segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Cosmos, o Homem e a Evolução

10. Decadência e Ressurreição

“A alma da terra queixava-se a Brahma dizendo-lhe: «A raça dos filhos da impiedade multiplicou-se até ao infinito. O orgulho deles é insuportável e eu gemo na opressão, sob o peso da iniquidade: Vem em meu socorro, ó Brahma!»” (A Lenda de Krishna – extracto do Bhagavadam, Livro Canónico Hindu – Eliphas Levi)

Este é o último capítulo da série em que pretendi efectuar uma espécie de voo de ave sobre as questões primordiais que têm afligido o género humano desde que anda sobre a Terra. Escolhi este título, “Decadência e Ressurreição”, no sentido de que a morte não existe, existe apenas transformação. Da mesma forma que o homem não morre, assim as civilizações não morrem, prosseguem sob outras formas, mas sempre num processo de transformação. As civilizações sucedem-se umas às outras, a um período de decadência sucede-se um período de ressurgimento ou renascimento. Sempre foi assim e assim será.
Já vimos que a Atlântida não era a “terra do leite e mel”, o paraíso perdido, que muitos podem pensar. De facto, não era essa terra de eleição, e basta pensarmos que, se os atlantes conseguiram desenvolver uma capacidade única no domínio da energia, como é que se deixaram arrastar para o fundo do mar sem terem tomado as providências necessárias que salvaguardasse, pelo menos o essencial, da sua civilização? Naturalmente, que alguma coisa foi salva das águas, que houve sobreviventes, mas estes talvez não tenham querido, ou não tenham podido refazer em outras terras o que tinha levado à perdição da Atlântida.
Um texto da autoria de Mark Hammons e denominado “Cientismo = A Criança Atlante das Trevas”, diz que os atlantes não desapareceram, que continuaram e continuam, de reencarnação em reencarnação, e que hoje estão aí, fazendo as mesmas coisas à Terra que os atlantes fizeram, que apenas os nomes são outros. Que estes seres eram experimentadores obcecados em transformações materiais. Que causaram terríveis danos à Terra, simplesmente porque detinham esse poder. Que envenenaram a biosfera, romperam estruturas da Terra para tomar dela tudo quando desejavam sem nenhum respeito pela sua integridade. Que em todos os níveis a poluição era imensa. Diz ainda que eles fizeram isto tudo porque assumiram que a sua existência era mais importante que o sistema planetário em que estavam integrados.
As pessoas tendem a pensar que os atlantes eram uma grande civilização de seres iluminados. É verdade que havia estes seres na Atlântida, verdadeiros sábios e pessoas de muito elevada estatura moral, mas eram uma pequena minoria. A maioria ignorou todos os avisos, não quis saber de nada, ocupada apenas com a satisfação do seu egoísmo.
Infelizmente, parece que este relato pertence à nossa actualidade, pois todos bem sabemos o que o homem tem feito à Terra, principalmente neste curto período que não chega a dois séculos, desde a “revolução industrial” até aos dias de hoje. O amanhã apresenta-se com cores muito escuras pois, apesar das tímidas reacções que aparecem um pouco por toda a parte, o homem, na realidade, continua a sua marcha a caminho da ruptura com as forças planetárias.
Neste início de século e de milénio, assistimos a um sentimento curioso que parece ter estado sempre escondido ou adormecido no interior de cada um, que é o sentimento de um desastre iminente, parece que todos estamos à espera que algo de muito mau venha a acontecer ao planeta. Abundam as profecias, as antigas e as novas; descobrem-se profecias escondidas nos versículos do Antigo Testamento e até nos Salmos; estudam-se e encontram-se novas revelações nas profecias de Nostradamus; já há uma data para o anunciado fim do mundo, 21 de Dezembro de 2012, segundo um calendário maia; encontram-se novas interpretações para o Apocalipse de S. João. Sem querer aprofundar muito a questão e para além de constatar o facto do planeta ter atingido um estado quase crítico devido à ganância e à falta de respeito que o homem tem tido para com a natureza, julgo que este sentimento tem a ver com memórias longínquas de outras catástrofes, aquelas que se abateram sucessivamente sobre a Atlântida.
Os reis-sacerdotes toltecas que levaram a Atlântida ao apogeu do seu desenvolvimento material imprimiram também entre a população um elevado código de valores morais e espirituais. Mas como sempre acontece, a lei da dualidade está sempre presente em todos os seus aspectos, há sempre o lado luminoso e o lado sombra. Ao mesmo tempo que a civilização tolteca assentava em bases de natureza elevada, foram-se desenvolvendo também outros sentimentos inferiores. Se por um lado se procurava a harmonia com os poderes do alto, pelo outro lado se cultuavam cada vez mais os poderes das trevas, a magia negra. Sendo a Atlântida um conjunto de sub-raças, todas elas oriundas da raça-raíz dos sobreviventes da Lemúria, cada uma delas constituiu-se como uma nação diferente, ou seja, a Atlântida era uma mapa de nações e cada uma delas era governada ou tinha a supremacia de uma das sub-raças. Isto fazia com que houvesse guerras frequentes, com vencedores subjugando os vencidos, ou tratados de paz com o correspondente estabelecimento de novas fronteiras.
Uma dessas nações era dominada pelos turanianos, uma raça de tez amarelada, que mantinham com os toltecas um tratado de amizade e boa vizinhança. Só que a partir de determinada altura, os turanianos cortaram os laços que os ligavam aos poderes do alto, romperam o pacto fraternal com os toltecas e, sob o impulso da ambição e da luxúria substituíram os cultos por outros de natureza sangrenta. Acabaram por submeter a nação tolteca cujos reis e seus seguidores, não podendo resistir ao ímpeto agressivo dos invasores, se refugiaram no norte sob a protecção de uma nação aliada, os tlavatlis.
É durante o reinado dos turanianos que a Atlântida conhece a sua fase mais negra, da qual nunca mais se recompôs, pois foi no fim desta fase que acabou por desaparecer nas águas. É o império da cobiça, da violência e do terror. A magia negra toma conta dos templos onde passam a sacrificar-se animais e até seres humanos. Os governantes endeusam-se, erguem estátuas a si próprios e fazem-se rodear de multidões de homens e mulheres escravizados. A mulher torna-se um instrumento de prazer, o delírio sensual cresce assustadoramente e a poligamia passa a ser uma situação normal. Esta decadência de costumes e de valores, esta entrega às forças mais inferiores durou séculos até à extinção completa desta ilha de Poseidon descrita por Platão, que aconteceu cerca de dez mil anos antes de Cristo.
Entretanto, desde o início do domínio dos turanianos, alguns dos povos da Atlântida, fugindo do despotismo, da injustiça e da escravatura, foram emigrando para oriente. Estes imigrantes que caminhavam para oriente para fugir das calamidades da sua terra eram amarelos uns, outros de cor acobreada, outros vermelhos, outros ainda negros. Estas eram as cores das sub-raças existentes na Atlântida e que povoaram o mundo um pouco por toda a parte. No entanto, um outro povo também emigrou e se fixou inicialmente na região que é hoje a Irlanda. Este era um povo de raça branca, a origem dos semitas e dos arianos. Não se sabe exactamente como apareceu este povo de raça branca na Atlântida, provavelmente por cruzamentos múltiplos das várias sub-raças ali existentes.
Esta raça branca encetou uma longa caminhada rumo aos planaltos da Ásia central, um êxodo que durou provavelmente alguns séculos, pois se fixaram primeiramente no norte, numa região alargada que compreendia a Irlanda de hoje, a Inglaterra e os Países Nórdicos. Estes homens eram conduzidos por guias, os mesmos guias que tinham instruído os reis toltecas, e em cada paragem que faziam, em cada região que iam ocupando, era um tempo em que os homens aprendiam mais alguma coisa.
A variante ariana desta raça, veio a dar origem aos árias da Índia, aos iranianos, aos gregos, aos celtas e aos povos germânicos, numa altura em que a sua caminhada se fez em sentido contrário, ou seja, depois de terem atingido os altos planaltos da Ásia central, daí retornaram para se estabelecerem em vastas regiões até à Europa ocidental. A outra variante, a semítica, estabeleceu-se na Caldeia e é a origem dos povos semitas do Médio Oriente, como os caldeus, os babilónios, os assírios e os hebreus.
Aqui surge uma pergunta: então os egípcios? Qual a origem deles e da sua portentosa civilização? Os egípcios não eram de origem ariana ou semita, embora os nazis quando no poder na Alemanha e durante a Segunda Grande Guerra, na sua louca e hilariante (dramática para os que sofreram as suas consequências) procura da “raça pura ariana” tenham tentado estabelecer fortes laços de aliança com os egípcios e com algumas das nações árabes, no pressuposto de terem uma origem comum. Claro que tinham uma origem comum, mas também os semitas a tinham. Essa origem era a Atlântida, e os primitivos egípcios, os que ergueram aquela formidável civilização, eram de raça vermelha, como vermelhos eram os índios da América do Norte e os maias da América Central.
Isto poderá fazer pensar que esses povos que foram migrando ao longo dos séculos da decadência da Atlântida, iam ocupando a “terra de ninguém”, isto é, que o resto do mundo estava vazio e eles simplesmente ocupavam as terras onde chegavam. Naturalmente que não eram assim. Quando a Lemúria acabou houve outros sobreviventes além daquela elite que se estabeleceu na Atlântida. Estes sobreviventes devem ser a origem primitiva dos actuais nativos da Austrália e dos malaios, assim como alguns dos povos que têm vivido no sul da África e até da Índia. Por outro lado, como vimos atrás, havia outros seres humanos organizados em tribos mais ou menos selvagens, os quais são muito provavelmente representados pelo homem de Neandertal e pelo homem de Cro-Magnon. O que acontecia com essas migrações é o que tem acontecido sempre: os invasores submetiam os naturais e impunham-lhes as suas leis e os seus costumes, ou eram absorvidos pelas populações locais, com as quais se cruzavam em todos os aspectos, não só em termos culturais mas também fisicamente. Os povos que resultaram destes cruzamentos pacíficos, ou mesmo violentos, se por um lado mantiveram certos traços que revelavam as suas origens, por outro lado eram, de facto, o resultado dessa mistura de raças, ao ponto de nenhuma das raças que emigrou da Atlântida se ter mantido na sua pureza original. Esta pureza, se existiu, foi apenas no princípio.
Um outro aspecto importante é que não foram apenas os homens de raça branca que emigraram, outros também o fizeram, como os vermelhos, os amarelos e os negros, e todos transportaram com eles toda a carga cultural da sua terra de origem, os valores e os costumes mais elevados, mas também os outros, o conhecimento das forças inferiores. Por isso, porque nem tudo o que esses emigrantes trouxeram era bom, nem todos eram homens preocupados em fazer o bem, havia muitos que procuravam o poder sobre os outros homens através de práticas de magia negra. Entre os semitas da Caldeia estabeleceram-se cultos a deuses sanguinários, como o culto a Moloc que exigia sacrifícios humanos. Sacrifícios humanos eram também prática comum entre os aztecas do México, descendentes degenerados dos maias, estes oriundos também da Atlântida. Entre os arianos espalhados um pouco por toda a Europa, havia também cultos sanguinários. Para além dos sacrifícios humanos, vulgarizaram-se os sacrifícios de animais, mesmo entre os hebreus e os egípcios, que mantinham templos com essa finalidade. Apesar de toda a instrução recebida dos Manus, dos guias divinos, muitas das populações adoptaram práticas aberrantes.
Nós sabemos que todos os grupos humanos são dirigidos por uma elite, a qual fornece os líderes necessários à sua condução. Tanto em política como em religião, há sempre uma elite que dirige as coisas, e os líderes não são mais, na maioria das vezes, do que a ponta do “iceberg”, são apenas instrumentos controlados por essas elites. O exemplo recente mais conhecido é o caso do Hitler, na Alemanha, e o caso de todos os ditadores que governaram muitos dos países na primeira metade do século passado. Por outro lado, a democracia também não altera grandemente as coisas, porque afinal as pessoas escolhem os líderes que a elite já escolheu e catapultou para a ribalta das eleições.
Na história da humanidade que conhecemos, são muito raros os líderes que apareceram espontaneamente, ou por inspiração divina, e se tornaram guias de povos, orientando-os e governando-os com sabedoria. A grande maioria destes homens sábios prefere manter-se por detrás do pano, nos bastidores, procurando controlar os acontecimentos pela influência junto das forças dominantes. Foi assim no Egipto, com o faraó Tutmés III, que através de um colégio de sábios procurou estabelecer, ou restabelecer, o culto à divindade única, façanha conseguida mais tarde, por Amenófis ou Amenhotep IV, mais conhecido por Akhenaton. Todo este esforço foi frustrado, porque a elite que sustinha Akhenaton não detinha, verdadeiramente, o poder político e religioso do Egipto. Este poder há muito que tinha caído nas mãos dos sacerdotes.
Da mesma forma que aconteceu na Atlântida, o Egipto entrou em decadência pela prática e vontade destes sacerdotes e dos faraós que se seguiram a Akhenaton, restabelecendo o culto a Amon e entregando-se a práticas de natureza inferior. O texto que se segue retirado da obra “Egipto Secreto” de Paul Brunton, é um claro retrato do que aconteceu ao Egipto nos últimos tempos:
“Os que violentaram as tumbas dos antigos egípcios, libertaram forças que puseram em perigo o mundo. Abriram, sem o saber, os túmulos daqueles cujo ofício era a magia. Na fase final da história egípcia, a feitiçaria e a magia negra eram prática corrente. Quando se escureceu a Luz Branca da verdade que refulgia anteriormente, as fétidas sombras de falsas doutrinas materialistas avançaram e generalizou-se a prática de mumificação, acompanhada do seu complicado ritual complementar. Havia um elemento de interesse pessoal oculto, tratando de prolongar e conservar o laço físico com o mundo da matéria: o embalsamamento do corpo.
Nesse sombrio período, aqueles que possuíam muitos conhecimentos e pouca piedade, invocavam as forças infernais das trevas. Às vezes, o embalsamamento era para proteger o espírito da destruição no “purgatório” que o aguardava depois da morte. Em quase todos os casos, esses homens preparavam os seus túmulos antes de morrer. Uma vez pronta a tumba, invocavam um ente do mundo dos espíritos, criação elemental artificial, imperceptível aos sentidos físicos, por vezes bom, mas geralmente maldoso, para que protegesse e vigiasse a múmia, actuando na sepultura como um espírito guardião. Essas forças eram, frequentemente, satânicas, ameaçadoras e destruidoras. Estavam dentro das tumbas fechadas e podiam continuar existindo durante milénios. Quando as tumbas foram abertas, saiu uma verdadeira chusma de perniciosos entes do infra-mundo dos espíritos que se lançaram em fúria sobre o nosso mundo físico. Esses espíritos elementais peculiarmente criados são, neste século, suficientes em quantidade para, do seu reino invisível que, embora imaterial e etéreo é assaz próximo e poderoso, influir na existência física dos seres viventes e aterrorizar o mundo.”
É uma descrição terrível, esta, sobre os últimos tempos da que um dia foi uma incomparável civilização. Terrível também porque o homem, na sua cupidez e ignorância, tem vindo a profanar esses locais que estavam destinados a ficarem adormecidos por toda a eternidade, libertando toda uma legião de seres que, de uma maneira ou de outra, têm vindo a exercer uma influência perniciosa sobre a humanidade. E não se diga que muito do que foi profanado foi por motivos científicos e de investigação, porque afinal, nada se acrescentou de conhecimento sobre o Egipto através deste processo. Por exemplo, não se ficou a saber, na verdade, mais sobre Tutankhamon depois da descoberta da sua câmara funerária com a múmia e ornamentos intactos.
Tal como o movimento aparente do Sol no céu diurno, todas as civilizações nascem, vão-se elevando lentamente até atingirem o zénite do meio-dia. É nesta altura que atingem o seu apogeu, todo o esplendor do que foram adquirindo no difícil caminho ascendente. Depois, começam a descida, degenerando e envelhecendo lentamente, até se perderem definitivamente na agonia do ocaso. Acontece o mesmo com o homem e com todos os seres criados – nascem, crescem, atingem o apogeu, depois vão envelhecendo até a morte os fazer partir. O caminho ascendente de crescimento é uma via festiva e renovadora, é quando o verde viceja nos campos e a natureza se veste de cores; o caminho descendente é uma via dolorosa, no homem é todo o cortejo das doenças, das impotências, das faculdades diminuídas; nas civilizações é a degeneração de costumes, a inversão de valores, o emergir da parte obscura do homem. Esta parte obscura esteve e está sempre presente, em todas as circunstâncias, apenas ofuscada pela luminosidade dos períodos áureos. E quando essa luz vai diminuindo é que ela se começa a manifestar em toda a sua força, até controlar completamente o corpo moribundo e acabar de o matar.
Segundo a “Doutrina Secreta”, o homem existe sobre a Terra há dezoito milhões de anos, e durante este tempo imenso tem evoluído nas suas formas até se tornar no que é hoje. Começou por um ser etéreo e andrógino igual aos anjos, depois um pouco mais denso e hermafrodita, mais tarde, à medida que a densidade do seu corpo físico aumentava, separou-se em dois sexos diferentes e complementares. A este respeito, o “Zohar” hebreu diz que o homem que se separa da humanidade, recusando amor a uma companheira, não encontrará lugar depois da morte na grande síntese humana, que permanecerá fora, estranho às leias de atracção e às transformações da vida.
Pois é disto que se trata – transformações da vida. Toda a história que temos vindo a tentar contar sobre o nascimento e evolução cósmica, a formação do homem e a sucessão das suas várias formas através das humanidades que foi constituindo, tudo isto não é mais do que as transformações da vida a que o homem tem estado sujeito, por ser o objectivo de toda a Criação, porque tudo foi feito e está feito em função do homem. O mesmo livro que referimos no parágrafo anterior, o “Zohar” diz que o equilíbrio do homem é também o da natureza, e que sem o homem, o mundo não existiria. Porque o homem é o receptáculo do pensamento divino que cria e conserva o mundo; o homem é a razão de ser da Terra; tudo quanto existiu antes dele foi trabalho preparatório para o seu nascimento e sem o concurso dele a criação inteira teria sido um aborto.
Isto é o que nos diz o “Zohar”. Foi por isto, por o homem antigo ter criado a ideia de que era o reflexo do pensamento divino e ser a razão de ser de toda a Criação, que idealizou Deus como um ancião de longas barbas brancas e o colocou num trono no céu, como vem também descrito no Apocalipse de S. João. Neste, somos surpreendidos logo no primeiro capítulo, onde se diz que João foi arrebatado aos céus em espírito e se viu defronte de “Aquele” que estava no meio dos “sete candelabros de ouro”, tinha numa das mãos “sete estrelas” e lhe disse para escrever o que via e depois lhe ditou cartas para enviar às “sete igrejas”. “Aquele” diz a João que as “sete estrelas” são os anjos das “sete igrejas” e que os “sete candelabros” são as “sete igrejas”. Não precisamos de fazer nenhum esforço para vermos aqui retratado o que a antiga tradição diz: que houve sete deuses criadores que criaram sete homens diferentes em sete locais da Terra, ou seja, que as “sete estrelas” são os Anjos (Arcanjos), os “sete candelabros” os sete Homens (Adão) primordiais, as “sete igrejas” os sete locais da Terra. Por outro lado, as “sete igrejas” podem também significar as “sete raças” que a antiga tradição diz serem as raças raiz, cinco das quais já estão consumados pois, de acordo com essa mesma tradição, nós actualmente pertencemos à quinta raça, ou somos uma variante dessa quinta raça.
Olhando para a história da Atlântida, não podemos também deixar de ver ali um esboço, quase uma cópia, de toda a tradição que nos fala sobre a criação do homem. Segundo esta, quando os sobreviventes lemurianos chegaram à Atlântida, estava-se na transição da 3ª para a 4ª raça, e desta vêem-se a originar as várias sub-raças da 5ª que povoam a Terra, 5ª raça que são os emigrantes que fugiram da Atlântida. Ora, se nos remetermos apenas à história da Atlântida, encontramos exactamente a mesma sequência. Vejamos:
· Temos um primeiro período que podemos chamar de 1ª raça, quando os lemurianos, conduzidos por Manu, chegam à Atlântida há mais de um milhão de anos.
· O primeiro cataclismo acontece há cerca de oitocentos mil anos, originando um segundo período, que podemos chamar de 2ª raça.
· Este segundo período termina com outro cataclismo, há cerca de duzentos mil anos. O período que se segue podemos chamar de 3ª raça.
· Há oitenta mil anos, a Atlântida foi de novo destruída. O período que se seguiu e terminou há doze mil anos, podemos chamar de 4ª raça.
· Portanto, nós somos a 5ª raça, aquela que se originou na Atlântida durante a vigência da 4ª raça, nos imigrantes que demandaram as terras do oriente e nos sobreviventes do último cataclismo.
Acabamos por não saber se esta história foi decalcada da tradição acerca da Criação e da criação do Homem, ou se o Génesis, a cosmogonia caldeia e toda a tradição antiga são inspirações da história atlante.
O que sabemos, é que o homem em todo o seu extenuante e longo caminhar sobre a Terra, tem tido sempre uma capacidade impar de regeneração e de renascimento. Ele é um criador, cria civilizações, cria mundos, os quais, ou por degeneração ou por calamidades, são destruídos, para renascerem mais tarde com outros homens, também eles renascidos. Como a fénix, que no mito se consome no fogo a cada quinhentos anos para depois renascer vivificada, o homem parece ressurgir das cinzas para continuar a criar, reforçado pelos ensinamentos do passado, mas cometendo, talvez, os mesmos erros. No Antigo Egipto, a fénix representava o Sol, que morre no anoitecer e renasce na aurora do dia. Para a tradição cristã, a fénix é o símbolo da imortalidade e da ressurreição.
No seu caminhar sobre a Terra, o homem vive permanentemente a luta da sua dualidade que se manifesta em todos os aspectos, pois ele é macho e fêmea, ele é positivo e negativo, mas também é corpo material e espírito. Como diz Aldous Huxley na “Filosofia Perene”: “Eu sou o poeta do corpo e o poeta da Alma. Os prazeres do Céu estão em mim e as dores do inferno estão em mim. Os primeiros eu cultivo e alimento em mim mesmo, os segundos eu traduzo para uma nova língua”.
Por ser assim um ser duplo na sua essência, tudo o que o homem cria é um reflexo de si mesmo, e carrega consigo essa carga dual na busca sempre precária do equilíbrio. As civilizações são o reflexo dos homens que as criam, as compõem e nelas vivem, e se elas entram em decadência depois de atingirem o seu apogeu, é porque os homens que as constituem se deixaram subjugar pelo seu lado sombrio. É como se tratasse de uma nova “queda”. Foi assim com todas as civilizações que existiram até aos dias de hoje, e será sempre assim, até o homem conseguir atingir um estado de perfeição que não lhe permita mais ver-se subjugado pelos valores mais obscuros do plano material. Até lá, estará sempre sujeito à “queda”, mas, haverá sempre a esperança da ressurreição.
Apesar de todas as iniquidades que vemos acontecer no dia a dia, apesar de todas as angústias que nos assaltam neste início de milénio, apesar de todas as profecias anunciarem as maiores desgraças para a humanidade, essa esperança reside no coração de cada um, porque seja o que for que venha a acontecer, o homem sobreviverá para continuar a missão que lhe foi conferida pelo Criador. E para terminar, julgo adequadas as palavras de Victor-Emile Michelet, num poema seu intitulado “O Silêncio”.

O Silêncio
Não terás outra morada além do teu coração,
Pois na Terra, onde somos peregrinos,
Ninguém construirá morada permanente:
Não terás outra morada além do teu coração.
Então, ao redor dele, na atmosfera ardente,
Que dele nasce, que o envolve e que aspira
Todos os raios vindos das coisas que deseja,
Evoca o silêncio e o divino silêncio;
A forma que reveste a primeira hipóstase
Te levará nas quatro asas do êxtase.
A vida interior é feita de silêncio.
É o palácio que tem por base o silêncio.
É a flor do fogo: o silêncio é o vaso,
O silêncio é o vaso onde bebes a beleza.
Tu que passas aqui, com certeza mas sacudido
Entre tua vida real e tua vida aparente,
Tua vida real, tenebrosa e veemente
Como a paixão, o trovão e a morte,
Cobre com um véu de sombra e noite o tesouro
Dessa vida interior, que escolhe
Entre tuas almas a melhor e mais pura,
Para que nada atente para seu mistério intenso,
E que sua força virgem, integral, se aplique
A edificar a arte em que as mãos do silêncio
Venham a tecer o manto da tua alegria.

Victor-Emile Michelet



Obras consultadas para a elaboração desta série de crónicas dedicadas à evolução do homem e do universo:

1. A “BÍBLIA”.
2. “A DOUTRINA SECRETA” de Helena Petrovna Blavatsky – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
3. “APÓCRIFOS – OS PROSCRITOS DA BÍBLIA” – compilação de Maria Helena de Oliveira Tricca – Editora Mercuryo – São Paulo, Brasil.
4. “AS PROFECIAS DO PAPA JOÃO XXIII” de Pier Carpi – Edições António Ramos – Lisboa, Portugal.
5. “O CAMINHO DA KABBALAH” de Z’ev bem Shimon Halevi – Editora Siciliano – São Paulo, Brasil.
6. “TRATADO DA REINTEGRAÇÃO DOS SERES CRIADOS” de Martinets de Pasquallys – Edições 70 – Lisboa, Portugal.
7. “A EVOLUÇÃO DIVINA DA ESFINGE AO CRISTO” de Édouard Schuré – Editora Ibrasa – Instituição Brasileira de Difusão Cultural, Lda – São Paulo, Brasil.
8. “O LIVRO EGÍPCIO DOS MORTOS” traduzido para o inglês por E. A. Wallis Budge – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
9. “A CABALA” de Papus – Editora Martins Fontes – Sociedade das Ciências Antigas – São Paulo, Brasil.
10. “AS ORIGENS DA CABALA” de Eliphas Levi – Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
11. “OS SOBREVIVENTES DA ATLÂNTIDA” de Juan G. Atienza – Editora Mercuryo – São Paulo, Brasil.
12. “THE BERMUDA TRIANGLE” de Geoffrey Keyte – Internet.
13. “ACCESSIBLE REMAINS OF ATLANTIS” de Mark Hammons – Internet.
14. “FORBIDDEN ARQUEOLOGY” de Michael Cremo, Richard L. Thompson e Stephen Bernath – Internet.
15. “SCIENTISM = ATLANTEAN CHILDREN OF DARKNESS/BELIAL de Mark Hammons – Internet.
16. “EGIPTO SECRETO” de Paul Brunton. Editora Pensamento – São Paulo, Brasil.
17.
18. “A FILOSOFIA PERENE” de Aldous Huxley.
19. “BHAGAWAN SRI SATHYA SAI BABA” – “MATERIALIZATIONS” – Internet.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Cosmos, o Homem e a Evolução

9. A Atlântida – Origem da nossa civilização?
“O Atlântico era então navegável e havia, diante do desfiladeiro que vós chamais de Colunas de Hércules uma ilha maior do que a Líbia e a Ásia.”(Platão)
Deve haver poucos temas sobre os quais se tenha escrito e contado tanto como o que se escreveu e contou acerca da Atlântida. As bibliotecas do mundo inteiro estão cheias das mais diversas versões acerca daquele “continente perdido”. A noção, que todos mais ou menos temos, acerca da Atlântida, é que se tratava de uma civilização altamente evoluída, com técnicas e conhecimentos ainda não ao alcance do homem de hoje; uma terra mítica, no sentido do “Jardim do Éden”, em que as pessoas viviam felizes no meio do maior fausto e riqueza. Mas será que era assim?
O relato mais antigo nos chegou acerca da Atlântida, devemo-lo a Platão, nos seus diálogos “Timeu” e “Crítias”. Para os gregos, que foram buscar a história da Atlântida ao Egipto (Platão, como muitos outros filósofos gregos, esteve no Egipto onde foi iniciado nos “Mistérios”), ela teria sido destruída e submersa numa catástrofe ocorrida nove mil anos antes da época de Sólon. Mas os egípcios sabiam mais do que isso, sabiam que esse episódio se referia à última Atlântida, porque houvera outras Atlântidas anteriores no tempo, tão antigas que se perdiam na memória. Supõe-se que toda a história da Atlântida estaria secretamente guardada num templo de Tebas, no Egipto, cujo último sumo-sacerdote conhecedor desses segredos terá sido Jetro, supostamente sogro de Moisés, que teria também iniciado este nesses segredos. Nas “Noções Gerais sobre a Cabala” de Sédir, capítulo incluído no livro “A Cabala” de Papus, encontramos a seguinte referência a propósito: “... é suficiente saber que na época em que vivia o jovem hebreu salvo das águas, os templos de Tebas continham os arquivos sacerdotais dos Atlantes e os da Igreja de Ram. Estes últimos eram uma síntese do esoterismo da raça negra recolhido pela antiga Índia, invadida pelos brancos. Por outro lado, Moisés recolheu nos templos de Jetro, último sobrevivente dos sacerdotes negros, os mistérios puros dessa raça. Assim, a tradição oral que o pastor dos hebreus deixa aos 70 eleitos por ele compreendia o conjunto de todas as tradições ocultas que a Terra havia recebido desde a sua origem”.
Para muitos autores, como é o caso deste, Sédir, Moisés realmente existiu, apesar das pesquisas históricas lançarem sérias reservas sobre a sua presumível existência, pois historicamente não existem fontes que provem de que ele era mais do que um mito criado pelos judeus. Para esses autores ele seria um alto iniciado nos “Mistérios Egípcios” e teria estado também em contacto com o denominado “Clube de Magos” da Caldeia, onde teria completado todo o seu conhecimento acerca das ciências ocultas. De posse de todo esse conhecimento teria sido o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia. Não cabe aqui nesta crónica demonstrar a existência ou não existência de Moisés. No entanto, é algo estranho que a sua história seja muito semelhante à de Sargão I da Acádia (Baixa Mesopotâmia), que viveu cerca de duzentos anos antes.
Uma vez que o povo hebreu é originário da Mesopotâmia, o próprio Abraão era natural de Ur, nada mais natural que as suas histórias sejam muito semelhantes às daquela região. Assim, é muito provável que o Pentateuco, os tais primeiros cinco livros da Bíblia, nos quais se inclui o Génesis, tenha sido escrito por sacerdotes judeus após a sua libertação do cativeiro na Babilónia. Até porque a cosmogonia caldeia sobre a Criação é muito semelhante à do Génesis.
Todas as civilizações antigas constituem de certo modo um enigma, principalmente as que se localizaram na região do Médio Oriente, como o caso da Suméria, da Caldeia e da Babilónia. Mas entre todas, a que parece constituir o enigma maior é a egípcia, talvez pela monumentalidade que nos legou e por todo o acervo escrito, que graças a Champolion e à Pedra da Roseta, pôde ser traduzido. No entanto, apesar do imenso caudal das coisas que pudemos decifrar da sua escrita hieroglífica não sabemos, na verdade, quem eram realmente os egípcios e de onde vieram. Como não sabemos onde foram buscar os conhecimentos que lhes permitiram construir as pirâmides de Gizé e a Esfinge, nem quando estes monumentos foram realmente construídos. Às pirâmides, os egiptólogos e os arqueólogos atribuem uma antiguidade de 2.500 a 2.700 anos a. C., mas à esfinge já não são tão seguros, dizem que a sua construção é anterior a 2.500 anos a. C. Outros, no entanto, afirmam que tanto as pirâmides como a esfinge são bem mais antigos. Já vimos atrás que a esfinge simboliza em si os quatro animais sagrados do Zodíaco – a evolução divina e terrestre, e diz-se também que as pirâmides, principalmente a maior, aquela a que se atribui o nome de Kéops, contém profundos conhecimentos, principalmente a história da humanidade passada e futura.
Num texto recente sobre os mistérios do “Triângulo das Bermudas”, encontrei uma história bem estranha. Em 1970, um naturopata americano chamado Dr. Ray Brown, fazia pesquisas submarinas com alguns amigos perto das Bahamas, num local chamado “A Língua do Oceano”, em busca de vestígios da Atlântida. Durante um dos seus mergulhos aconteceu ele separar-se dos amigos e viu-se de repente perante uma construção em forma piramidal e perfeitamente lisa. Nadou à volta e encontrou uma entrada, por onde passou para o interior da pirâmide. Não havia algas nem corais dentro da pirâmide, as paredes eram absolutamente lisas e emitiam uma espécie de luz que lhe permitia ver tudo à sua volta. De entre os vários objectos estranhos que ele viu no interior, a sua atenção foi chamada para uma esfera de cristal de uns dez centímetros de diâmetro, que ele recolheu quando se movimentava para abandonar o local. No momento em que ele deixava a pirâmide sentiu uma presença invisível e uma voz que lhe disse para não voltar ali nunca mais.
Com receio do objecto vir a ser confiscado pelo governo americano, o Dr. Brown não revelou a existência da estranha esfera de cristal até ao ano de 1975, quando a mostrou pela primeira vez num seminário psíquico em Phoenix. Depois disso, poucas vezes o cristal tem sido mostrado em público. As pessoas dizem que, olhando profundamente para o interior do cristal, vêem três pirâmides em tamanhos decrescentes, e aqueles que conseguem atingir um estado de meditação mais profundo, dizem que conseguem ver uma quarta pirâmide em primeiro plano em relação às outras três.
Poderemos ver nestas três pirâmides as de Gizé, as quais também são de tamanhos diferentes? Um médium de N. York disse, em transe, que a esfera tinha pertencido a Thoth, o deus egípcio, o qual tinha sido responsável pela construção de uma cripta secreta de conhecimento em Gizé, perto das três grandes pirâmides.
De um outro ângulo e em condições especiais, muitas pessoas afirmam ter visto um grande olho humano olhando-os serenamente. Temos aqui o “olho que tudo vê” ou o “olho da consciência” da mitologia egípcia.
Outros fenómenos parecem acontecer nas proximidades da estranha esfera de cristal, mas o que nos importa são aqueles que se referem acima estabelecerem um relação inequívoca entre um aparente achado de origem atlante e o Egipto. Não podemos estabelecer uma relação directa, pelo menos de forma exotérica, para além deste facto estranho e do enigma que constitui a origem da ciência egípcia que levou à construção das pirâmides e da esfinge. Pode haver muitas explicações, que as há seguramente, e até já se fizeram filmes a respeito, mas o mistério permanece insolúvel. Quem eram os egípcios? Seriam eles atlantes?
Uma organização suíça dedicada, segundo o título, à promoção da consciência espiritual na Internet, publicou recentemente um relatório da autoria de Mark Hammons com o título “Vestígios Acessíveis da Atlântida”. Há coisas muito curiosas neste relatório. Por exemplo, diz que o fundo do oceano Atlântico está cheio de lixo atlante, como os americanos sabem muito bem; que os atlantes não eram humanos (!?) ou pré-humanos, que eram adaptações criadas artificialmente a partir de hominídeos terrestres com uma consciência a quatro dimensões (!?); que eram, em certo sentido, intrusos neste mundo, que eram extraterrestres; que a consciência atlante evoluiu de uma forma etérea, quase incorpórea, uma variação de quatro dimensões, para uma forma mais física e sensual; que a evolução dos atlantes foi uma intrusão da consciência de quatro dimensões num plano de três dimensões, uma colónia de extraterrestres.
O relatório continua com explicações sobre a movimentação da crosta terrestre e a causa do afundamento do continente. Mas diz mais, que os atlantes viviam séculos ou milénios, mas que a duração da sua vida foi diminuindo à medida que o corpo ia ficando mais denso. Que não houve apenas uma Atlântida, que houve várias que se foram sucedendo de cataclismo em cataclismo, e que se quisermos encontrar vestígios dessas Atlântidas, podemos procurar no fundo do oceano, principalmente no “mar dos sargaços” onde encontraremos muitos, mas também em terra firme os há, nomeadamente na costa do Golfo do México, onde a marinha americana tem desenvolvido intensas buscas, que não torna públicas por não estar propriamente interessada em arqueologia, mas sim em tentar encontrar a tecnologia que os atlantes usavam para controlar a energia.
Acredite nisto quem quiser, mas o que surpreende mais nesta descrição é a similitude que existe com o que a tradição nos conta acerca da criação do homem, isto é, que este começou por ser um homem etéreo, incorpóreo, e que depois, por acção dos seres celestes se foi transformando no homem físico, como vimos nos capítulos atrás. Por esta razão me parece, que tanto o Génesis da Bíblia como a Cosmogonia Caldeia, poderão ter sido decalcados, com adequadas adaptações, da história da Atlântida via santuários egípcios onde estes segredos estariam guardados.
A época da passagem da 3ª para a 4ª raça, o desaparecimento da Lemúria e a sobrevivência de uma elite no novo continente, terá acontecido há mais de um milhão de anos. Para os que se recusam a aceitar esta antiguidade do homem na Terra, devo dizer que a Arqueologia moderna está cheia de evidências que comprovam que o homem é muito mais antigo do que a ciência oficial está disposta a admitir. O naturalista francês De Quatrefages, no seu estudo sobre as raças humanas, afirmou que o homem não variou um átimo na sua estrutura física desde o período pós-terciário, ou mesmo antes. Ora sendo o período terciário compreendido entre 65 e 1,6 milhões de anos, atira a antiguidade do homem, tal como é hoje, para alguns milhões de anos. Por outro lado, como se disse atrás, a arqueologia moderna tem provas dessa antiguidade. Vejamos:
· Em 1979, em Laetoli, na Tanzânia, foram descobertas pegadas humanas idênticas às actuais, com 3,6 milhões de anos.
· Em Kanapoi, no Quénia, foi descoberto em 1965 um osso humano do braço, igual aos ossos de hoje, com 4 milhões de anos de antiguidade.
· Em 1913, em Olduvai Gorge, na Tanzânia, foi descoberto um esqueleto humano, anatomicamente moderno, num extracto fóssil com 1 milhão de anos de idade.
· Objectos vários construídos indubitavelmente pelo homem têm sido descobertos um pouco por toda a parte, com uma antiguidade que reporta entre 2 a 25 milhões de anos. Um desses objectos, com cerca de 5 milhões de anos de existência, é uma concha onde se acha desenhada a face de um homem.
· Foram descobertas ferramentas de pedra com idades variando entre 2,5 e 55 milhões de anos.
· Em Portugal, o paleontologista Carlos Ribeiro no final do século XIX, descobriu ferramentas de pedra num extracto fóssil cuja idade variava de 5 a 25 milhões de anos.
· Um crânio humano, de anatomia idêntica aos actuais, com a idade de 3 a 4 milhões de anos, foi descoberto em Castanedolo, Itália, em 1880.
· São hoje vulgares os achados com idades entre 250 mil e 1 milhão de anos.
· Sobre a questão do “Australopitecos” ter sido considerado como o ancestral símio do homem, o antropologista C. E. Oxnard escreveu em 1975, no seu livro “Unicidade e Diversidade na Evolução Humana”, que não é possível que qualquer desta variedade de hominídeos possa ter qualquer ligação filogenética com o genes humano.
Dizíamos então, que o início da 4ª raça na Atlântida, originada pelos sobreviventes da Lemúria, se passou há mais de um milhão de anos. Nessa altura, o território atlante compreendia o que é hoje grande parte da América do Norte e Central, o Golfo do México e estendia-se para nordeste ocupando o que hoje é a Inglaterra e os Países Nórdicos; estendia-se em curva para sul e estava separada da África do Norte, já emersa, por um estreito braço de mar. Para atingir a África do Norte e a Ásia Meridional, que já fizera parte da Lemúria, os atlantes não tinham mais do que atravessar esse estreito canal.
Diz a antiga tradição que os primeiros atlantes se separaram em “bons”” e “maus”, uns adorando o espírito invisível da Natureza, cujo raio sentiam dentro de si mesmos, outros rendendo culto fanático aos espíritos da Terra, aos quais se aliaram. Estes últimos foram os que os egípcios e os fenícios chamaram de “Cabiros”, os gregos de “Titãs”, os hindus de “Rakhasas” ou “Daityas”. Édouard Schuré descreve o povo atlante dessa época assim: “O período atlântido (...) representa, na história, a passagem da animalidade à humanidade propriamente dita, isto é, o primeiro desenvolvimento do “eu” consciente, de onde consideráveis faculdades do ser humano deviam brotar como uma flor em germinação. Não obstante, o atlante primitivo aproximar-se mais do animal do que do homem actual, não o imaginamos um ser degradado como o selvagem de hoje, seu descendente degenerado. Certamente, a análise, o raciocínio e a síntese, nossas conquistas, não existiam nele senão num estado rudimentar. Possuíam, ao contrário, certas faculdades psíquicas que deveriam atrofiar-se na humanidade posterior: a percepção instintiva da alma das coisas, a segunda visão em estado de vigília ou de sono, uma acuidade singular dos sentidos, uma memória tenaz e uma vontade impulsiva, cuja acção se exercia de maneira magnética sobre todos os seres vivos, algumas vezes até sobre os elementos.”
Este ser gigante que aqui vemos descrito como possuindo algumas faculdades que hoje talvez nos façam falta, faculdades essas que foram sendo, ao longo do tempo, obscurecidas pela razão e pelo intelecto, usava a flecha de ponta de pedra. O seu corpo era poderoso, mas muito mais elástico e menos denso do que o do homem actual. Tinha o olhar fixo e cintilante das serpentes e ouvia tão bem que conseguia escutar a erva crescer e o caminhar das formigas. O seu rosto lembrava o de indivíduos de certas tribos indígenas da América e o das esculturas dos templos do Peru. Era um rosto rude, de fronte fugidia.
Possuindo um corpo quase etéreo, era durante a noite, durante o sono, que o atlante era instruído pelos guias divinos, os Manus, pois, quando adormecia, o seu corpo pouco denso permitia-lhe uma ascensão fácil no plano astral. Esta forma de instrução, apesar de à partida nos parecer estranha, não constitui propriamente uma novidade para alguns dos seres humanos que hoje povoam a Terra. Quando adormecemos, e embora o nosso corpo seja muito mais denso do que naquela altura, muitas vezes acontece de forma involuntária elevarmo-nos a esse plano astral e aí entrarmos em contacto com outros seres também elevados a esse plano ou que vivem permanentemente nesse plano. Naturalmente que não é o nosso corpo físico que se eleva, mas o nosso corpo psíquico cuja densidade é muito inferior à do outro. Depois, quando despertamos, temos a impressão de ter sonhado, a recordação é muito imprecisa, não sabemos se sonhámos ou não, mas tudo o que apreendemos nesse plano onde estivemos fica registado no nosso inconsciente. Alguns de nós podem fazer isto de forma consciente e recordam todos os pormenores vividos.
Quando despertava, o atlante tinha a sensação de ter vivido num mundo superior e ter conversado com os deuses. Diz Édouard Schuré que, a longínqua lembrança desta época criou todas as lendas do paraíso terrestre. Para os egípcios é o reino dos deuses que precede o reino de Schesu-Hor dos reis solares e dos reis iniciados; para os hebreus e os cristãos, foi o paraíso terrestre de Adão e Eva guardado por Querubins; para os gregos, a idade de ouro em que os deuses caminhavam sobre a Terra revestidos de ar.
Há cerca de oitocentos mil anos, um terrível dilúvio abateu-se sobre a Atlântida que sofreu vastas devastações. Ficou separada da América por um estreito e da Irlanda e Inglaterra que, juntamente com a Escandinávia, formaram uma ilha à parte.
Novas e terríveis devastações ocorreram há cerca de duzentos mil anos. A Atlântida foi novamente separada, agora em duas ilhas, uma ao norte chamada Ruta e outra ao sul de nome Daitia. Nesta altura a Europa estava já formada e, durante os três períodos intercalados por estes dois cataclismos, a comunicação com o território que é hoje europeu e a África do Norte fazia-se com extrema facilidade.
Nova ocorrência geológica há oitenta mil anos, acabou por reduzir a Atlântida aos restos da grande ilha de Ruta, uma ilha que ficava mais ou menos a igual distância da América e da Europa. É desta ilha, a que chama de Poseidon, que nos fala Platão nos seus diálogos. Esta ilha acabou também por ser tragada pelo oceano no ano de 9564 antes de Cristo, conforme relato dos sacerdotes egípcios a Sólon.
As catástrofes que acabaram por mergulhar definitivamente a Atlântida no fundo do oceano ocorreram num espaço de tempo entre oitocentos mil e 9 mil anos antes de Cristo. Antes do primeiro cataclismo, já vimos que os atlantes existiam, talvez como descendentes dos últimos lemurianos, o que faz com que a Atlântida tenha existido durante mais de um milhão de anos. Isto é muito tempo, seja como for que analisemos a questão, muita coisa se passou, não podemos ter qualquer espécie de dúvida.
Como vimos acima, os primitivos atlantes eram instruídos durante o sono pelos deuses, ou pelos Manus, ou pelos Arcanjos, que assim continuavam a sua obra de construção do Homem. Naquela altura, os atlantes já eram macho e fêmea, já tinha ocorrido a “queda”, já tinha havido a chamada “guerra dos céus” e os Anjos rebeldes já tinham procriado nas filhas dos homens, portanto, os atlantes primitivos seriam os descendentes desse cruzamento do “céu” com a terra.
Estes homens-deuses gigantes não eram propriamente pacíficos, pois estão na origem de muitos mitos e lendas que nos chegaram do fundo do passado: como a lenda dos Titãs, da ligação de Urano e Geia, deuses do céu e da terra, e de como Urano entrou em conflito com os próprios filhos; como o mito de Osíris, morto e esquartejado por seu irmão Seth; como a lenda irlandesa dos Thuata-de-Dannan, em que duas raças procedentes do mar se enfrentam em solo gaélico. A luta pelo território e pelo poder já vem desde a origem da raça humana.
Independentemente da evolução dos povos que habitaram e governaram as várias Atlântidas, há um facto muito curioso e com o qual concordam os geólogos e os arqueólogos, contrariando a Teoria da Evolução de Darwin, no que se refere ao homem, e demonstrando que aparentemente o homem evoluiu até ao seu estado actual por interferência exterior a ele. Acreditemos ou não na acção de seres celestes, vejamos:
· Durante um período que durou, calcula-se, entre trezentos e quatrocentos mil anos, o Paleolítico Inferior, o homem que se designou de Neandertal habitou a Terra dedicando-se à caça em condições muito adversas.
· De repente, o homem de Neandertal desaparece e é substituído por um povo mais evoluído de caçadores, que é o homem de Cro-Magnon, que permanece por um período de quinze mil anos a que se chamou de Paleolítico Superior.
· Ao fim desses quinze mil anos, não se sabe também o que aconteceu ao homem de Cro-Magnon. Assiste-se a um período de mais ou menos cinco mil anos em que nada acontece, chamado “marasmo mesolítico”.
· Então, cerca de quatro mil e quinhentos anos antes de Cristo, acontece o “mistério” – o homem dá um salto gigantesco no caminho da evolução civilizacional e começa a operar autênticos prodígios: aprende a arte da agricultura, domestica animais, descobre a cerâmica, inventa a roda, usa a pedra de forma mais eficaz e funcional, veste-se com tecidos manufacturados, aplica técnicas cirúrgicas, adquire uma consciência religiosa definida.
Tudo isto contradiz o que temos estado a falar sobre a evolução do homem na Terra, sobre a sua antiguidade e sobre a Atlântida. Mas isto é natural, pois trata-se da versão da ciência oficial, que não contempla a hipótese do homem existir há muito mais tempo e em condições muito mais civilizadas do que ela apresenta. Apesar disto, não deixa de constituir um autêntico mistério o salto prodigioso que o homem deu cerca de 4 mil e quinhentos anos antes de Cristo.
Por esta versão, durante um longo período de 300 a 400 mil anos o homem era um ser meio selvagem que vivia dos parcos recursos que a caça lhe facultava, caça esta feita em condições muito adversas de clima e dificuldades levantadas pela natureza. Este homem desaparece, não se sabe como, e é substituído por outro mais evoluído, que continua a viver da caça durante um curto espaço de quinze mil anos. Depois vem o torpor, uma espécie de adormecimento, em que não se sabe que espécie de homem habitava a Terra. Quando acorda deste letargo, começam a surgir as civilizações como se fossem tiradas do chapéu de um ilusionista de feira, as civilizações que fizeram a história que conhecemos.
Há uma pergunta que surge naturalmente em toda esta história: como aprenderam os homens, de repente, tudo aquilo e se lançaram no caminho civilizacional, que não parou até aos dias de hoje? Além desta pergunta, existe também uma questão que é o paralelismo com a civilização atlante da mesma altura, mas isto veremos mais adiante.
Nas mesmas épocas do homem de Neandertal e de Cro-Magnon, e mesmo anteriormente a elas, os seres primitivos da Atlântida foram evoluindo e multiplicando-se. À medida que o seu corpo físico se foi tornando mais denso, foram diminuindo de estatura. Cada catástrofe geológica foi precedida de um período de prosperidade e de um período de decadência. Houve guerras, conquistas, êxodos, e o atlante foi-se dividindo em várias sub-raças, sete para ser preciso, que eram ramos da original raça-mãe.
O número sete, consideremo-lo de forma simbólica ou não, aparece em todas as cronologias antigas sobre a Criação. Por exemplo:
· No Génesis da Bíblia, a Criação foi feita em seis dias, e Deus descansou no sétimo dia.
· Nos fragmentos das Tábuas Caldeias que contam a Lenda Babilónica da Criação, são mencionados sete seres humanos, com caras de corvos, isto é, de tez negra, seres estes que os sete Grandes Deuses criaram.
· Na Cabala, estes sete seres são os sete Reis de Edom.
· Os textos hindus dos “Purânas” falam em sete Manus.
· Na Arca de Noé, os animais, as aves e todas as restantes criaturas foram reunidas em número de sete.
· O número sete aparece constantemente referido no Livro dos Mortos egípcio e no Zendavesta persa, assim com em numerosas lendas entre os maias da América Central.
· Na América Central há referências a “sete cidades” e a “sete grutas” como originárias do homem. Lembremo-nos também que, nos Açores, existe uma lagoa chamada de “sete cidades” e à qual estão ligadas muitas lendas de natureza esotérica.
· Para a “Doutrina Secreta” houve sete Deuses criadores que criaram sete homens primordiais em sete locais diferentes na Terra.
· Para alguns cabalistas, a Criação só se realiza, de facto, através das últimas sete Sefiras, uma vez que as três primeiras são puras emanações divinas.
À medida em que as guerras iam acontecendo e o atlante se dividindo nestas sete sub-raças, o seu índice de civilização ia também aumentando. O apogeu da civilização atlante ocorreu, supomos, depois da penúltima destruição, que aconteceu cerca de 80 mil anos antes de Cristo. Édouard Schuré diz que este apogeu foi atingido pela mão dos “Toltecas”, cujo nome se encontra entre as tribos mexicanas e que era uma das sete sub-raças. Os Toltecas eram diferentes dos Rmoahalls e dos Tlavatis, duas sub-raças que se digladiaram durante bastante tempo e cujas características principais eram o grande vigor físico, coragem e destreza. A estas características, que também não lhes faltavam, os Toltecas acrescentaram uma memória mais fiel e uma profunda necessidade de veneração para com os chefes. Eram um povo de tez acobreada, de talhe alto, traços fortes e regulares. O sábio ancião e o guerreiro intrépido eram honrados. As qualidades, transmitidas de pai para filho, tornaram-se o princípio da vida patriarcal e a tradição implantou-se na raça. Estabeleceu-se deste modo a realeza sacerdotal, edificada sobre uma sabedoria conferida pelos seus superiores, herdeiros espirituais do Manu da raça primitiva. Estes reis-sacerdotes eram personagens de grande sabedoria e detinham poderes como o da vidência e adivinhação. Eram, verdadeiramente, reis iniciados. Grande foi o seu poder durante longos séculos, o qual lhes advinha de uma compreensão singular entre si e de uma comunhão instintiva com as forças cósmicas e as hierarquias invisíveis, exercendo-o de modo auspicioso. Este poder, protegido por certo mistério, rodeou-se de majestade religiosa e de grande pompa, de acordo com aquela época de sentimentos simples e sensações fortes.
Mas, como deixámos antever atrás, este apogeu da civilização atlante coloca um problema curioso. Isto acontecia quando, no resto do mundo vivia o pobre homem de Neandertal, vestindo peles de animais e caçando o que podia para se alimentar. O mesmo acontecia em relação ao homem de Cro-Magnon, embora este fosse contemporâneo de uma civilização atlante já decadente. Como é possível que, vivendo na mesma época, tanto o homem de Neandertal como o de Cro-Magnon não tivessem beneficiado dos conhecimentos desenvolvidos pelos atlantes, uma vez que as deslocações entre continentes e, no caso particular a Europa, não eram difíceis? Até parece que as coisas se passavam em planetas diferentes. Olhando para o mundo actual, vemos que apesar do incrível desenvolvimento civilizacional imprimido a todo o globo, existem tribos dispersas em locais afastados que vivem como se estivessem ainda na idade da pedra. Então neste caso, tanto o homem de Neandertal como o de Cro-Magnon, não são representantes da humanidade da altura, mas membros de tribos que habitavam regiões não ocupadas pelos atlantes ou com os quais não mantinham contacto. A não ser que, tanto um como o outro, não sejam representantes de coisa nenhuma, mas sim o pretexto para a ciência oficial basear a sua doutrina de evolução do homem.
De uma maneira ou de outra, ficamos com a forte impressão de que o prodigioso desenvolvimento da Atlântida na sua época áurea se confinou ao seu próprio território, e que o conhecimento que haviam adquirido só transbordou para outras regiões do planeta depois da sua destruição definitiva, cerca de 10 mil anos antes de Cristo, através de imigrantes ou sobreviventes do seu último cataclismo.
Não podemos deixar de ver em toda a sumptuosidade egípcia e na forma como os faraós se apresentavam e eram considerados, a herança de costumes e valores da Atlântida do tempo dos Toltecas. O fausto, a pompa e a circunstância que rodeavam os reis-sacerdotes Toltecas transferiram-se para as civilizações que começaram a florescer na região do Médio Oriente cerca de 5 mil anos antes de Cristo. Mas mais importante que o fausto foi a herança da noção do relacionamento desses reis-sacerdotes com os seres superiores, com os guias divinos, vindo a transformar-se na crença de que os reis detinham o ceptro por direito devido à sua descendência divina. Esta crença impregnou todas as monarquias reinantes, inclusive dentro do cristianismo, até ao fim da Idade Média.
No Egipto, os faraós eram considerados seres divinos, e só se casavam com as suas próprias irmãs, porque elas tinham o mesmo sangue e a mesma origem divina. Os hititas, os assírios, os babilónios, os caldeus, todos eles acreditavam que os seus soberanos reinavam por mandato do céu. Os hebreus, que se consideravam e consideram ainda hoje o povo eleito de Deus, agiam do mesmo modo, os seus reis eram reis divinos, pois David foi coroado rei da Casa de Israel por incumbência de Javé, seu Deus, e todos os seus sucessores, a começar por seu filho Salomão, foram assim considerados de descendência divina. O próprio Novo Testamento relata que Jesus era da descendência de David, e por isso, era por inerência divino. O Evangelho de S. Mateus começa por dizer, justificando a ascendência divina de Jesus: “Livro de origem de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão, etc.”

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Cosmos, o Homem e a Evolução

8. As Várias Humanidades

“Lá, montanhas enormes surgiram atrás de montanhas, as espécies fervilharam sobre as espécies e as raças humanas rolaram umas sobre as outras como o limo dos rios.” (Édouard Schuré – “O Mistério da Índia”, do livro “A Evolução Divina da Esfinge ao Cristo.”)

Aparentemente, para determinada teosofia, o planeta foi ocupado por vários tipos de ser humano, numa progressão ascendente até chegar ao indivíduo dos nossos dias. As grandes obras de um passado remoto não podem assim ser atribuídas a esses seres humanos, dado que não seriam capazes de as edificar. Portanto, só podemos atribuir essas grandes realizações a seres a que n os habituámos a chamar de deuses.
O mito de Adão como primeiro homem criado, por este ponto de vista, também não se refere a um indivíduo, mas a um conjunto de seres que formaram uma dessas primeiras humanidades. Provavelmente a criação mais tardia, ou mais próxima de nós, uma vez que, segunda a tradição, reunia em si todas as faculdades idealizadas por Deus para ser o último e o primeiro da Criação.
Estes primeiros homens não eram humanos, no sentido em que o entendemos hoje, eram seres celestes, não tinham corpo físico. Eram seres puramente espirituais, semelhantes aos Anjos e Arcanjos, eram andróginos e dispunham de um corpo etéreo.
Aqui parece que entramos no mundo da ficção científica a qual, aliás, costuma recorrer a mitos antigos para criar histórias recheadas de imaginação. Como se trara apenas de ficção científica temos tendência para achar que tudo não passa de uma rica fantasia dos seus autores. Mas… às vezes a realidade parece ultrapassar a ficção.
A noção de que o primeiro homem criado era um ser celeste, quer dizer, que não tinha corpo físico, parece ressaltar sem muita margem para dúvidas, de toda a tradição antiga. Este homem não havia descido ainda ao estado da matéria, não havia ainda encarnado, embora a Terra fosse o seu lar, o planeta ao qual pertencia. Não sabemos se a passagem do homem ao estado da matéria se deu antes ou depois da “queda” de Adão e Eva, se na conhecida tentação da serpente para comerem o fruto proibido já tinham um corpo físico pois, de acordo com os ensinamentos ocultos, houve várias tentativas de criação do Homem (do homem físico) e as primeiras terão sido experiências frustradas.
As fontes sobre este período de passagem do homem ao estado físico são muito confusas, não parecem obedecer a uma cronologia e, alguns acontecimentos cruzam-se ou sobrepõem-se, não deixando ver claramente o que terá, na verdade, acontecido. Não parece haver dúvidas de que o Génesis confirma que o primeiro homem foi criado como um ser andrógino e depois, numa segunda criação, é que houve a separação dos sexos com a criação de Eva a partir de uma costela de Adão. A tentação da serpente e a consequente queda dá-se com Eva, pois é esta que a serpente tenta, e por sua vez Eva leva Adão a comer do fruto proibido, o que quer dizer que já eram homem e mulher distintos.
A existência de seres celestiais é confirmada de certo modo por um texto da Mesopotâmia chamado “Enuma Elish”, cujo título foi traduzido como “A Epopeia da Criação” e é referido e comentado no livro “O 12º Planeta” da autoria de Zecharia Sitchin. Este texto conta-nos que a Criação não foi feita em 6 dias, como diz o Génesis, mas a descrição encontra-se dividida em 6 tábuas de argila em escrita cuneiforme, ou seja, cada tábua corresponde a um dos seis dias indicados na Bíblia. Ao sétimo dia corresponde uma sétima tábua, que não nos diz que foi para Deus descansar, mas dedicado ao enaltecimento da divindade babilónica. Como descrição do começo de tudo, diz-nos este texto que “Quando nas alturas o céu não fora nomeado e em baixo a Terra não fora chamada”, que dois primitivos corpos celestiais deram à luz uma série de “deuses celestiais”. Estes deuses celestiais não eram mais do que os planetas que se foram formando, criando o sistema planetário em redor do Sol.
Os textos mesopotâmicos confirmam que em determinada época os deuses habitaram a Terra e que foram estes deuses os responsáveis pelas experiências mal sucedidas de criação do homem, até que finalmente o conseguiram. Dessas experiências terão resultado os vários monstros que povoam a mitologia antiga. Portanto, se foram eles que acabaram por criar o homem, este não existia nessa altura, o que acaba por entrar em contradição com a “Doutrina Secreta” da Blavatsky e com a denominada tradição primordial.
Conforme a “A Doutrina Secreta”, houve várias raças criadas que se foram substituindo sobre a Terra. O termo raça aqui aplicado refere-se a humanidade, a um grupo de seres humanos criado com determinadas características e faculdades, não se refere a distinções de cor de pele ou outras diferenças, mas sim a um tipo específico de humanidade. As primeiras raças terão sido destruídas pelos próprios deuses por a sua criação ter saído frustrada. Estes deuses eram os Arcanjos e talvez os Homens Celestes andróginos, o Adão primordial pois, se os primeiros foram os idealizadores do homem, os segundos terão sido, pelo menos, os seus instrutores e guias. De qualquer maneira foi este Homem Celeste que se procurou dotar de corpo físico, foi o arquétipo ou forma a partir do qual se procurou criar o homem de faculdades físicas nas tentativas de criação das primeiras raças ou humanidades.
Não sabemos se houve, de facto, duas quedas, primeiro a dos Anjos e depois a do Homem. A Bíblia não contém nenhuma indicação, nenhum indício, acerca da queda dos Anjos. Esta aparece apenas no “Livro de Enoch”, que se supõe ser anterior à Bíblia. A sensação que se tem é de que não se tratou de dois acontecimentos separados no tempo e espaço, mas de um único, em que as duas quedas são uma e a mesma coisa e que terá sucedido em simultâneo com as tentativas de criação das primeiras raças pois, embora o processo da criação seja um desenvolvimento complexo em que várias coisas podem suceder ao mesmo tempo, existe uma ligação directa entre os motivos que originaram essas quedas e a criação do homem como ser dominante sobre a Terra. Nos textos mesopotâmicos e na interpretação de Zecharia Sitchin, esta queda corresponde à revolta dos “anunaki”, que se terão recusado a continuar o trabalho penoso nas minas de ouro do sudeste africano, e que foi a partir deste acontecimento que os deuses decidiram então criar o ser humano para trabalhar nessas minas.
A “Doutrina Secreta” diz que houve 4 raças e que nós, na actualidade, pertencemos à 5ª raça, cada uma delas com várias sub-raças ou variantes da raça matriz. As primeiras duas raças eram andróginas ou hermafroditas e reproduziam-se, primeiro por exudação, produzindo seres chamados “nascidos do suor”, e depois de forma ovípara. A reprodução por via sexual só veio a acontecer em meio à existência da terceira raça, com consequências catastróficas como veremos mais para a frente.
É interessante verificar que a forma ovóide se encontra ligada a todo o processo da criação. A este respeito conta-se que Sai Baba, para muitos um Avatar encarnado no final de século passado e do milénio e que vive no sul da Índia, em determinadas ocasiões especiais e testemunhado por milhares de pessoas, ele pára o seu discurso e extrai da boca uma coisa semelhante a um ovo chamada “Lingam” e que, segundo ele, representa o mistério da criação cósmica e contém as cinco substâncias elementares da criação do mundo. Diz-se que a criação e o nascimento destes “Lingams” dão-se com enorme sofrimento de Sai Baba, com convulsões semelhantes a um nascimento corpóreo e que só cessam quando o objecto ovóide brota da sua boca.
Não se compreende muito bem a condenação de Lúcifer por ter idealizado a figura deslumbrante da primeira mulher, quando no Génesis se afirma que foi Deus quem a criou para ser a companheira de Adão. A não ser que este Deus, Javé, que não é o mesmo que criou o primeiro Adão como ser andrógino, fosse o próprio Lúcifer ou alguma das entidades da sua hoste pois, o nome da 1ª humanidade era Jah-Heva, que mais tarde veio a dar o Jeovah de Moisés. No Génesis diz que o homem e a mulher estavam nus e não sentiam vergonha. Isto não pode corresponder à sua androginia, uma vez que já eram de sexos distintos, mas pode referir-se à sua condição de pureza, onde o sentimento de vergonha não teria qualquer cabimento, condição de pureza tal que eles ainda não tinham conhecimento do bem e do mal – o homem da 1ª humanidade era um ser sem mente. Naturalmente que não estamos a falar de dois únicos indivíduos, um homem e uma mulher, pois neste caso não haveria lugar para o sentimento de vergonha entre dois seres que se conhecem íntima e profundamente, estamos a falar de uma humanidade, talvez de milhões de indivíduos que viviam nus, tal como acontece com os animais.
Ainda de acordo com o Génesis, a procriação por via sexual só se vem a dar depois de Eva, “induzida” pela serpente, fazer com que Adão provasse do fruto da árvore proibida: “O homem uniu-se à mulher , e ela concebeu e deu à luz Caim. E disse: «adquiri um homem com a ajuda de Javé».
Da mesma forma, ela concebeu e deu à luz Abel. Há quem diga que a geração de Caim corresponda à humanidade macho, e a de Abel à feminina. Mais adiante, e depois do próprio Caim ter gerado descendência ao unir-se à sua mulher, diz que Seth foi criado por Adão à sua imagem e semelhança, não diz que Adão e Eva geraram Seth.
Evidentemente que estamos perante acontecimentos que não obedecem a uma cronologia, e os intervenientes, Adão, Eva, Caim, Abel e Seth, não são mais do que símbolos. Neste caso do Génesis, Adão e Eva são o protótipo do Homem e Mulher primordiais, os arquétipos de todos os homens e mulheres que se vêem a reflectir em Caim e Abel, a humanidade macho e a humanidade fêmea. Seth é o homem físico criado.
Depois vem uma passagem misteriosa quando diz: “Nesse tempo – isto é, quando os filhos de Deus (ou os filhos dos deuses, ou mesmo os deuses?) se uniram às filhas dos homens e geraram filhos – os gigantes habitavam a terra. Estes foram os heróis dos tempos antigos.”
Sobre a existência destes gigantes, toda a mitologia antiga está recheada de histórias e de fábulas em que eles aparecem e em que, normalmente, não representam um papel muito bom. A sua existência pode explicar as ruínas ciclópicas que ainda hoje se encontram um pouco por toda a face da Terra, e que ninguém sabe, exactamente, como foram construídas, dado o peso e a dimensão dos seus componentes de pedra, e há quanto tempo estão ali, como testemunhas de um passado em que os gigantes terão habitado o planeta.
Mas o texto (continuamos a falar do Génesis) fala inequivocamente dos “filhos de Deus”. Em Enoch encontra-se a mesma referência, só que aqui diz que os “deuses”, vendo que as filhas dos homens eram belas, se cruzaram com elas e geraram filhos. Quem eram estes “filhos de Deus” ou “deuses”? Seriam os seres a quem chamamos Adão, ou seriam os Arcanjos? Ou seriam ambos? De uma maneira ou de outra, é muito complicado entender este cruzamento, uma vez que esses seres eram andróginos.
Dizem os textos antigos que a 1ª raça criou a 2ª por brotação ou exudação, e que esta, da mesma forma, criou a 3ª. Esta terceira raça veio a separar-se em divisões ou sub-raças diferentemente criadas: as duas primeiras produziram-se por um método ovíparo e as últimas vieram a ser criadas por uma espécie de exudação do fluido vital cujas gotas, coagulando-se, formavam uma bola oviforme, que servia de veículo exterior para a geração no mesmo de um feto andrógino.
Continuando a tentar compreender a “Doutrina Secreta”, a gestação natural, tal como a conhecemos hoje, resultado da união do homem e da mulher, seres já não andróginos mas de sexos opostos, só vem a acontecer na 4ª raça ou 4ª humanidade, e que constitui ainda hoje grande parte dos seres humanos actuais, pois da sétima sub-raça desta 4ª procedem os chineses, os malaios, os mongóis, os tibetanos e os esquimós.
É no período de passagem da 3ª para a 4ª raça que se dá pela existência da Lemúria, que não se tratou de uma terra mítica no sentido de fantasia, mas de um continente que existiu de facto no hemisfério austral, quando a Europa e grande parte dos continentes como os conhecemos hoje, ainda estavam submersos. A Lemúria estendia-se desde a Austrália actual até à América do Sul e englobava parte da Ásia e da África meridional. Os seres que a habitavam pertenciam à terceira raça e não eram ainda homens no sentido físico actual. Eram um ser meio peixe, meio sáurio, em pleno processo de transformação. A glândula pineal destes seres revestiu-se de um crânio, mas era um crânio aberto, ou mole, na parte superior, por onde se escapava essa glândula, que formava uma espécie de penacho sobre a cabeça. Isto fazia com que este ser híbrido tivesse fortes percepções do plano astral e começasse a tê-las também do plano físico. Porém, para deixar de ser um “animal” meio rastejante e tornar-se um homem erecto, ainda era preciso haver profundas transformações. Então vieram os “deuses”, os “instrutores” que, como vimos antes, eram os Arcanjos ou talvez os Adão. Vieram habitar a Lemúria, instruindo e fazendo evoluir os seres que ali existiam. São estes os “filhos de Deus” ou os “deuses” que se uniram às filhas dos homens e geraram gigantes, só que continuamos sem perceber com é que seres andróginos o fizeram. A não ser que, tal como descreve Zecharia Sitchin, estes “deuses” fossem de facto seres como nós, apenas talvez bastante mais altos, e daí o termo aplicado de gigantes.
À medida que o homem foi perdendo a sua forma de animal inferior e aproximando-se da forma actual, a separação dos sexos foi-se acentuando. A descoberta da atracção sexual deve ter provocado uma verdadeira catástrofe, pois as descrições são inúmeras sobre cruzamentos entre seres de natureza diferente e que deram origem a outros seres híbridos. Diz-se que do acoplamento das espécies inferiores da humanidade com outros mamíferos, terão nascido os símios e que estes, ao contrário do que se supõe, não são os progenitores ancestrais do homem mas sim, uma degeneração e degradação do homem primitivo. As más paixões espalharam-se e ganharam raízes que perduram até aos dias de hoje, como os desejos sem freio, a inveja, o ódio e a guerra.
Deve ser a esta época que se referem os fragmentos da cosmogonia caldeia, em escrita cuneiforme, e se referem também alguns mitos antigos chineses. Dizem os fragmentos caldeus que Oannes, o “Homem-Peixe”, que saia do mar todas as manhãs para instruir os homens, falava do abismo de água e trevas, onde residiam os mais horrendos seres: homens alados, homens com duas e quatro asas, seres humanos com duas cabeças, etc. É também a esta situação calamitosa que se refere a lenda grega da “Caixa de Pandora”: quando a caixa é aberta, espalha-se sobre a Terra toda a espécie de males e doenças, e quando é de novo fechada, somente resta a Esperança. É uma história semelhante à do “Aprendiz de Feiticeiro”, pois quando alguém, submetido por intenso desejo, envereda por caminhos que desconhece, podem acontecer-lhe as coisas mais horríveis, resultado e fruto da sua ignorância.
Entretanto, terríveis cataclismos assolaram a Lemúria, destruindo a maior parte do continente e aniquilando quase todos os seus habitantes. Apenas uma elite lemuriana, dirigida e comandada por Manu, um guia divino, conseguiu refugiar-se na parte ocidental do continente e daí atingir uma terra recentemente emersa, a Atlântida, onde iria desenvolver uma nova raça e a primeira civilização humana.
O Homem (homem e mulher) de sexos opostos, dotado de Mente e Desejo, surge no fim do período lemuriano, depois das tremendas convulsões originadas pela descoberta do sexo, e depois dos seres celestes (Arcanjos, Adão?) se terem cruzado com as formosas “filhas dos homens” e terem gerado filhos. Esta foi a 3ª raça, e tudo leva a crer que foi no seu seio onde se deram as duas quedas: a dos Anjos, que descendo à matéria engendraram filhos ao cruzarem-se com as “filhas dos homens” e dotaram a sua descendência com os atributos da consciência; a do Homem, que se separa em dois sexos diferentes e toma conhecimento do bem e do mal. Afinal, ambas estão intimamente ligadas entre si, por isso a nossa suspeita de que se tratou de um único evento. Diz a tradição que o Homem-Anjo assim criado, engendrou dentro de si o demónio, abrigou-o no seu coração e contagiou Deus que aí habitava, envolvendo o Espírito puro com o demónio impuro da Matéria.
Esta elite lemuriana que se salvou (arca de Noé?) era liderada por um ser divino chamado Manu. Em sânscrito, Manu quer dizer Homem. Na tradição hindu, é um dos 14 progenitores da humanidade, cada um dos quais governa o mundo por um período de tempo conhecido como Mavantara. A duração de um Mavantara, de acordo com a mesma tradição, é de 4.320.000 anos. O actual Manu é o sétimo, chamado Vaivasvata (filho do Sol), e é o herói da história hindu sobre o dilúvio, ou seja, a mesma personagem descrita na Bíblia como Noé.
Quem é este Manu, que para os hindus se chama Vaivasvata e para os hebreus se chama Noé? Os fragmentos das tábuas achadas na antiga Babilónia e na antiga Caldeia reconhecem a existência de duas raças principais no tempo em que se terá dado a queda, raças essas precedidas por uma outra, a que aqueles fragmentos aludem como raça dos deuses. Estes deuses eram sete, cada um dos quais criou um Homem, ou um grupo de homens em diferentes partes do planeta. Há nos fragmentos babilónicos a referência, tal como na Bíblia, a duas criações distintas: primeiro a criação eloísta, figurada na Bíblia, no 1º capítulo, como acção directa de Deus (ou Elohim); depois, no 2º capítulo, a criação jeovista, em que a acção é feita por Javé Deus (Jeovah). Cremos que a primeira se refere à criação do Homem celeste (a raça dos deuses ou os sete deuses), e a segunda à criação das humanidades das 2ª e 3ª raças raízes.
Manu aparece em toda a tradição antiga e por toda a parte com os mais diversos nomes. Pode tratar-se da mesma personagem ou de personagens semelhantes, e aparece, invariavelmente, no número de sete. Ele é Thoth dos egípcios, que pode também ser Osíris ou Isis; é o Hermes dos gregos, o mensageiro dos deuses, ou o Apolo hiperbóreo; é o Oannes dos caldeus, o homem-peixe; é o Enoch dos hebreus, o “divino gigante”; é o Manco-Capac dos incas peruanos. Em toda a parte a história é semelhante, são os sete deuses que desceram e reinaram sobre a Terra, ensinando à humanidade astronomia, arquitectura, agricultura e todas as demais ciências que chegaram até aos dias de hoje. Primeiro aparecem como deuses criadores; depois fundem-se no homem nascente; por fim ressurgem como “reis e governadores divinos”.
Manu seria então um desses sete deuses, um Homem celeste, o Adão primordial, que desceu ao mundo da matéria, misturou-se com os homens para os ensinar, instruir e conduzir. Era um ser divino e relacionava-se directamente com Deus (Elohim). O próprio Génesis, no capítulo 6, diz que Noé era um homem justo, íntegro entre os seus contemporâneos, e andava com Deus. A história da Arca poderá muito bem ser o salvamento que ele efectuou daquela elite lemuriana (elite no sentido de que eram homens já instruídos por ele), quando a Lemúria foi destruída por um cataclismo ou uma série de cataclismos. Mas ele não era o único ser celestial que tinha descido na Lemúria, outros filhos de Deus ou deuses o tinham feito para se cruzarem com as filhas dos homens.
Helena Blavatsky, acerca deste episódio, conta-nos que, depois da Terra ter sido preparada pelos poderes inferiores e mais materiais, e os seus três reinos (mineral, vegetal e animal) terem principiado a frutificar e a multiplicar-se, os Poderes superiores, os Arcanjos, foram obrigados pela Lei da Evolução a descer à Terra para construir o Homem. Isto quer dizer, como suspeitávamos, que a queda foi o resultado da Lei da Evolução, e não o castigo eterno decretado por Deus. Por outro lado, também quer dizer que o homem constitui um reino à parte na natureza, é o quarto reino, o que concorda com a Bíblia, onde está perfeitamente diferenciada a criação do homem em relação aos outros reinos.
Diz mais a “Doutrina Secreta” que os Arcanjos projectaram as suas sombras, mas que um terceiro grupo, o dos Anjos do Fogo, se negaram a criar desta forma, por não quererem criar homens sem vontade e irresponsáveis, como o haviam feito os outros Anjos. Estes Anjos do Fogo pertenciam a um plano de consciência mais elevado que o dos outros, e verificaram que não podiam dotar os homens com um reflexo temporal dos seus próprios atributos porque, neste plano, não seria possível a evolução espiritual e psíquica sem que os homens pudessem acumular mérito e demérito. Eles sabiam que se tivessem criado o homem apenas como sombra de si mesmos, esta não passaria de uma sombra imóvel, inerte e imutável da perfeição, seria «Eu sou o que sou», e estaria condenado a passar a vida na Terra como um pesado sono sem sonhos, teria sido um fracasso completo no plano material.
Foram estes Anjos do Fogo, a hoste de Lúcifer, quem abriu os olhos (consciência) do autómato criado por Jeovah (ou Javé Deus); foram estes Elohim da Luz, que sabiam muito e amavam muito mais, os que nos conferiram a imortalidade espiritual em vez da física. São estes os Anjos rebeldes, cuja natureza é Sabedoria e Amor.
No fim da 3ª raça, depois dos tremendos cataclismos que abalaram e destruíram o seu continente, parte dos lemurianos mais evoluídos e conduzidos por “guias divinos” instalou-se num novo continente que emergia das águas, a Atlântida, dando assim origem à primeira raça atlante de gigantes.