sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cartas do meu Sanctum - Sem Tema

Nem sempre temos um tema que possamos desenvolver, talvez por falta de inspiração, ou porque os temas mais conhecidos já estejam demasiado vulgarizados que, falar outra vez sobre eles não acrescenta nada nem estimula o interesse de quem lê.
Desta vez parece que não tenho tema, ou então, porque não, desenvolver várias ideias que, por sua vez, se transformem num tema mais abrangente?
Poderia falar sobre sonhos, por exemplo, uma coisa que interessa bastante às pessoas apegadas a tentar decifrá-los ou a tentar ver neles algo de profético, de previsão do futuro. Escrevi na última carta que o futuro não existe, assim como o passado, que tudo é eterno presente, ou a duração permanente, uma ideia que nos foi transmitida pela brilhante Helena Blavatsky. Mas a ideia da inexistência do futuro e do passado confunde-nos, porque não conseguimos abstrairmo-nos da sequência lógica do tempo.
Actualmente, segundo as pesquisas sobre universos paralelos, há quem defenda a teoria de que vivemos simultaneamente em vários universos, o que serviria para explicar alguns sonhos, viagens astrais, mediunidade, canalizações, todos esses fenómenos que somos habitualmente levados a considerar como objectos de crença, por não conseguirmos compreender e explicar como se manifestam, e porque é que se manifestam. Por outro lado esta teoria de universos paralelos ajudaria talvez a compreender melhor a sucessão de reencarnações ou renascimentos. Mas enquanto teoria nada ainda foi demonstrado, estando apenas na mente de alguns cientistas.
Carl Jung dedicou grande parte da sua vida aos sonhos, que ele considerava serem muito importantes na vida das pessoas. Jung via nos sonhos a projecção do subconsciente ou do inconsciente, esse “poço” que reside no nosso interior e nos faz, muitas vezes, tomar atitudes impensadas, que nos faz agir por instinto ou intuição.
Obras recentemente publicadas falam-nos da sombra e das projecções da sombra, querendo dizer que muitas atitudes agressivas ou pensamentos menos bondosos em relação aos outros, não são mais do que projecções da nossa sombra, daquilo que não gostamos em nós. Neste sentido, os sonhos como projecções da sombra ajudam a resgatar o inconsciente.
Os sonhos chamados de premonitórios ou proféticos são algo muito discutível, pois essa ideia coloca problemas à nossa capacidade de gerir a nossa própria vida. Acreditar em algo profético significa abdicarmos do nosso livre arbítrio, uma vez que independentemente do que fizermos, algo vai acontecer. Esses sonhos proféticos podem ser avisos que recebemos dessa forma e nos permitem tomar medidas para evitar que aconteçam. Conheço alguém que há muitos anos sonhou com a data da sua transição (morte), que aconteceria em meados de 2010. Já lá vão cerca de dois anos e não aconteceu essa transição, provavelmente porque a pessoa soube tomar as medidas adequadas em relação à sua saúde.
Em termos de profecias sabemos quanta especulação tem havido com o ano corrente de 1012, encontrando-se muita gente convencida de que não veremos o próximo ano. No entanto, a maior parte da população do planeta que já ultrapassou os 7 mil milhões (7 bilhões), não quer saber disso para nada, ou não sabe mesmo, preocupada apenas com a sua sobrevivência, como conseguir sustentar a família, ou até como conseguir ter água e alimento todos os dias. As especulações ficam para quem não tem mais preocupações ou tem pouco que fazer, e distrai-se morbidamente a tentar aterrorizar os outros.
O fim do mundo tem sido tema predominante na história humana. Desde o Cristo que terá anunciado que estaria connosco até ao fim dos tempos, à psicose colectiva de viradas de milénio, primeiro no ano 1000, depois em 2000. Quando os manifestos rosacruzes apareceram afixados nas paredes de Paris, no início do século XVII, grande parte da população e principalmente pessoas ligadas a religião ou esoterismo, estavam convencidas do fim do mundo próximo, pois o céu havia mostrado sinais inequívocos de que uma grande calamidade ia acontecer, devido à configuração especial de alguns planetas.
Para quem não tinha nenhum tema para desenvolver, parece acabei por tocar alguns.
Ad rosen!

(Birigui, São Paulo, 21h50 de 10 de Abril de 1012)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cartas do meu Sanctum - Os Registos Acásicos ou Akasha

Já muito se escreveu sobre este assunto e muitas teorias foram desenvolvidas, levando por vezes a alguns pequenos equívocos.
Todos podemos equivocar-nos acerca de qualquer assunto, ninguém está livre de incorrer nesse erro. Assim, apesar do que escrevo ser o resultado de profunda reflexão, não tenho a menor pretensão de estar dentro da verdade. Estar dentro da verdade significa, para mim, estar próximo da verdade, na assunção de que esta, a verdade, ou a verdade absoluta, pode ser que exista, mas muito dificilmente temos acesso a ela. Quando muito conseguimos atingir a nossa verdade, que não é necessariamente a mesma verdade para os outros – cada um tem a sua verdade.
Acerca dos famosos arquivos ou registos acásicos, a que alguns dizem ter acesso, onde está realmente a verdade? Há também quem confunda arquivos acásicos com a aura ou o campo energético das pessoas, quando na realidade o que estes campos mostram é a saúde física e psíquica das pessoas, nada mais do que isso.
Mas há quem leia os arquivos acásicos, tenha acesso a eles e depois nos conte o que ali leu. Há alguns livros que foram assim escritos, segundo os seus autores. Paremos um pouco por aqui para poder explicar o que, no meu entender, são os arquivos ou registos acásicos: são registos feitos no Cósmico (ou no astral para algumas escolas), de tudo quanto aconteceu e acontece na Terra, de todos os pensamentos criados, de amor, ódio ou de qualquer outra natureza.
Para Helena Blavatsky, que disse ter tido acesso ao livro mais antigo do mundo, o “Livro de Dzyan”, o tempo e o espaço estão contidos numa imensa tela onde tudo é registado, desde o carma, com os seus débitos e créditos, a tudo quanto se pensa e acontece. Essa tela imensa é a “duração eterna”.
De acordo com essa tradição antiga, o tempo é uma ilusão que se produz pela sucessão dos nossos estados de consciência na nossa viagem através da duração eterna, e só existe onde há consciência, em que esta possa produzir a ilusão. O presente é uma linha matemática que separa a eternidade em duas partes, uma chamamos de passado e outra de futuro, mas trata-se da mesma duração eterna. O futuro e o passado são uma e a mesma realidade, se lhe podemos chamar assim. É o “Eterno Presente” dos místicos. Na nossa consciência, o tempo corre do futuro para o passado porque, à medida que vamos tomando consciência do «vir a ser» (futuro), passamos a ter consciência do «foi» (passado). Isto quer dizer que nem o futuro nem o passado existem, pois são ambos a duração eterna onde tudo permanece imóvel. Eles, o passado e o futuro, assim como o tempo, só existem como uma ilusão que é percebida pelos nossos sentidos.
Por muito difícil que seja a compreensão disto, algo nos diz que podemos estar dentro ou a rondar a verdade. A própria ciência encaminha-se a passos largos para essa compreensão, senão não faria sentido a teoria da relatividade de Einstein, a teoria das cordas ou super cordas, a nanotecnologia (já em aplicações práticas) e a percepção, cada vez mais presente de que o tempo não existe, que resulta apenas dos nossos estados sucessivos de consciência.
Tudo o que pensarmos e fizermos fica registado nessa tela da “duração eterna” a que chamam arquivos ou registos acásicos. Estes registos vão-se reforçando à medida em que mais pessoas forem elaborando formas-pensamento semelhantes, ou seja, quando muitas pessoas acreditam em determinado acontecimento, esse acontecimento passa a ser considerado verdadeiro, passa a ser verdade – está neste caso, como exemplo, a génese, o desenvolvimento e a solidificação de conceitos de algumas das principais religiões.
A possibilidade de consulta dos registos acásicos não nos garante a sua natureza, e deve haver o maior cuidado de não tirar conclusões precipitadas da sua leitura. Porque quando se diz que ali fica tudo registado, quer dizer tudo, a verdade e a mentira, o verdadeiro e o falso, as criações mentais mais elaboradas, os sentimentos de raiva, de ódio, de prazer e de amor, enfim tudo. Numa qualquer biblioteca podemos encontrar livros com os temas mais diversos, podemos encontrar romances criados pela imaginação dos seus autores, biografias geralmente muito subjectivas, livros técnicos e de ciências. Podemos encontrar também documentos ali depositados, nem sempre verdadeiros, podemos encontrar falsificações, fraudes várias, descrições mentirosas. Como exemplo bem esclarecedor, temos as cartas de Paulo incluídas no Novo Testamento da Bíblia, em que praticamente todos os teólogos concordam que, pelo menos metades delas são falsas, que foram escritas tardiamente por padres da Igreja.
Assim são os arquivos acásicos, tudo ali está registado, o bem e o mal, a verdade e a mentira, pensamentos construtivos e destrutivos, tudo, por isso deve haver o maior cuidado na interpretação dos factos que nos são relatados provenientes da sua consulta.
Ad rosen!


(Escrito em Birigui, São Paulo, às 23h00 horas de 3 de Abril de 2012)