não existe uma única inscrição egípcia contando a história de Moisés e a fuga do povo judeu. Portanto, tudo leva a crer que esta parte inicial da Bíblia foi decalcada de histórias babilónicas ou sumérias – o próprio Abraão era natural de Ur, na Caldeia, sul da Mesopotâmia.
Para Ambrogio Donini, na sua História do Cristianismo, Josué é uma forma abreviada de Jehoshuá, que em hebraico significa “Javé é salvação” ou “Deus que salva”. Em termos populares, estes significados transformaram-se em “salvador”. Na sua forma mais simples e mais popularizada, é Jesus.
Ainda de acordo com Donini, Jesus, como abreviação de Jehoshuá, aparece repetidamente na Bíblia, algumas vezes como Josué, como é o caso da tomada de Jericó, mas outras como Jesus. Pelo menos três são mencionados no Novo Testamento: Jesus, pai do mago cipriota dos Actos dos Apóstolos (XIII,6), Jesus “o justo”, colaborador de Paulo na epístola aos Colossenses (IV,11) e o misterioso Jesus-Barrabás que aparece em alguns textos gregos e na versão síria e arménia do Evangelho de S. Mateus.
Mas voltando a Jericó, a narração da sua conquista e do banho de sangue que ela implicou, sob as ordens de Iahweh, deve ser um reflexo das chamadas guerras dos deuses, em resultado das quais várias cidades foram bombardeadas por engenhos nucleares, como Sodoma e Gomorra. Estas cidades terão sido destruídas por se oporem à facção dos deuses a que tinha aderido Abraão e seu povo. Assim, nada mais natural do que Iahweh considerar o povo israelita como o seu povo eleito.
O enigma de Jericó tem a ver com a sua antiguidade. Numa altura em que o ser humano ainda não vivia em povoados, já Jericó era uma cidade, pois há vestígios arqueológicos que remontam a sua condição de urbe a qualquer coisa como 8.500 anos antes da nossa era.
O mais intrigante ainda é que se descobriram silos para a armazenagem de cereais. Junto do Mar Morto, numa depressão de 250 metros abaixo do nível do mar, numa região muito quente imprópria para o cultivo de cereais, estes silos provam a existência de uma organização eficiente que importava cereais de algures e os armazenava para abastecimento local.
A questão principal e que continua a intrigar os estudiosos da arqueologia é: quem eram os habitantes de Jericó?