Depois das várias crónicas acerca dos segredos de Fátima, crónicas essas que suscitaram a aprovação de muitos e o repúdio de alguns, estes barricados na sua fé inabalável que nem as maiores evidências conseguem derrubar, lanço-me agora em alguns artigos que serão tão polémicos ou mais do que aqueles. Mas antes de me lançar no assunto, cumpre-me esclarecer o motivo que me leva a escrever sobre estes temas religiosos.
Como pesquisador da História não posso ignorar o papel fundamental que o cristianismo teve nos eventos históricos que foram acontecendo durante os últimos dois mil anos. Não adianta tentar investigar determinados acontecimentos ignorando a forte influência religiosa nesses acontecimentos e na forma como a sociedade se tem organizado durante estes séculos. Por outro lado, os passos gigantescos que foram dados ao nível do conhecimento científico e tecnológico, foram sempre à revelia ou contra a religião. É paradigmático o episódio de Galileu, só para citar o mais conhecido. O fundamentalismo religioso leva, ainda hoje, como acontece no Brasil, a uma feroz batalha tentando impedir a aprovação das investigações com células tronco, investigações essas que poderão levar à cura da maioria dos cancros e de muitas outras doenças, ou seja, poderão vir a beneficiar muitos milhões de seres humanos.
Constantino foi um imperador romano do início do século IV. Imperador de legitimidade duvidosa assumiu o poder da Roma imperial à força de espada. Naquela época Roma tinha dois imperadores: o imperador sénior, proclamado o Augusto, e o imperador júnior, qualquer coisa como um vice-imperador. Constantino serviu o imperador sénior Diocleciano, que governava Roma juntamente com o imperador júnior Maximiliano. Quando estes abdicaram em conjunto, o pai de Constantino, Constâncio, foi proclamado imperador sénior e, quando esperava ficar com o cargo imediatamente inferior, Constantino foi descartado em favor de Flávio Severo.
Constâncio morreu em 306 na Bretanha, com Constantino junto do seu leito de morte. Nessa altura Constantino proclamou-se a si mesmo imperador sénior, sucessor de Constâncio, impondo o princípio de hereditariedade seguido pelas monarquias. Logo de início, Constantino tinha o poder sobre a parte mais ocidental do império. Depois de muitas peripécias, com o poder em Roma mudando de mãos, Constantino acabou por vencer Maxêncio, o imperador residente em Roma, e assumir o controle total do império do ocidente.
A sua pseudo conversão ao cristianismo deveu-se, provavelmente, a sua mãe, Helena, que já deve ter nascido cristã e realizou, no fim da sua vida, uma peregrinação à Terra Santa, onde terá localizado uma cruz, a verdadeira cruz do suplício de Jesus, e mandou construir a Igreja do Santo Sepulcro em substituição de um templo existente no local e dedicado a Apolo. Por outro lado, na biografia de Constantino elaborada pelo bispo Eusébio de Cesareia, conta-se que, na véspera da batalha contra Maxêncio para se apoderar de Roma, Constantino sonhou com uma cruz sobre a qual estava escrito “In hoc signo vinces” (sob este símbolo vencerás).
Chamo-lhe pseudo conversão porque, apesar de Constantino ter legalizado o cristianismo logo que se tornou imperador, não ilegalizou o paganismo, cuja prática ele próprio exercia pois, até ao fim da sua vida nunca deixou de adorar o “Sol Invictus”, que manteve como símbolo principal nas suas moedas, e só nos derradeiros anos do seu reinado substituiu esse símbolo por um emblema cristão, o X e o P sobrepostos.
Ao legalizar e apoiar o cristianismo, na sua condição de Sumo Pontífice, cargo exercido pelos imperadores romanos, através do qual regulavam e interferiam nas práticas religiosas em todo o Império, Constantino passou também a exercer a sua autoridade sobre o cristianismo e sua hierarquia, estabelecendo Roma como o centro ao qual as igrejas cristãs deveriam passar a reportar-se.
Constantino era o imperador do Ocidente. No Oriente estava Licínio. Quando este expulsou os funcionários cristãos da corte e negou a entrada de Constantino no Oriente durante a campanha contra os sármatas, foi o pretexto para Constantino invadir o império do Oriente, derrotar Licínio e tornar-se o imperador de todo o Império Romano.
Apesar de legalizado, o cristianismo estava em profunda decadência, decorrente de muitos cismas nos quais muitos grupos de digladiavam, cada um chamando a si a posse da verdade acerca de Cristo e da sua natureza. Destacava-se especialmente uma corrente chamada de arianismo, que não atribuía a Jesus a sua condição divina mas o considerava a mais perfeita das criaturas.
Temendo que as grandes divisões entre os grupos cristãos pudessem, de algum modo, colocar em risco o seu poder supremo sobre todo o império, e talvez influenciado por sua mãe, Constantino resolve convocar o cristianismo para o seu primeiro Concílio, em Niceia, com a finalidade de unificar os diversos grupos sob uma mesma doutrina. Neste Concílio, criado e dirigido por Constantino, foram estabelecidos alguns dogmas, como a divindade de Jesus e o de ser uno com o Pai, o estabelecimento da Trindade com a inclusão do Espírito Santo, e o arianismo foi condenado, sendo alguns dos seus defensores expulsos do Concílio.
Os inúmeros grupos cristãos não somavam, na altura, mais do que 10 por cento da população do Império e, como disse atrás, estavam em decadência pelas disputas que geravam entre si. Por este motivo há quem não compreenda a necessidade de Constantino, não só de legalizar o cristianismo, como tentar unificá-lo sob uma única doutrina. Para além da influência da sua mãe, talvez tivesse ficado impressionado com a extrema militância dos membros desses grupos, que chegavam ao sacrifício da própria vida em nome da sua religião.
Embora o Concílio de Niceia não tivesse atingido plenamente os seus objectivos, pois as divisões continuaram, como no caso do arianismo, que chegou a atingir um certo poder na vertente oriental da Igreja. O próprio Constantino foi baptizado pouco antes de falecer por um bispo ariano. Apesar disso, a elevação do cristianismo a religião oficial do Estado, partilhando assim do poder temporal e sendo o imperador o seu sumo pontífice, permitiu a uma religião que estava no ocaso desenvolver-se a nível exponencial, espalhando-se rapidamente por todo o Império. Não fosse assim, continuando o cristianismo a ser perseguido e os seus membros em querelas permanentes, correria o risco de desaparecer, como aconteceu com outras religiões semelhantes que foram despontando ao longo dos séculos naquela região do Médio Oriente. A ascensão ao poder absoluto, de que dispôs durante toda a Idade Média, atingido pela Igreja Romana, coincide com o declínio e desaparecimento do Império Romano, sobre cujas cinzas estabeleceu o seu poder e organização.
7 comentários:
Eu gostaria de saber o real motivo da conversão de constantino, já ouvi falar que tal conversão se deu pra poupar a vida da sua mãe que já era Cristã não tenho fontes mas gostaria de saber se procede
Olá. adorei seu texto, sou bruxa iniciada há 2 anos... e lendo seu texto, vi como vc conseguiu de maneira muito singular explicar aquilo q muitos livros não conseguem.
Parabéns
um grande bjo e benção infinitas!!!
Cristo já existia muito antes de a terra ter sido criada, de o homem ter sido formado, e principalmente: Cristo já existia muito antes de os falsos deuses começarem a surgir! deuses esses que tentaram imitar os atributos do Único e verdadeiro Rei dos Reis; que se apresentaram ao longo da história como falsos messias. Muitos deles ficaram conhecidos no mundo antigo com diversos nomes: Ninrode, Tamuz, Mitra, Osiris, Hórus, Dagon, Shamash, Zeus, Saturno e etc.
Cristo é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim. Essa história que diz que Cristo existe a cerca de 2000 anos é errada e completamente falsa, pois ele já existia muito antes que apenas 2000, ele já existia desde a eternidade.
Um dos princípios mais básicos para um entendimento correto da mensagem da Bíblia é que a Escritura interpreta a Escritura. "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
2 Pedro 1:20,21" -
"Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. 2Timóteo 3:16"
O texto nao deixou claro que, durante o Concílio de Nicéia, Constantino apoiou diversas vezes às heresias de Ário (bispo apóstata). Hoje os falsos ensinos do heresiarca de Alexandria, e às doutrinas erraticas do arianismo outrora combatidos, tem sido disseminados através de diversas seitas que insistem em propagar inverdades a respeito de Cristo e de sua obra redentora.
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