“Ano de 1935. A vida não é fácil para Ângelo Roncalli, arcebispo de Masembria, delegado apostólico na Turquia. Também ele, assim como todos os sacerdotes e religiosos, por causa das perseguições, deve andar em trajes civis. É vigiado, não podendo movimentar-se à vontade. Há espiões por todo o lado. Todavia, os que se aproximavam dele achavam que tinha um ar de grande serenidade, que não era só aquela alegria que tinha sempre sabido transmitir aos outros, principalmente nos momentos difíceis. Foi exactamente naquela época que ele iniciou o contacto com o mundo desconhecido.
Ângelo Roncalli fora iniciado na tradição rosacruciana, sob o nome de Johannes – João, o nome que escolheria ao ser eleito pontífice da Igreja Católica.”(As Profecias do Papa João XXIII, Edições António Ramos, Lisboa, 1977).
Quem conhece um pouco da história da Igreja Católica concordará que João XXIII, apesar do seu curto reinado, deixou uma marca indelével na História, não só da Igreja, como da Humanidade. A sua vida foi árdua, cheia de espinhos, dificuldades que soube ultrapassar com rara mestria. Filho de uma família numerosa de camponeses, conseguiu ordenar-se padre depois de ingressar no seminário de Bérgamo e depois, com uma bolsa de estudos, no seminário romano de Apollinar, onde se formou em Teologia e conseguiu grandes conhecimentos da língua hebraica. Durante todo o tempo de estudos e depois, durante o resto da sua vida, escreveu um diário a que mais tarde foi dado o nome de “Diário da Alma”, onde anotou as suas angústias, as suas ansiedades, afinal, tudo quanto lhe ia na alma.
Foi sempre escolhido para missões extremamente difíceis e imprevistas – a própria eleição para Papa foi uma grande surpresa para ele, que não a esperava de modo nenhum. Conheceu o mundo da Cúria romana pela mão do Papa Bento XV, que o introduziu na Sagrada Congregação de Propaganda da Fé. Em 1925 foi elevado a bispo em Roma. Como arcebispo de Aeropoli foi enviado para a Bulgária, onde procurou um contacto difícil com as comunidades cristãs e conseguiu encontrar-se com Sepanosse Hovegnimian, metropolita dos Arménios (Igreja Ortodoxa), superando obstáculos seculares e abrindo caminho para um projecto que não mais o abandonaria, o ecumenismo. Ainda na Bulgária é nomeado por Roma como primeiro delegado apostólico naquele país. Em 1935 é nomeado bispo de Masembria e colocado como núncio apostólico na Grécia e na Turquia, países onde há muito tempo a Igreja encontrava enormes dificuldades. Em 1941, de visita a Sófia, ciente dos perigos que corria em relação ao conservadorismo da Igreja, avistou-se com o metropolita ortodoxo, Stefan, a quem abraçou como irmão.
Em 1944 é colocado em França como núncio apostólico. De Gaulle exigira do Vaticano o envio de alguém para resolver um problema: queria afastar os bispos e prelados que tinham colaborado com os nazis e nomear outros de sua escolha. Com extrema habilidade e diplomacia, conseguiu levar por diante o seu plano de reestruturação da Igreja em França, não fazendo a vontade do governo mas também não criando clivagens. Pelo seu trabalho conseguiu a maior admiração por parte de De Gaulle. Tornou-se amigo de ministros maçónicos e anticlericais, abrindo a sua casa e sentando à sua mesa as pessoas mais diversas e mesmo inimigos políticos. Depois da morte de Pio XII, De Gaulle recomendou ao seu embaixador junto da Santa Sé que agisse o melhor possível a favor de Roncalli. Em 15 de Janeiro de 1953 recebeu, de acordo com a tradição, no palácio do Eliseu em Paris, o barrete cardinalício, das mãos do então presidente da República Francesa e seu amigo pessoal, Vincent Auriol. Na mesma altura Pio XII nomeia-o patriarca de Veneza.
Anotou no seu “Jornal da Alma” que esperava terminar a sua vida como patriarca de Veneza mas, seis anos depois, Pio XXII morre e Roncalli parte para Roma para participar no Conclave que acabaria por elegê-lo Papa. O preferido do Conclave era o arcebispo de Milão, Giovanni Montini mas Pio XII não o elevara a cardeal. Isto foi feito por João XXIII logo após a sua eleição.
Uma das suas primeiras preocupações como Papa foi a preparação de um Concílio ecuménico, reunindo ali todas as tendências que havia dentro da Igreja e tentando superar uma crise que já era visível. Encontrara a ideia nas anotações do seu predecessor, Pio XII, e, quando as forças mais conservadoras do Vaticano previam uma década para a preparação do Concílio, João XXIII preparou-o em alguns meses. Foi assim que no dia 25 de Janeiro de 1959, João XXIII, usando as vestes de bispo de Roma, anunciou na Igreja de São Paulo a iminente celebração de um sínodo para a diocese de Roma e de um concílio para a Igreja Católica. Esta notícia teve o efeito de uma bomba nos meios eclesiásticos, principalmente nos mais conservadores e imobilistas, que não queriam nenhuma alteração ao “status quo”. Ao anunciar o concílio, João XXIII correu um risco tremendo, pois não é nenhuma novidade que quando um Papa entra por caminhos menos conservadores e inovadores, o Vaticano funciona como uma monarquia: se o rei não serve, mata-se o rei. Foi assim com João Paulo I, acerca do qual ainda hoje se especula se foi assassinado ou vítima de um enfarto do miocárdio.
O Concílio Vaticano II seria o Concílio de uma certa viragem da Igreja Católica. Infelizmente João XXIII não pôde assistir às conclusões do Concílio, às mudanças que ele propunha. Quem o fez foi Montini, o cardeal que o substituiu na cadeira pontifícia sob o nome de Paulo VI, o primeiro Papa a viajar pelo mundo e o primeiro a viajar de avião. Apesar da reacção do clero conservador, uma nova era se abria para a Igreja Católica, que poderia ser bem melhor se muitas das decisões tomadas no Concílio não tivessem sido encerradas definitivamente numa gaveta.
(Continua)
4 comentários:
Mais por quer não esta escrito oque o Papa João XXIII deixou escrito???
bahsd hasdaigdy sdtadjd siur svsdjm
gfgsdfg irebshfgsd sdfsjdfgdfg fghuer jjgyu mfygog ghunusdf ifosofgsj??
vcs deveriam investigar mais a vida de angelo roncalli e seu familhares na cidade de osasco familha Roncalli e familia Boffi
varios membros destas familia saõ rosa cruz e maçon o frei eonardo Boff...
Verdade vcs deveriam investigar mais sobre a família Boffi e Roncalli de Osasco com certeza vão descobrir um parentesco muito grande entre estas duas familhas
Enviar um comentário