8. As Várias Humanidades
“Lá, montanhas enormes surgiram atrás de montanhas, as espécies fervilharam sobre as espécies e as raças humanas rolaram umas sobre as outras como o limo dos rios.” (Édouard Schuré – “O Mistério da Índia”, do livro “A Evolução Divina da Esfinge ao Cristo.”)
Aparentemente, para determinada teosofia, o planeta foi ocupado por vários tipos de ser humano, numa progressão ascendente até chegar ao indivíduo dos nossos dias. As grandes obras de um passado remoto não podem assim ser atribuídas a esses seres humanos, dado que não seriam capazes de as edificar. Portanto, só podemos atribuir essas grandes realizações a seres a que n os habituámos a chamar de deuses.
O mito de Adão como primeiro homem criado, por este ponto de vista, também não se refere a um indivíduo, mas a um conjunto de seres que formaram uma dessas primeiras humanidades. Provavelmente a criação mais tardia, ou mais próxima de nós, uma vez que, segunda a tradição, reunia em si todas as faculdades idealizadas por Deus para ser o último e o primeiro da Criação.
Estes primeiros homens não eram humanos, no sentido em que o entendemos hoje, eram seres celestes, não tinham corpo físico. Eram seres puramente espirituais, semelhantes aos Anjos e Arcanjos, eram andróginos e dispunham de um corpo etéreo.
Aqui parece que entramos no mundo da ficção científica a qual, aliás, costuma recorrer a mitos antigos para criar histórias recheadas de imaginação. Como se trara apenas de ficção científica temos tendência para achar que tudo não passa de uma rica fantasia dos seus autores. Mas… às vezes a realidade parece ultrapassar a ficção.
A noção de que o primeiro homem criado era um ser celeste, quer dizer, que não tinha corpo físico, parece ressaltar sem muita margem para dúvidas, de toda a tradição antiga. Este homem não havia descido ainda ao estado da matéria, não havia ainda encarnado, embora a Terra fosse o seu lar, o planeta ao qual pertencia. Não sabemos se a passagem do homem ao estado da matéria se deu antes ou depois da “queda” de Adão e Eva, se na conhecida tentação da serpente para comerem o fruto proibido já tinham um corpo físico pois, de acordo com os ensinamentos ocultos, houve várias tentativas de criação do Homem (do homem físico) e as primeiras terão sido experiências frustradas.
As fontes sobre este período de passagem do homem ao estado físico são muito confusas, não parecem obedecer a uma cronologia e, alguns acontecimentos cruzam-se ou sobrepõem-se, não deixando ver claramente o que terá, na verdade, acontecido. Não parece haver dúvidas de que o Génesis confirma que o primeiro homem foi criado como um ser andrógino e depois, numa segunda criação, é que houve a separação dos sexos com a criação de Eva a partir de uma costela de Adão. A tentação da serpente e a consequente queda dá-se com Eva, pois é esta que a serpente tenta, e por sua vez Eva leva Adão a comer do fruto proibido, o que quer dizer que já eram homem e mulher distintos.
A existência de seres celestiais é confirmada de certo modo por um texto da Mesopotâmia chamado “Enuma Elish”, cujo título foi traduzido como “A Epopeia da Criação” e é referido e comentado no livro “O 12º Planeta” da autoria de Zecharia Sitchin. Este texto conta-nos que a Criação não foi feita em 6 dias, como diz o Génesis, mas a descrição encontra-se dividida em 6 tábuas de argila em escrita cuneiforme, ou seja, cada tábua corresponde a um dos seis dias indicados na Bíblia. Ao sétimo dia corresponde uma sétima tábua, que não nos diz que foi para Deus descansar, mas dedicado ao enaltecimento da divindade babilónica. Como descrição do começo de tudo, diz-nos este texto que “Quando nas alturas o céu não fora nomeado e em baixo a Terra não fora chamada”, que dois primitivos corpos celestiais deram à luz uma série de “deuses celestiais”. Estes deuses celestiais não eram mais do que os planetas que se foram formando, criando o sistema planetário em redor do Sol.
Os textos mesopotâmicos confirmam que em determinada época os deuses habitaram a Terra e que foram estes deuses os responsáveis pelas experiências mal sucedidas de criação do homem, até que finalmente o conseguiram. Dessas experiências terão resultado os vários monstros que povoam a mitologia antiga. Portanto, se foram eles que acabaram por criar o homem, este não existia nessa altura, o que acaba por entrar em contradição com a “Doutrina Secreta” da Blavatsky e com a denominada tradição primordial.
Conforme a “A Doutrina Secreta”, houve várias raças criadas que se foram substituindo sobre a Terra. O termo raça aqui aplicado refere-se a humanidade, a um grupo de seres humanos criado com determinadas características e faculdades, não se refere a distinções de cor de pele ou outras diferenças, mas sim a um tipo específico de humanidade. As primeiras raças terão sido destruídas pelos próprios deuses por a sua criação ter saído frustrada. Estes deuses eram os Arcanjos e talvez os Homens Celestes andróginos, o Adão primordial pois, se os primeiros foram os idealizadores do homem, os segundos terão sido, pelo menos, os seus instrutores e guias. De qualquer maneira foi este Homem Celeste que se procurou dotar de corpo físico, foi o arquétipo ou forma a partir do qual se procurou criar o homem de faculdades físicas nas tentativas de criação das primeiras raças ou humanidades.
Não sabemos se houve, de facto, duas quedas, primeiro a dos Anjos e depois a do Homem. A Bíblia não contém nenhuma indicação, nenhum indício, acerca da queda dos Anjos. Esta aparece apenas no “Livro de Enoch”, que se supõe ser anterior à Bíblia. A sensação que se tem é de que não se tratou de dois acontecimentos separados no tempo e espaço, mas de um único, em que as duas quedas são uma e a mesma coisa e que terá sucedido em simultâneo com as tentativas de criação das primeiras raças pois, embora o processo da criação seja um desenvolvimento complexo em que várias coisas podem suceder ao mesmo tempo, existe uma ligação directa entre os motivos que originaram essas quedas e a criação do homem como ser dominante sobre a Terra. Nos textos mesopotâmicos e na interpretação de Zecharia Sitchin, esta queda corresponde à revolta dos “anunaki”, que se terão recusado a continuar o trabalho penoso nas minas de ouro do sudeste africano, e que foi a partir deste acontecimento que os deuses decidiram então criar o ser humano para trabalhar nessas minas.
A “Doutrina Secreta” diz que houve 4 raças e que nós, na actualidade, pertencemos à 5ª raça, cada uma delas com várias sub-raças ou variantes da raça matriz. As primeiras duas raças eram andróginas ou hermafroditas e reproduziam-se, primeiro por exudação, produzindo seres chamados “nascidos do suor”, e depois de forma ovípara. A reprodução por via sexual só veio a acontecer em meio à existência da terceira raça, com consequências catastróficas como veremos mais para a frente.
É interessante verificar que a forma ovóide se encontra ligada a todo o processo da criação. A este respeito conta-se que Sai Baba, para muitos um Avatar encarnado no final de século passado e do milénio e que vive no sul da Índia, em determinadas ocasiões especiais e testemunhado por milhares de pessoas, ele pára o seu discurso e extrai da boca uma coisa semelhante a um ovo chamada “Lingam” e que, segundo ele, representa o mistério da criação cósmica e contém as cinco substâncias elementares da criação do mundo. Diz-se que a criação e o nascimento destes “Lingams” dão-se com enorme sofrimento de Sai Baba, com convulsões semelhantes a um nascimento corpóreo e que só cessam quando o objecto ovóide brota da sua boca.
Não se compreende muito bem a condenação de Lúcifer por ter idealizado a figura deslumbrante da primeira mulher, quando no Génesis se afirma que foi Deus quem a criou para ser a companheira de Adão. A não ser que este Deus, Javé, que não é o mesmo que criou o primeiro Adão como ser andrógino, fosse o próprio Lúcifer ou alguma das entidades da sua hoste pois, o nome da 1ª humanidade era Jah-Heva, que mais tarde veio a dar o Jeovah de Moisés. No Génesis diz que o homem e a mulher estavam nus e não sentiam vergonha. Isto não pode corresponder à sua androginia, uma vez que já eram de sexos distintos, mas pode referir-se à sua condição de pureza, onde o sentimento de vergonha não teria qualquer cabimento, condição de pureza tal que eles ainda não tinham conhecimento do bem e do mal – o homem da 1ª humanidade era um ser sem mente. Naturalmente que não estamos a falar de dois únicos indivíduos, um homem e uma mulher, pois neste caso não haveria lugar para o sentimento de vergonha entre dois seres que se conhecem íntima e profundamente, estamos a falar de uma humanidade, talvez de milhões de indivíduos que viviam nus, tal como acontece com os animais.
Ainda de acordo com o Génesis, a procriação por via sexual só se vem a dar depois de Eva, “induzida” pela serpente, fazer com que Adão provasse do fruto da árvore proibida: “O homem uniu-se à mulher , e ela concebeu e deu à luz Caim. E disse: «adquiri um homem com a ajuda de Javé».
Da mesma forma, ela concebeu e deu à luz Abel. Há quem diga que a geração de Caim corresponda à humanidade macho, e a de Abel à feminina. Mais adiante, e depois do próprio Caim ter gerado descendência ao unir-se à sua mulher, diz que Seth foi criado por Adão à sua imagem e semelhança, não diz que Adão e Eva geraram Seth.
Evidentemente que estamos perante acontecimentos que não obedecem a uma cronologia, e os intervenientes, Adão, Eva, Caim, Abel e Seth, não são mais do que símbolos. Neste caso do Génesis, Adão e Eva são o protótipo do Homem e Mulher primordiais, os arquétipos de todos os homens e mulheres que se vêem a reflectir em Caim e Abel, a humanidade macho e a humanidade fêmea. Seth é o homem físico criado.
Depois vem uma passagem misteriosa quando diz: “Nesse tempo – isto é, quando os filhos de Deus (ou os filhos dos deuses, ou mesmo os deuses?) se uniram às filhas dos homens e geraram filhos – os gigantes habitavam a terra. Estes foram os heróis dos tempos antigos.”
Sobre a existência destes gigantes, toda a mitologia antiga está recheada de histórias e de fábulas em que eles aparecem e em que, normalmente, não representam um papel muito bom. A sua existência pode explicar as ruínas ciclópicas que ainda hoje se encontram um pouco por toda a face da Terra, e que ninguém sabe, exactamente, como foram construídas, dado o peso e a dimensão dos seus componentes de pedra, e há quanto tempo estão ali, como testemunhas de um passado em que os gigantes terão habitado o planeta.
Mas o texto (continuamos a falar do Génesis) fala inequivocamente dos “filhos de Deus”. Em Enoch encontra-se a mesma referência, só que aqui diz que os “deuses”, vendo que as filhas dos homens eram belas, se cruzaram com elas e geraram filhos. Quem eram estes “filhos de Deus” ou “deuses”? Seriam os seres a quem chamamos Adão, ou seriam os Arcanjos? Ou seriam ambos? De uma maneira ou de outra, é muito complicado entender este cruzamento, uma vez que esses seres eram andróginos.
Dizem os textos antigos que a 1ª raça criou a 2ª por brotação ou exudação, e que esta, da mesma forma, criou a 3ª. Esta terceira raça veio a separar-se em divisões ou sub-raças diferentemente criadas: as duas primeiras produziram-se por um método ovíparo e as últimas vieram a ser criadas por uma espécie de exudação do fluido vital cujas gotas, coagulando-se, formavam uma bola oviforme, que servia de veículo exterior para a geração no mesmo de um feto andrógino.
Continuando a tentar compreender a “Doutrina Secreta”, a gestação natural, tal como a conhecemos hoje, resultado da união do homem e da mulher, seres já não andróginos mas de sexos opostos, só vem a acontecer na 4ª raça ou 4ª humanidade, e que constitui ainda hoje grande parte dos seres humanos actuais, pois da sétima sub-raça desta 4ª procedem os chineses, os malaios, os mongóis, os tibetanos e os esquimós.
É no período de passagem da 3ª para a 4ª raça que se dá pela existência da Lemúria, que não se tratou de uma terra mítica no sentido de fantasia, mas de um continente que existiu de facto no hemisfério austral, quando a Europa e grande parte dos continentes como os conhecemos hoje, ainda estavam submersos. A Lemúria estendia-se desde a Austrália actual até à América do Sul e englobava parte da Ásia e da África meridional. Os seres que a habitavam pertenciam à terceira raça e não eram ainda homens no sentido físico actual. Eram um ser meio peixe, meio sáurio, em pleno processo de transformação. A glândula pineal destes seres revestiu-se de um crânio, mas era um crânio aberto, ou mole, na parte superior, por onde se escapava essa glândula, que formava uma espécie de penacho sobre a cabeça. Isto fazia com que este ser híbrido tivesse fortes percepções do plano astral e começasse a tê-las também do plano físico. Porém, para deixar de ser um “animal” meio rastejante e tornar-se um homem erecto, ainda era preciso haver profundas transformações. Então vieram os “deuses”, os “instrutores” que, como vimos antes, eram os Arcanjos ou talvez os Adão. Vieram habitar a Lemúria, instruindo e fazendo evoluir os seres que ali existiam. São estes os “filhos de Deus” ou os “deuses” que se uniram às filhas dos homens e geraram gigantes, só que continuamos sem perceber com é que seres andróginos o fizeram. A não ser que, tal como descreve Zecharia Sitchin, estes “deuses” fossem de facto seres como nós, apenas talvez bastante mais altos, e daí o termo aplicado de gigantes.
À medida que o homem foi perdendo a sua forma de animal inferior e aproximando-se da forma actual, a separação dos sexos foi-se acentuando. A descoberta da atracção sexual deve ter provocado uma verdadeira catástrofe, pois as descrições são inúmeras sobre cruzamentos entre seres de natureza diferente e que deram origem a outros seres híbridos. Diz-se que do acoplamento das espécies inferiores da humanidade com outros mamíferos, terão nascido os símios e que estes, ao contrário do que se supõe, não são os progenitores ancestrais do homem mas sim, uma degeneração e degradação do homem primitivo. As más paixões espalharam-se e ganharam raízes que perduram até aos dias de hoje, como os desejos sem freio, a inveja, o ódio e a guerra.
Deve ser a esta época que se referem os fragmentos da cosmogonia caldeia, em escrita cuneiforme, e se referem também alguns mitos antigos chineses. Dizem os fragmentos caldeus que Oannes, o “Homem-Peixe”, que saia do mar todas as manhãs para instruir os homens, falava do abismo de água e trevas, onde residiam os mais horrendos seres: homens alados, homens com duas e quatro asas, seres humanos com duas cabeças, etc. É também a esta situação calamitosa que se refere a lenda grega da “Caixa de Pandora”: quando a caixa é aberta, espalha-se sobre a Terra toda a espécie de males e doenças, e quando é de novo fechada, somente resta a Esperança. É uma história semelhante à do “Aprendiz de Feiticeiro”, pois quando alguém, submetido por intenso desejo, envereda por caminhos que desconhece, podem acontecer-lhe as coisas mais horríveis, resultado e fruto da sua ignorância.
Entretanto, terríveis cataclismos assolaram a Lemúria, destruindo a maior parte do continente e aniquilando quase todos os seus habitantes. Apenas uma elite lemuriana, dirigida e comandada por Manu, um guia divino, conseguiu refugiar-se na parte ocidental do continente e daí atingir uma terra recentemente emersa, a Atlântida, onde iria desenvolver uma nova raça e a primeira civilização humana.
O Homem (homem e mulher) de sexos opostos, dotado de Mente e Desejo, surge no fim do período lemuriano, depois das tremendas convulsões originadas pela descoberta do sexo, e depois dos seres celestes (Arcanjos, Adão?) se terem cruzado com as formosas “filhas dos homens” e terem gerado filhos. Esta foi a 3ª raça, e tudo leva a crer que foi no seu seio onde se deram as duas quedas: a dos Anjos, que descendo à matéria engendraram filhos ao cruzarem-se com as “filhas dos homens” e dotaram a sua descendência com os atributos da consciência; a do Homem, que se separa em dois sexos diferentes e toma conhecimento do bem e do mal. Afinal, ambas estão intimamente ligadas entre si, por isso a nossa suspeita de que se tratou de um único evento. Diz a tradição que o Homem-Anjo assim criado, engendrou dentro de si o demónio, abrigou-o no seu coração e contagiou Deus que aí habitava, envolvendo o Espírito puro com o demónio impuro da Matéria.
Esta elite lemuriana que se salvou (arca de Noé?) era liderada por um ser divino chamado Manu. Em sânscrito, Manu quer dizer Homem. Na tradição hindu, é um dos 14 progenitores da humanidade, cada um dos quais governa o mundo por um período de tempo conhecido como Mavantara. A duração de um Mavantara, de acordo com a mesma tradição, é de 4.320.000 anos. O actual Manu é o sétimo, chamado Vaivasvata (filho do Sol), e é o herói da história hindu sobre o dilúvio, ou seja, a mesma personagem descrita na Bíblia como Noé.
Quem é este Manu, que para os hindus se chama Vaivasvata e para os hebreus se chama Noé? Os fragmentos das tábuas achadas na antiga Babilónia e na antiga Caldeia reconhecem a existência de duas raças principais no tempo em que se terá dado a queda, raças essas precedidas por uma outra, a que aqueles fragmentos aludem como raça dos deuses. Estes deuses eram sete, cada um dos quais criou um Homem, ou um grupo de homens em diferentes partes do planeta. Há nos fragmentos babilónicos a referência, tal como na Bíblia, a duas criações distintas: primeiro a criação eloísta, figurada na Bíblia, no 1º capítulo, como acção directa de Deus (ou Elohim); depois, no 2º capítulo, a criação jeovista, em que a acção é feita por Javé Deus (Jeovah). Cremos que a primeira se refere à criação do Homem celeste (a raça dos deuses ou os sete deuses), e a segunda à criação das humanidades das 2ª e 3ª raças raízes.
Manu aparece em toda a tradição antiga e por toda a parte com os mais diversos nomes. Pode tratar-se da mesma personagem ou de personagens semelhantes, e aparece, invariavelmente, no número de sete. Ele é Thoth dos egípcios, que pode também ser Osíris ou Isis; é o Hermes dos gregos, o mensageiro dos deuses, ou o Apolo hiperbóreo; é o Oannes dos caldeus, o homem-peixe; é o Enoch dos hebreus, o “divino gigante”; é o Manco-Capac dos incas peruanos. Em toda a parte a história é semelhante, são os sete deuses que desceram e reinaram sobre a Terra, ensinando à humanidade astronomia, arquitectura, agricultura e todas as demais ciências que chegaram até aos dias de hoje. Primeiro aparecem como deuses criadores; depois fundem-se no homem nascente; por fim ressurgem como “reis e governadores divinos”.
Manu seria então um desses sete deuses, um Homem celeste, o Adão primordial, que desceu ao mundo da matéria, misturou-se com os homens para os ensinar, instruir e conduzir. Era um ser divino e relacionava-se directamente com Deus (Elohim). O próprio Génesis, no capítulo 6, diz que Noé era um homem justo, íntegro entre os seus contemporâneos, e andava com Deus. A história da Arca poderá muito bem ser o salvamento que ele efectuou daquela elite lemuriana (elite no sentido de que eram homens já instruídos por ele), quando a Lemúria foi destruída por um cataclismo ou uma série de cataclismos. Mas ele não era o único ser celestial que tinha descido na Lemúria, outros filhos de Deus ou deuses o tinham feito para se cruzarem com as filhas dos homens.
Helena Blavatsky, acerca deste episódio, conta-nos que, depois da Terra ter sido preparada pelos poderes inferiores e mais materiais, e os seus três reinos (mineral, vegetal e animal) terem principiado a frutificar e a multiplicar-se, os Poderes superiores, os Arcanjos, foram obrigados pela Lei da Evolução a descer à Terra para construir o Homem. Isto quer dizer, como suspeitávamos, que a queda foi o resultado da Lei da Evolução, e não o castigo eterno decretado por Deus. Por outro lado, também quer dizer que o homem constitui um reino à parte na natureza, é o quarto reino, o que concorda com a Bíblia, onde está perfeitamente diferenciada a criação do homem em relação aos outros reinos.
Diz mais a “Doutrina Secreta” que os Arcanjos projectaram as suas sombras, mas que um terceiro grupo, o dos Anjos do Fogo, se negaram a criar desta forma, por não quererem criar homens sem vontade e irresponsáveis, como o haviam feito os outros Anjos. Estes Anjos do Fogo pertenciam a um plano de consciência mais elevado que o dos outros, e verificaram que não podiam dotar os homens com um reflexo temporal dos seus próprios atributos porque, neste plano, não seria possível a evolução espiritual e psíquica sem que os homens pudessem acumular mérito e demérito. Eles sabiam que se tivessem criado o homem apenas como sombra de si mesmos, esta não passaria de uma sombra imóvel, inerte e imutável da perfeição, seria «Eu sou o que sou», e estaria condenado a passar a vida na Terra como um pesado sono sem sonhos, teria sido um fracasso completo no plano material.
Foram estes Anjos do Fogo, a hoste de Lúcifer, quem abriu os olhos (consciência) do autómato criado por Jeovah (ou Javé Deus); foram estes Elohim da Luz, que sabiam muito e amavam muito mais, os que nos conferiram a imortalidade espiritual em vez da física. São estes os Anjos rebeldes, cuja natureza é Sabedoria e Amor.
No fim da 3ª raça, depois dos tremendos cataclismos que abalaram e destruíram o seu continente, parte dos lemurianos mais evoluídos e conduzidos por “guias divinos” instalou-se num novo continente que emergia das águas, a Atlântida, dando assim origem à primeira raça atlante de gigantes.
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