quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cartas do meu Sanctum - Mudanças

Estamos a três dias da fatídica data em que, de acordo com um calendário de origem maia e outros oráculos, o mundo vai acabar no meio do estertor de inomináveis cataclismos. Mas como escrevi na última carta, é muito provável que nada de estranho ou maravilhoso vá acontecer, o que não quer dizer que não haja uma mudança em processamento. Na verdade, tudo o que existe está sujeito à lei da impermanência, portanto, em permanente mudança. Isto acontece desde o princípio dos tempos, desde o celebrado “Fiat Lux” que terá dado origem a toda a coisa criada. Como a Natureza foi infiel e não fez a vontade dos oráculos (pelo menos até agora), não estando assim previsto qualquer tipo de cataclismo de colossais dimensões, os mentores do 21/12 dizem agora que haverá uma mudança sim, mas no interior de cada um. Acho que têm razão, só não estou de acordo em que isso vá acontecer de repente, no dia 21 e que atinja todos os seres humanos viventes no planeta. É provável, e eu quero acreditar nisso, que estejamos no fim de um ciclo cósmico e no início de outro, mas estas coisas não cessam de um lado e começam de outro. Quero dizer que talvez estejamos a vivenciar há muito tempo esse final de um ciclo cósmico e, ao mesmo tempo, a vivenciar o início de outro. Isto pode levar muito tempo, várias gerações, apesar de em termos cósmicos o tempo não existir. Trata-se de uma transição onde o fim e o início acontecem em simultâneo. O fim e o início dos ciclos não são eventos separados, interpenetram-se – a Era de Peixes não terminou abruptamente em determinada data, assim como a Era de Aquário não começou numa data específica (ainda não sei se já começou). As mudanças no interior de cada um vêm se processando há muito tempo. O ser humano de hoje não é o mesmo de há cinquenta ou cem anos, ou da Idade Média. O ser humano hoje é um ser completamente diferente por causa das mudanças que se têm operado no seu interior ao longo do tempo. Mas atenção, essas mudanças não têm sido, geralmente, no melhor sentido, basta olharmos para a humanidade actual e ver a prevalência dos apegos à matéria, e a busca do “ter” em detrimento do “ser”. Apesar disso, cresceu bastante a busca por um caminho mais espiritual, ainda que em muitos casos as pessoas sejam levadas a autênticos equívocos. Essa busca existe e esta humanidade tem vindo da ser beneficiada pela elevação espiritual que muitos seres humanos têm conseguido atingir, pois como se sabe e já demonstrado, quando alguém se eleva ajuda a elevar, por pouco que seja, o resto da humanidade. No entanto, o egoismo da maioria prevalece e por isso estamos a viver uma verdadeira época de caos. Não é por acaso que as intituições (criações nossas) estão a falir ou faliram, que não existe confiança em ninguém, que só podemos confiar em nós próprios e no nosso mestre interior. Estamos todos envolvidos neste processo de mudança e talvez o caos em que somos obrigados a viver seja um bem, uma bênção, uma oportunidade cósmica de resgatarmos o “velho homem” e criarmos o “novo homem”, aproximando-nos talvez desse arquétipo chamada Adão, ou Adão Kadmon, que compartilhava com Deus as delícias do Paraíso. Ad rosen! (Escrito em Birigui, São Paulo, às 21h40 de 18 de Dezembro de 2012)

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