terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cartas do meu Sanctum - A Lei da Atracção

A lei da atracção existe? Ou é apenas mais uma das inúmeras teorias “new age” que nos têm invadido e que não correspondem a nada sério e concreto? É facto que esta lei tem sido profusamente divulgada sob a forma de livros e filmes difundidos na Internet e fazendo a felicidade material (leia-se financeira) dos seus autores. Esta lei existe de facto, mas os autores da sua divulgação, muitas vezes feita como se tratasse de um grande segredo numa aplicação de “marketing” quase perfeita, ter-se-ão esquecido de mencionar que há outras leis cósmicas além dela. Porque efectivamente se trata de uma lei cósmica, não uma lei da física como aquelas descobertas por Sir Isaac Newton e outros. Em termos gerais a lei da atracção tem sido divulgada como uma forma de atingir sucesso material e felicidade, coisas que os milhões de leitores e de crentes não terão conseguido atingir sem saberem porquê. A lei da atracção funciona em dupla polaridade, isto é, tanto pode atrair o bem como o mal, melhor dizendo, tanto pode atrair o aspecto positivo como o negativo. Como mal entendam-se os nossos medos, as nossas angústias, inseguranças, a sombra que faz parte intrínseca da nossa vida. Desejar o bem com fervor e convicção não é eliminar os medos que vivem dentro de cada um de nós. É por este motivo, essencialmente, que a tão propalada lei da atracção muito raramente funciona, pois ao mesmo tempo que desejamos o bem, os nossos receios mais profundos emergem, colocando como que um travão ao sucesso e à felicidade. Por outro lado há também uma lei cósmica que nos diz que, inexoravelmente, cada um irá ter o que merece, ainda que este merecimento possa não ter nada a ver com a vida actual. Aqui entra a questão cármica, a que muito poucos dão atenção e outros poucos dão atenção excessiva. Esta lei do merecimento, se é que podemos assim chamá-la, provoca muitas incompreensões, principalmente porque muitas vezes assistimos ou temos conhecimento de coisas que nos fazem descrer seja do que for. Por exemplo, porque é que uma criança nasce defeituosa, tem uma doença grave e morre, ou é envolvida numa luta fratricida, numa guerra, sofrendo as maiores privações e sendo ferida ou morta. Esta criança fez alguma coisa para merecer aquilo? Obviamente que só o entendimento cármico e de reencarnações poderá dar uma explicação razoável, o que não deixa de ser um sério argumento em favor dos que não crêem em nada, dos ateus, se é que existe algum ateu… Outra lei que não é mencionada é a lei de compensação. Tudo no universo tem que ser compensado, voluntária ou involuntariamente. O universo, tal como todos os seres vivos, manifesta-se permanentemente em dualidade. Por isso aquele que é rico deve compensar a sua riqueza com acções a favor dos pobres e necessitados. Por muito cruel que esta lei possa parecer, não há como fugir dela. A uma grande riqueza corresponde, na outra polaridade, uma grande pobreza. De um lado há os países ricos, do outro os pobres, tudo se completa num equilíbrio perfeito. Dito isto, alguém me perguntou um dia se a humanidade não teria hipóteses de atingir a harmonia, a paz e a felicidade colectiva. Respondi que não, que esta humanidade estava condenada a viver em dualidade e que a superação dessa dualidade nos faria passar a outra dimensão da existência. Mas esta superação seria individual e não colectiva, como alguns apregoam. Embora façamos parte do Todo, contribuindo para o bem colectivo, o caminho de ascensão é individual, tal como quando nascemos ou morremos. Ad rosen! (Escrito em Birigui, São Paulo, às 21h52 de 7 de Agosto de 2012)