quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Era dos Deuses - V - Os Mistérios Egípcios - 3ª Parte

Zecharia Sitchin é o autor de uma série de livros que ele denominou de “Crónicas da Terra”. Talvez o mais conhecido desses livros seja aquele intitulado “O 12º Planeta”. Especialista na leitura e interpretação da escrita cuneiforme usada na Suméria e em toda a área da Mesopotâmia, escreveu nessa série de livros uma história fantástica do nosso planeta e do ser humano.
Contestado por muitos como fantasista e que a sua história não é fundamentada em leituras correctas das tabuínhas de argila encontradas na Mesopotâmia, o que é certo é que várias das suas ideias têm vindo a ser confirmadas pela ciência. Por outro lado, algumas das imagens gravadas nessas tabuínhas, são muito perturbadoras, como por exemplo uma em que é mostrado o nosso sistema planetário completo, incluindo os planetas exteriores, coisa que para a nossa ciência só foi possível em pleno século XX. A sua tese de que a Lua foi separada da Terra por um tremendo choque cósmico de um satélite do planeta Nibiru, quando da aproximação deste ao nosso sistema solar, é confirmada pela análise do material lunar, onde se verifica que a Lua é feita da mesma matéria que a Terra, só não tem atmosfera.
Os primeiros projectos americanos para enviar uma nave tripulada à Lua contemplavam a construção de um veículo que pousasse na Lua e tivesse combustível suficiente para voltar, o que parecia uma tarefa muito difícil ou impossível de realizar. Zecharia Sitchin, que entretanto se tornara conselheiro da NASA, sugeriu o mesmo sistema usado pelos deuses no Antigo Egipto: a nave principal ficava em órbita e uma nave mais pequena efectuava o pouso lunar. No Egipto essas naves mais pequenas chamavam-se “águias”. O módulo que pousou na Lua chamava-se “eagle” (águia).
Aparentemente parece que a nossa história começou na Suméria, o actual Iraque, a região entre os rios Tigre e Eufrates, o local em que a Bíblia situa o Jardim do Éden. Na história contada nas tabuínhas de argila, houve épocas em que deuses governaram a Terra e ensinaram aos homens os rudimentos da ciência, da agricultura, da pecuária, do pastoreio de animais, e por aí fora.
Os deuses sumérios eram 12 e, de certa forma, dividiram a Terra entre eles. O chefe desses deuses chamava-se Anu, o qual tinha dois filhos, Enki ou Ea e Enlil. Na divisão da Terra, coube a Enki o governo da região que viemos a conhecer como Egipto.
No Egipto, Enki ficou conhecido pelo nome de PTAH, e governou, segundo a crónica daquelas tabuínhas de argila, durante 9.000 anos.
Ptah passou o poder a seu filho RA, que na suméria se chamava Marduk. A RA sucedeu seu filho Shu, casado com sua irmã Tefnut. Segundo a tradição egípcia, foram estes deuses que estabeleceram o modelo adoptado pelos faraós: a esposa oficial do rei era a sua própria irmã. Shu e Tefnut cederam o governo a dois dos seus filhos, irmão e irmã, Geb e Nut.
Com os descendentes de Geb e Nut, tudo se complicou. Com os seus dois filhos casados com as próprias irmãs, Geb e Nut não tiveram outra solução senão dividir o reino entre eles: Asar (Osíris) e Ast (Ísis) ficaram com o Baixo Egipto, Seth e Néftis ficaram com o Alto Egipto.
Isto foi uma grande complicação. Os deuses, tal como nos é descrito em toda a mitologia grega, sofriam das mesmas paixões que mais tarde os humanos vieram a receber por herança. Eram gananciosos, sedentos de poder, cometiam adultérios, incestos, eram ciumentos, etc. Assim, como nos conta Plutarco, historiador grego do 1º século da nossa era, Osíris era filho de Ra, numa relação que este manteve com sua neta Nut. Ísis era filha de Thot, que também se relacionara com Nut. Desta forma, Osíris, que era filho do grande deus Ra era o herdeiro principal. Mas pelas regras dos deuses, o herdeiro deveria ser Seth, pois ele e sua irmã e esposa Néftis, eram filhos legítimos de Geb.
Todos conhecemos o que se seguiu. Seth acabou por assassinar Osíris e tomar para si o poder sobre todo o Egipto. Para que Osíris não pudesse ser ressuscitado, separou o seu corpo em vários pedaços, 14 segundo uns, 42 segundo outros, e atirou-os ao Nilo. Ísis partiu em busca desses pedaços de Osíris e conseguiu reunir quase todos, menos um, o falo. Mas mesmo assim, por artes mágicas, conseguiu ser impregnada por Osíris e dar à luz o filho Hórus. Criado em segredo, Hórus ficou com a incumbência de, quando chegasse à idade adulta, vingar o pai.
Aparentemente, Osíris morrera sem deixar herdeiro. Seth tentou forçar Ísis a dar-lhe esse herdeiro, o que garantiria o poder no Egipto para a sua descendência. Mas Ísis, apesar de feita prisioneira por Seth, recusou-se e conseguiu fugir com a ajuda de Thot. Procurou o filho Hórus onde o deixara escondido e descobriu que ele agonizava devido à picada de um escorpião. Ela não tinha o poder de o curar e pediu a ajuda dos céus. Thot, senhor das artes mágicas e do conhecimento, desceu dos céus e curou o menino.
Quando Hórus se tornou adulto e depois de aprender tudo quanto tinha a aprender com os deuses que se tinham mantido fiéis a Osíris e Ísis, apresentou-se perante o Conselho dos deuses e reclamou para si o trono do seu pai. Depois de várias peripécias em que tentou desacreditar Hórus, e não conseguindo convencer a assembleia, Seth saiu furioso gritando que somente pelas armas o assunto poderia ser resolvido. E assim foi, depois de várias e sangrentas batalhas aéreas, terrestres e marítimas, Seth foi derrotado. O Conselho dos deuses deliberou então entregar todo o poder sobre o Egipto a Hórus e Seth recebeu um novo território a leste. Na Bíblia, Caim depois de ter assassinado Abel e ter caído em desgraça perante Deus é também enviado para terras do leste.
Como acontecera na Mesopotâmia, também no Egipto os deuses transmitiram aos homens as formas de adoração religiosa. Inicialmente, acredito que essa foi uma maneira dos deuses tentarem ensinar aos homens os mistérios da vida e do universo, mas também vejo nisso uma forma de dos deuses manterem o controlo sobre os destinos humanos. Através de rituais e sacrifícios, mantinham os humildes e ignorantes seres humanos sob a sua estrita observação e controlo. Tirando os ritos da natureza desenvolvidos um pouco por toda a Europa e os ritos xamânicos, estes também da natureza mas espalhados por todo o planeta, foi no Egipto que o sistema religioso atingiu a sua forma mais expressiva. No Egipto, pode-se dizer, nasceram as grandes religiões que têm controlado o mundo nos últimos milénios. Não sabemos até que ponto as ideias religiosas egípcias terão influenciando de forma decisiva as religiões do Oriente, nomeadamente da Índia e da China. Mas acredito que, se procurarmos bem, somos capazes de encontrar pontos de ligação. Entretanto o judaísmo, o cristianismo e, mais tarde, o islamismo, tiveram a sua génese primordial no Egipto.

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