Nem sempre temos um tema que possamos desenvolver, talvez por falta de inspiração, ou porque os temas mais conhecidos já estejam demasiado vulgarizados que, falar outra vez sobre eles não acrescenta nada nem estimula o interesse de quem lê.
Desta vez parece que não tenho tema, ou então, porque não, desenvolver várias ideias que, por sua vez, se transformem num tema mais abrangente?
Poderia falar sobre sonhos, por exemplo, uma coisa que interessa bastante às pessoas apegadas a tentar decifrá-los ou a tentar ver neles algo de profético, de previsão do futuro. Escrevi na última carta que o futuro não existe, assim como o passado, que tudo é eterno presente, ou a duração permanente, uma ideia que nos foi transmitida pela brilhante Helena Blavatsky. Mas a ideia da inexistência do futuro e do passado confunde-nos, porque não conseguimos abstrairmo-nos da sequência lógica do tempo.
Actualmente, segundo as pesquisas sobre universos paralelos, há quem defenda a teoria de que vivemos simultaneamente em vários universos, o que serviria para explicar alguns sonhos, viagens astrais, mediunidade, canalizações, todos esses fenómenos que somos habitualmente levados a considerar como objectos de crença, por não conseguirmos compreender e explicar como se manifestam, e porque é que se manifestam. Por outro lado esta teoria de universos paralelos ajudaria talvez a compreender melhor a sucessão de reencarnações ou renascimentos. Mas enquanto teoria nada ainda foi demonstrado, estando apenas na mente de alguns cientistas.
Carl Jung dedicou grande parte da sua vida aos sonhos, que ele considerava serem muito importantes na vida das pessoas. Jung via nos sonhos a projecção do subconsciente ou do inconsciente, esse “poço” que reside no nosso interior e nos faz, muitas vezes, tomar atitudes impensadas, que nos faz agir por instinto ou intuição.
Obras recentemente publicadas falam-nos da sombra e das projecções da sombra, querendo dizer que muitas atitudes agressivas ou pensamentos menos bondosos em relação aos outros, não são mais do que projecções da nossa sombra, daquilo que não gostamos em nós. Neste sentido, os sonhos como projecções da sombra ajudam a resgatar o inconsciente.
Os sonhos chamados de premonitórios ou proféticos são algo muito discutível, pois essa ideia coloca problemas à nossa capacidade de gerir a nossa própria vida. Acreditar em algo profético significa abdicarmos do nosso livre arbítrio, uma vez que independentemente do que fizermos, algo vai acontecer. Esses sonhos proféticos podem ser avisos que recebemos dessa forma e nos permitem tomar medidas para evitar que aconteçam. Conheço alguém que há muitos anos sonhou com a data da sua transição (morte), que aconteceria em meados de 2010. Já lá vão cerca de dois anos e não aconteceu essa transição, provavelmente porque a pessoa soube tomar as medidas adequadas em relação à sua saúde.
Em termos de profecias sabemos quanta especulação tem havido com o ano corrente de 1012, encontrando-se muita gente convencida de que não veremos o próximo ano. No entanto, a maior parte da população do planeta que já ultrapassou os 7 mil milhões (7 bilhões), não quer saber disso para nada, ou não sabe mesmo, preocupada apenas com a sua sobrevivência, como conseguir sustentar a família, ou até como conseguir ter água e alimento todos os dias. As especulações ficam para quem não tem mais preocupações ou tem pouco que fazer, e distrai-se morbidamente a tentar aterrorizar os outros.
O fim do mundo tem sido tema predominante na história humana. Desde o Cristo que terá anunciado que estaria connosco até ao fim dos tempos, à psicose colectiva de viradas de milénio, primeiro no ano 1000, depois em 2000. Quando os manifestos rosacruzes apareceram afixados nas paredes de Paris, no início do século XVII, grande parte da população e principalmente pessoas ligadas a religião ou esoterismo, estavam convencidas do fim do mundo próximo, pois o céu havia mostrado sinais inequívocos de que uma grande calamidade ia acontecer, devido à configuração especial de alguns planetas.
Para quem não tinha nenhum tema para desenvolver, parece acabei por tocar alguns.
Ad rosen!
(Birigui, São Paulo, 21h50 de 10 de Abril de 1012)
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