domingo, 26 de julho de 2009

A Era dos Deuses - X - Os Exilados de Capela - 2ª Parte

Começo esta segunda parte por uma questão que me foi levantada por um leitor. Ele diz que a vinda de seres de Capela não é estranha à tradição pois há registos antigos que falam da vinda dessas almas para o planeta Terra.
É verdade que existem registos antigos sobre a vinda de seres de outros planetas para povoarem a Terra, mas esses registos não falam nem de Capela nem de nenhum planeta em particular. Por exemplo, no “Lemurian Scrolls” (rolos lemurianos) da autoria, julgo, de Satguru Boditinatha Veylanwami, podemos ler o seguinte em tradução livre da versão inglesa: “Os seres humanos migraram para este planeta no corpo da sua divina alma durante o Sat Yuga, a idade da iluminação. Eles tinham atingido um estágio final de evolução no seu planeta. O risco de migrar para um planeta de fogo era grande, mas também gratificante. Eles estavam, contudo, numa fase de evolução precisando de um planeta de fogo para se catalizarem através de novas experiências completando o seu desenvolvimento para a realização final do Self, porque não o tinham feito previamente e estavam apenas boiando na sua felicidade, ou eram grandes seres que já tinham realizado o Self e vieram para ajudar os outros.”
De facto este livro, ou tradução de rolos da Lemúria, fala na vinda de seres de outros planetas, não apenas de um, mas não menciona quais. A identificação de Capela como origem da humanidade não concorda com outras tradições. Exemplificando: entre os essénios havia a noção de que a sua origem estava no planeta azul, Vénus, e figuravam-no como uma estrela de cinco pontas; no Egipto Antigo acreditava-se que tinham vindo de Sírius ou de Orion, atribuíam a Ísis a sua origem em Sírius, e a Osíris a constelação de Orion. Portanto, a ideia da vinda de Capela é absolutamente nova, não encontra confirmação na tradição antiga.
Quanto à Lemúria, parece que efectivamente a humanidade começou ali, ainda que de uma forma muito primária, pois inicialmente parece que a atmosfera era muito densa e os corpos eram translúcidos, ainda não completamente formados fisicamente. Ali teriam existido as chamadas 1ª, 2ª e 3ª raças, mas nisto o livro “Os Exilados de Capela” segue a par e passo as descrições algo confusas da “Doutrina Secreta” de Helena Blavatsky, embora as datas não sejam coincidentes. Assim, e também de acordo com a “Doutrina Secreta”, A Lemúria acabou por desaparecer em prováveis convulsões que assolaram a Terra, salvando-se apenas uma minoria de seres, uma “casta” de eleitos que foram depois iniciar o povoamento da Atlântida. Este cataclismo teria sido originado pela degeneração da raça humana, que teria caído em grandes depravações, nas quais se incluíam também muitos dos seres superiores, que se tinham deixado seduzir pelos prazeres físicos, relacionando-se inclusive com as filhas dos homens.
Nisto parece estar quase tudo de acordo: A Bíblia diz que os filhos de Deus (deuses) se apaixonaram pelas filhas dos homens; a “Doutrina Secreta”, baseada nas estrofes de um livro tido como o mais antigo de todos, O “Livro de Dzyan”, refere que a Lemúria teria sido destruída pelos deuses porque a raça teria caído em grandes depravações; até Martinés de Pasqually fala em prevaricação no seu “Tratado de Reintegração dos Seres”. Naturalmente que o livro “Os Exilados de Capela” atribui o cataclismo que terá destruído a Lemúria a um castigo divino.
Com base apenas nestas descrições, a Terra no tempo da presumível existência da Lemúria não estava ainda numa situação relativamente estável, como acontece há uns bons milhares de anos. A atmosfera era muito densa, provavelmente o ar ainda não era aquela composição química que tem hoje (78% de nitrogénio, 21% de oxigénio e o resto constituído por outros gases, inclusive o dióxido de carbono). A atmosfera densa podia ser devida a convulsões sísmicas e vulcânicas. Portanto, estando a Terra nessa situação, é natural que mais dia, menos dia um grande cataclismo tenha feito desaparecer grande parte da sua massa, que as águas se tenham elevado, que montanhas tenham sido submergidas e outras montanhas se elevado. Obviamente que não se tratou de qualquer castigo divino, apenas consequências trágicas de um planeta ainda jovem e em formação.
Voltando aos “Lemurian Scrolls”, podemos ler o seguinte: “As almas mais evoluídas que primeiro chegaram à Terra durante o Sat Yuga continuaram a trazer para a forma física mais seres divinos de outros planetas. Isso era parte da sua missão. Lord Skanda veio para a Terra durante o Sat Yuga. Ele era uma das almas mais altamente desenvolvidas. Ele veio como o líder do primeiro grupo para os guiar até ao próximo Sat Yuga. Ele era o rei celestial da Lemúria. Foi por esta razão e através da antiga prática de oferecer essências de frutos e perfumadas ambrósias aos corpos etéricos das almas para estes as absorverem e tornarem-se densos que este planeta se tornou habitado no Sat Yuga. À medida em que o planeta se movia no tempo e espaço, raças diferentes vieram de vários planetas e se instalaram em diversas áreas.” Isto é algo muito diferente do que lemos no livro “Os Exilados de Capela”, e algo que nada tem a ver com culpa ou castigo divino.
O sentimento de culpa resultante do castigo divino foi herdado, principalmente, pelas religiões do “Livro”, as que se reportam ao Antigo Testamento, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Nas religiões orientais, como no hinduísmo, esse sentimento não existe. Daí a necessidade da vinda de um “salvador”. Como o espiritismo tem a sua raiz no cristianismo, naturalmente que “Os Exilados de Capela” não podia deixar de reforçar essa componente de culpa.
Para além de seguir a par e passo as descrições teosóficas de Helena Blavatsky na “Doutrina Secreta”, o livro também recorre ao que a Antropologia nos pode dizer sobre a ancestralidade dos vários tipos humanos, sobre a qual, como sabemos, existem bastantes divergências entre os pesquisadores que se dedicam ao assunto. Para uns o homem actual (homo sapiens sapiens) não tem mais de 30.000 a 60.000 anos, para outros apareceu na África Oriental há cerca de 200.000 anos. Isto para lá de outras controvérsias. No entanto, o livro “Os Exilados de Capela” tenta fundamentar a sua teoria com base nos diferentes espécimes fósseis de esqueletos humanos encontrados em diversos pontos do planeta, ou seja, que esses diferentes seres são o resultado da intervenção dos “veladores” no sentido de melhorar a espécie humana.
Procura também fundamentar-se na Bíblia, em Moisés, como um dos seres superiores que vieram de Capela para ajudar a espécie humana, refere os profetas e especialmente Jesus, governante do nosso sistema planetário, que terá incentivado as almas vindas de Capela a regenerarem-se e a poderem voltar para o seu planeta de origem. Isto terá acontecido com grande parte dos egípcios, os quais, segundo o autor, seriam de uma “casta” mais elevada e portanto, não tiveram que passar por muitas experiências para poderem voltar.
Resumindo e para não me alongar mais nesta crónica, o ser humano veio para a Terra como castigo divino (ou dos seres superiores), e tem reencarnado sucessivamente no seu longo caminho de reabilitação. As catástrofes naturais foram decretadas para castigo e destruição dos humanos que se afastaram do objectivo para que tinham vindo e caíram no vício, na depravação e na luxúria. Assim foi destruída a Lemúria, a Grande Atlântida e a Pequena Atlântida.
Transcrevo algumas passagens do livro que considero significativas:
“Com a chegada dos remanescentes da Atlântida, os povos Hiperbóreos ganharam forte impulso civilizador e, após várias transformações operadas no seu tipo fundamental biológico, por efeito do clima, dos costumes e dos cruzamentos com os tipos-base, já previamente selecionados pelos auxiliares do Cristo, conseguiram estabelecer os elementos etnográficos essenciais e definitivos do homem branco, de estatura elegante e magnífica, cabelos ruivos, olhos azuis, rosto de feições delicadas.”
“Como se vê, a Quinta Raça foi a última, no tempo, e a mais aperfeiçoada, que apareceu na Terra, como fruto natural de um longo processo evolutivo, superiormente orientado pelos Dirigentes Espirituais do planeta. Ao se estabelecerem no centro da Europa os Hiperbóreos, logo a seguir e antes que pudessem definitivamente se fixar, foram defrontados pelos negros que subiam da África, sob a chefia de conquistadores violentos e aguerridos, que abrigavam suas hordas sob o estandarte do Touro, símbolo da força bruta e da violência.”
“Assim, sobrepondo-se, mesmo, às sacerdotisas que exerciam completo predomínio religioso, Rama assumiu a direção efetiva do povo, levantou o estandarte do Cordeiro - símbolo da paz e da renúncia - e, no momento julgado oportuno, conduziu-o para os lados do Oriente, atravessando a Pérsia e invadindo a Índia, desalojando os rutas primitivos e aí estabelecendo, sob o nome de Árias, os homens da gloriosa Quinta Raça.”
“Esses mesmos homens que, tempos mais tarde, se espalharam dominadoramente em várias direções, mas, notadamente para o Ocidente, conquistando novamente a Europa até as bordas do Mediterrâneo, nessas regiões plantaram os fundamentos de uma civilização mais avançada que todas as precedentes e da qual somos todos os homens brancos, os atuais descendentes e herdeiros. Após essas impressionantes depurações, os remanescentes humanos agrupados, cruzados e selecionados aqui e ali, por vários processos, e em cujas veias já corria, dominadoramente, o sangue espiritual dos Exilados da Capela, passaram a formar quatro povos principais, a saber: os Árias, na Europa; os Hindus, na Ásia; os Egípcios, na África e os Israelitas, na Palestina.”
Deixo estas transcrições para que cada um interprete como entender. No resto, esta obra, como todas as obras espíritas, não pode ser confrontada como nenhumas provas documentais. Trata-se apenas de acreditar, ou não acreditar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Era dos Deuses - X - Os Exilados de Capela - 1ª Parte

Alguém um dia disse ou escreveu que o ser humano é o único ser que não está adaptado às condições de vida na Terra. De facto parece ser verdade, pois não existe outro ser que mais sofra com as condições climáticas e regionais. As adaptações que parecem existir são apenas aparentes. Daqui há quem conclua facilmente que o ser humano é um estrangeiro na Terra, que veio para cá de algures, de um outro planeta, de uma outra galáxia.
Os criacionistas dizem que não, que isso é pura imaginação, que o homem e a mulher foram criados pelo próprio Deus em pessoa, como diz a Bíblia, e, se tem dificuldades de adaptação é porque foi criado à parte do resto da criação, justamente para poder dominar toda a natureza criada.
Os evolucionistas acham que se trata de delírios e que o ser humano é apenas fruto da evolução ao longo de milhões de anos.
Julgo existir alguma verdade em todas estas posições.
A dificuldade de adaptação do ser humano aos diferentes climas e diferentes regiões do globo parece indicar que não é daqui, que veio de fora.
Se foi criado por Deus pessoalmente, a Bíblia original ou Tora hebraica, no seu livro “Bereshit/Génesis”, usa o termo “Elohim” para designar o Criador. Ora “Elohim” é plural de “Eloha” (Deus), o que literalmente quer dizer deuses ou divindades. Neste caso, a teoria desenvolvida por Zecharia Sitchin nas suas “Crónicas da Terra” e de acordo com a sua interpretação das tábuas de argila sumérias, está de acordo em absoluto – o homem teria sido criado pelos deuses através de manipulações genéticas, para os servir.
É verdade que o ser humano é o resultado da evolução ao longo de milhões de anos mas, resta saber qual a origem desse ser humano a partir da qual a evolução se processou. Ou seja, houve seres semelhantes ao actual ser humano que apareceram, talvez tenham conhecido algum desenvolvimento, mas desapareceram, para dar lugar a outros mais evoluídos. A falta de elos de ligação entre as várias espécies humanóides pode levar-nos a concluir que houve manipulações e que os saltos quânticos verificados entre uma espécie e outra não podem ser resultado da evolução. Em relação aos espécimes mais antigos, para que o ser humano atingisse o grau actual pela evolução natural, seriam precisos mais alguns milhões de anos.
Há quem afirme que o ser humano é presa de dois fortes sentimentos que o oprimem e que são fortemente explorados pelas religiões; o sentimento de culpa por algo que terá acontecido num passado remoto; a sensação de isolamento em face da imensidão do universo, a sensação estranha de se sentir órfão. A estes dois acrescentaria um terceiro: a saudade de um lugar em que era feliz, a vontade inconsciente de voltar para esse lugar.
Todos estes sentimentos têm sido objecto de exploração tanto a nível religioso, como também em termos de tradição e esoterismo. O homem é culpado de algo que alguém fez por ele num passado remoto ou, ele próprio o fez numa encarnação distante e por isso está condenado a viver neste “vale de lágrimas” tentando liquidar essa dívida e elevar-se para poder voltar à situação idílica anterior.
Apesar de todas as teorias desenvolvidas até hoje tentando explicar a origem do ser humano, o que é facto é que ninguém sabe ao certo qual é essa origem. Foi a pensar nisto que topei com um e-mail (pps) que me enviaram acerca dos “Exilados de Capela”.
Quando tomei conhecimento deste assunto, ou desta teoria, há uma boa porção de anos, não lhe prestei muita atenção e, praticamente a rejeitei. Porque não aceitava que alguém, ou um grupo, por muito evoluído que fosse, pudesse dispor da vida dos outros e decidir desterrá-los fosse lá para onde fosse, pela simples razão de não se encontrarem no mesmo patamar de evolução. Via também certos cambiantes nazis de exclusão de raças, o que não me agradou em absoluto.
Continuo a pensar da mesma forma mas, desta vez, resolvi investigar melhor o assunto. Porque nenhuma ideia deve ser descartada à priori e, por muito que desagrade, até pode ser verdade.
“Os Exilados de Capela” é um tema caro a algumas correntes espíritas. Trata-se de um livro escrito por Edgard Armond (1894-1982), brasileiro, militar, membro de uma loja maçónica que abandonou para aderir ao espiritismo. Conviveu com Xico Xavier no tempo em que este ainda era jovem. Escreveu várias obras espíritas, entre as quais a que ficou mais famosa foi esta sobre “Os Exilados de Capela”.
O tema é novo, não faz parte da tradição, pois não se conhece nenhuma menção do passado referindo que o ser humano fosse oriundo de um planeta distante e que tivesse vindo para a Terra expulso da sua pátria natal. Mais recentemente foi reconfirmado em escritos de Xico Xavier, recebidos de uma entidade chamada Emmanuel.
A obra procura explicar a origem do ser humano em colonizações feitas por seres expulsos de Capela, ou melhor, de uma “orbe” (planeta) do sistema planetário de Capela, uma vez que esta é uma estrela da constelação de Cocheiro, várias vezes maior que o nosso Sol. Essa “orbe” teria atingido um altíssimo grau de desenvolvimento e evolução pelo que, os seres superiores que constituíam grande parte da população decidiram exilar os menos evoluídos, os inadaptados da sociedade, os criminosos de vária natureza, os viciados, os ainda muito dependentes do estado físico e de coisas materiais, para um planeta distante, a nossa Terra.
Essa transferência teria sido feita em forma de espírito de modo a poderem reencarnar na Terra e aqui trabalhar para o desenvolvimento do planeta e para a sua própria evolução. Acontece porém que estes espíritos vinham de um planeta extremamente desenvolvido e encontraram a Terra ainda nos seus primórdios, em que o ser mais parecido com o homem não passava de um hominídeo que já caminhava sobre os dois pés. Era nesta espécie pré-humana que eles teriam que reencarnar – um castigo severo para quem não se tinha comportado muito bem no seu planeta de origem.
Como após a reencarnação a memória do passado e de outras encarnações desaparece, foram enviados para a Terra em diversos períodos, seres de uma casta superior, denominados mentores ou “veladores”, para ajudar as pobres criaturas reencarnadas em corpos grosseiros na sua caminhada sobre a Terra. Estes “veladores” teriam vindo provavelmente em naves e, como eram muito superiores a qualquer criatura terrestre, foram chamados de deuses.
O primeiro continente a ser colonizado por estes seres vindos do espaço teria sido a Lemúria.